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23.2.11

Vinte e três de fevereiro de dois mil e onze.


 Para ouvir : Boneca de Cera : Ira!


 Sabe, hoje é um daqueles dias. Daqueles dias planta sabe ? Que você não quer fazer nada e pode dormir 24 horas que o sono não te larga. É um daqueles dias que você descobre que pessoas não valem a pena.Que sentimentos não valem a pena.Que você vê tudo mudando , todas as pessoas andando e você ai , parada nesse lugar , com esse mesmo corte de cabelo, com o mesmo peso e as mesmas cicatrizes de quando caiu quando era menor.
É um daqueles dias que você olha pra pessoa do seu lado, e realmente se pergunta se ela está do seu lado. E se pergunta se você também está do lado dela , e porque,e porque ainda, e aonde isso vai parar , e o que você pode fazer pra isso mudar.E você vê que já fez tudo. E desiste.
É quando aquela música triste começa a fazer tanto sentido pra você, que dá vontade de tatuá-la no ombro esquerdo. É quando o cheiro do seu perfume te enjoa tanto que você tem vontade de joga-lo fora e fazer o mesmo com todas as roupas que tem um pouco do cheiro dele.E ai você tenta se distrair : nenhum filme é bom.Seus livros? Você já leu todos. È capaz de contar com detalhes a história de cada um.Suas músicas ? Não quer ouvir nenhuma. Seus esmaltes são chatos e sem graças , e você deseja nunca ter feito aquela tatuagem no braço que até 24 horas atrás você gostava tanto.
E ai começa a chover e tudo isso só piora. O dia cinza começa a te dar desespero.Você olha pra janela , e ninguém está conversando perto do seu prédio.E seu telefone não toca quando costumava tocar , e ai você desiste disso mais uma vez.
E agora chega, você quer fugir. Paris , Tóquio , Argentina , pro Rio Grande do Sul ou pra casa da tua vó no interior.E nem as lembranças boas de quando tu era pequena e ia pra casa da tua avó , e ela fazia aquele pudim forte e tua mãe te obrigada a tomar aquele remédio gostoso com gosto de laranja te fazem sorrir.
E no meio de tudo isso, você vê que já escureceu e já está tarde, e decide dormir. Deita a cabeça no travesseiro. E ai sua gata ronronenta deita do seu lado e esse é o primeiro e único sorriso do dia.E fecha o olho torcendo para amanhã não ser um dia como esse , embora não tenha tanta certeza que alguns conceitos adquiridos hoje vão mudar amanha.

22.2.11

Renato Russo: Alguém aí,


 Para ouvir:Quando você voltar - Legião Urbana

já sofreu por amor ?
Público grita.
Renato Russo: Isso tudo já se apaixonou de verdade ?
Púbico grita.
Renato Russo : Eu sempre faço essa pergunta porque não acredito nisso.Eu cheguei a concusão de que se o amor é verdadeiro ,não existe sofrimento.

8.2.11

Mais , muito mais.



Para ouvir : Só Agora - Pitty


O cigarro dele brilhava sob a luz negra. E meu deus , como esse filho da puta está lindo hoje.Está mais lindo do que nunca.
- Ali seu affair eterno. Vai atacar Clara ?
- E porque não iria? - disse me virando pra Gabi e virando uma dose de tequila - SAÚDE! - gritei e todas me acompanharam - me desejem sorte.
- Você não precisa - disse a Ellen se desgrudando por um segundo da boca do garçom que ela sempre pegava quando passava por nossa mesa - estrala os dedos e ele está nos seus pés.
- E vice-versa - eu disse piscando pra ela - vou lá porque esse filho da mãe tá lindo demais hoje.
Ali estava lotado (pra variar). Não gostava de lugar lotado.Não gosto dessa maldita luz piscando e deixa os movimentos todos cortados.Não gosta dessa fumaça com cheiro de nada que parece que deixa tudo mais quente.Não gosto das músicas que tocam nesse lugar ( se bem que as músicas que eu gosto nunca tocam em lugar nenhum que não seja na minha casa).Mas gosto dele.E do cabelo bagunçado dele.E da camisa xadrez surrada dele.
- Olha quem temos por aqui – disse chegando por trás e sussurrando no ouvido dele – quem é vivo sempre aparece.
- Olha – me deu um beijo no canto da boa – digo o mesmo pra você. Onde você estava guria? Paris, Roma?
- Argentina dessa vez – disse pegando seu cigarro e dando um trago devagar – ops, sujei de batom – sorri – fui tirar fotos de um casamento lá.
- Entendi – ele tragou – que chatice.
- Tinha me esquecido que a palavra ‘CASAMENTO’ não faz parte do seu DNA.
- Não faz.
- Agora tem batom meu na sua boca – disse me recostando nele.
- E pela primeira vez não foi divertido chegarmos a esse resultado.
Eu ri. Estava com saudades desse babaca.Mas como estava lindo Deus do céu.
- E ai, a formalidade acabou? – disse ele com aquele sorriso que eu tanto gostava - você está bem, eu estou bem... No seu apartamento ou no meu?
- Eu ainda não bebi o suficiente seu lindo – eu sorri e sai de perto – daqui a algumas horas decidimos.
A noite foi leve. Embora eu não goste do lugar (já citei isso não é mesmo ?) a companhia era boa.As meninas me faziam esquecer o porque eu realmente estava lá.Quando  uma música menos pior tocava , eu começava ela na pista de dança.E terminava em algum canto do lugar com ele.
E era assim desde... Desde que terminei meu noivado. ”Nada melhor do que esquecer um amor com o outro” , já dizia minha mãe.Mas ele não era amor.Bom , não no começo pelo menos.Era só sexo.E me fez bem , bem mesmo.Pelo menos economizei fortunas com terapia e tudo isso.
Até o dia que essa merda começou a virar amor. Eu percebi quando depois de acabarmos uma garota ligou pra ele.O ciúme me deixou verde.Menti dizendo que tinha que comprar ração pro gato e fui embora.
- To indo embora guria – ele me deu um beijo no pescoço – vou pedir um táxi.
Saiu e nem esperou a resposta. Mas eu não ligava.Afinal , eu tinha vindo aqui por ele mesmo.
O jogo era simples: fingir que eu não estava nem ai pra ele. Bem , não era tão simples assim ,mas no final das contas eu me virava.
Me despedi das meninas e fui pro táxi com ele. Conversa genérica até chegar em casa.E lá que tudo começa.
O final de noite e o começo do dia foram ‘normais’. Bem , para nós era normal.No final de tudo , adormeci exausta.Acordei antes dele acordar.E , em um ato apaixonado e totalmente imbecil , fiquei olhando ele dormir.
E foi ai que percebi: eu o queria. E de todos os jeitos e todos os sentidos possíveis.Fotografei milhares de casamentos , e agora eu quero ser a noiva.Com ele.Ele pode até casar com essa camisa xadrez.Ou sem ela.Mas eu queria acordar com ele todos os dias , até o fim do mundo.
 - Para de me olhar dormindo, e o que tem até o fim do mundo?
Droga pensei alto de novo.
- Ahn, acabei de acordar – bocejo forçado – estava vendo se você está acordado pra eu levantar e ir embora.
- Não vai Clara – ele me abraçou ainda sonolento- estava com saudades de você. E o que tem até o fim do mundo guria ?
- Ahn – pensa rápido – eu estava pensando que se pudesse ficaria aqui na cama até o fim do mundo.
- Não... O mundo vai acabar em 2012. É pouco tempo,Fica pra sempre.
Senti que ele deu um pulo. Se soltou de mim , levantou com a mão na cabeça e riu.
- Posso ser engraçado quando quero não é mesmo? – deitou de novo e me abraçou - mas, sério, hoje é sábado. Você não deve ter nada pra fazer hoje.Fica mais.A gente toma um café , depois volta pra cama – beijou minha nuca – fica vai.
Não pude recusar. Eu quero mais , muito mais, mas eu o conheço.Por enquanto me contento com esse abraço na cama.Amanha , é outro dia.E amanha , eu consigo mais.