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28.4.12

Te vi

Te vi, te vi, te vi... yo no buscaba nadie y te vi.

Para ouvir: Un Vestido Y Un Amor - Fito Paez

Hoje eu te vi.Depois de mais de um ano sem nem saber de você, eu te vi.A algum tempo a saudade de você tem me rondado, e ontem voltando pra casa depois do trabalho me aconcheguei no banco do onibus e pedi com os olhos apertados pra quem quer que exista lá em cima : Que eu o veja.
E hoje acordei com plena certeza que te veria.Acordei com a sensação que te veria depois de sair do trabalho e ficaria com você o resto do final de semana, mas que seria normal, como era nos velhos tempos.E estava com tanta certeza que te veria, que até me peguei sorrindo.Aquele sorriso, o teu sorriso sabe?
Pois bem, te vi.Você e sua princesa, dentro do carro.
Quantas vezes a gente não sonhou com o dia que você pegaria o carro, e que iriamos sair no final de semana sem hora pra voltar e sem lugar pra ir? Eu te vi hoje, dentro daquele carro, talvez fazendo a mesma coisa, mas com outra.
Você não me viu.Mas eu te vi.E surtei.É verdade, eu surtei mesmo, pergunte para quem estava do meu lado.Você passou em 3 segundos, e meu cérebro demorou 2 milésimos pra ver que era você.10 segundos de choque.1 minuto de choro.E você nem me viu.
Sabe, essa noite eu tive um sonho horrível, que acordei e liguei a luz do meu quarto e por pouco, muito pouco, eu não fui chamar minha mãe.E ai me deu uma saudade de você... saudades do tempo que quando eu tinha um pesadelo, só virava pro lado e te abraçava, suas costas tão quentes embaixo do meu edredom.E eu respirava fundo e sentia teu cheiro.E sentia teu cheiro, e teu calor,e tudo estava bem.Nada poderia me fazer mal ali no melhor lugar do mundo.
E enquanto eu não conseguia dormir e estava com tanta saudade,você provavelmente estava na cama de algum motel barato com sua princesa.Porque é assim que as coisas são, enquanto eu estou bebendo pra te esquecer, você está sorrindo em um jantar de família.Enquanto eu beijo bocas frias e sem gosto querendo achar alguma coisa que me lembre a tua, você está beijando a boca dela que pra você deve ser perfeita.
E agora a saudade tá aqui, bem agarrada em mim como uma camisa de força, rindo da minha cara por eu não ter conseguido ficar muito tempo longe dela.Alias, a menina da minha frente está lendo Markus Zusak e eu só consigo lembrar de você.
Mais de um ano sem te ver.
E ai eu lembrei, quando te vi no mercado perto da minha casa na nossa época de escola, que a reação foi a mesma... o choque, o choro.E isso faz 6 anos.6 anos e a reação é a mesma.
E desde então, eu quero saber se você pensa em mim.Não o tanto que eu penso em você porque isso não é normal, mas sei lá, as vezes, quando vê algo que eu gosto ou ouve uma música que a gente ouvia quando tava junto... você não pensa?  Nem um pouco?
Enfim, te vi.E queria te ver de novo.Todos os dias.Mas relaxa, uma hora isso passa.Pelo menos é o que dizem.

19.4.12

1° dia

Para ouvir: Michelle - The Beatles

Entrou em casa , mas não sem antes dar um grande suspiro.O barulho da chave na porta parecia que doía como lamina.Ela não o encontraria lá.Não mais.
Quando colocou o pé pra dentro do apartamento, percebeu que tudo seria bem pior do que havia pensado: ninguém estava deitado no sofá, ou na cozinha fazendo algum experimento que raramente saia comestível, ou na varanda fumando.Só o cheiro.O cheiro estava lá, firme e forte.Tão forte que ela podia jurar que ele a empurraria qualquer dia da janela do 16° andar.
As roupas não estavam mais no guarda roupa.Agora no lugar delas, havia o gato (sua única companhia de agora em diante) olhando perplexo para sua cara, meio que se perguntando o porque do vazio da casa, meio que se perguntando o porque das lágrimas dela.
Foi até a cozinha, trocou a ração do Fito - o gato - abriu a geladeira e encheu um copo com água.Tomou devagar na varanda, tragando com calma e olhando o nada.O primeiro dia sempre é o pior - ela pensou tentando se acalmar- depois melhora.
Deixou o copo na pia.Resolveu entrar no banho.E estava indo muito bem até que, ao sair do banho, percebeu que a toalha dele ainda estava ali.Saiu do chuveiro e encheu a banheira.
Ficou ali pelo que lhe pareceram horas.Chorando, pensando em ligar,pensando em se matar, pensando em sair da água, se maquiar e sair com uma de suas amigas, pensando em se matar, pensando em colocar o apartamento a venda,pensando em largar o emprego (já que nunca gostara dele de fato) pensando em se matar, pensando que seu maço de cigarros estava acabando, tomando coragem pra sair da banheira, pensando em se matar,pensando em começar um curso, pensando em se matar, pensando em ligar.
Quando percebeu que a luz que vinha da janela do banheiro já era proveniente das luzes dos postes da rua, juntou toda a sua força e saiu da banheira.Se enxugou devagar, sentada na cama, se sentindo o Atlas (com todo peso dos céus nos ombros).Penteou o cabelo, fumou o ultimo cigarro do maço (o 2° só hoje), deitou no sofá e ligou a televisão mesmo sem prestar atenção em nada.A única coisa que a fazia ter certeza de que estava viva era o ronronado do Fito no seu colo.Ele estava feliz só de estar com ela,o que era uma tremenda ironia comparado ao estado que ela estava.
Por mais de uma vez pegou o telefone pra ligar.Por mais de uma vez, foi até a janela cogitando se realmente morreria se caísse de lá de cima.Por mais de uma vez, passou por todos os canais.
O que restava naquela noite era a saudade, disso ela tinha certeza.A saudade, a dúvida se tinha tomado a decisão correta, a vontade de ligar.Mas era o primeiro dia, e o primeiro dia é sempre o pior.Mesmo em seus relacionamentos de adolescência, ela sempre ficou na merda nos primeiros dias.Agora, depois de alguns anos juntos, tendo dividido um apartamento e tendo um casamento marcado pra dali a alguns meses,porque ela ficaria melhor?
Uma hora ia passar,ela sabia disso.Talvez demorasse mais do que os outros,mas passaria.Se não passasse também, ela se acostumaria.Foi para cama e pegou o celular.Rascunhou um 'volta pra mim" , um "eu te amo", um "volta agora pelo amor de Deus", mas desistiu de manda-las.Talvez fosse melhor assim.Fechou os olhos e caiu no sono, enquanto seu celular vibrava com uma mensagem de "volta pra mim", que vinha do outro lado da cidade, do apartamento de um amigo onde ele estava hospedado.

9.4.12

Endless Love.

Para ouvir:You Are My Sunshine-Johnny Cash

Deitou na cama com o cabelo molhado e o livro recém comprado.Eu fingi que não percebi, pois estava no final do livro que lia a um certo tempo, mas o reparei em cada movimento, sem entender o porque meu coração pulava daquela maneira quando o via.E eu o via sempre, nos finais de semana, as vezes em uma transa rápida (mas calma) na hora seu almoço de trabalho, em feriados e tudo mais.Meu Deus, como eu o queria por perto e o queira bem e o queria pra mim.Mesmo ele sendo meu, eu o queria mais, o queria tatuado, dentro, apertado, me beijando e sendo dele, e que isso nunca terminasse.Sorri sozinha do arrepio que deu lembrando do beijo que ele me dá na nuca as vezes.Meio do canto de olho, observei ele pegando os óculos e abrindo o livro.Por que tão lindo meu Deus?
Era um amor que doía.Não do jeito ruim, não era um relacionamento complicado - devido ao seu jeito calmo de sempre calar meus xiliques com beijos e falar ' você tá certa pequena" mesmo quando eu não estava, só pra acabar a briga ali e depois conversarmos com mais calma outra hora -e não era uma namoro a distância, já que só quinze minutos de caminhada em um caminho bonito separavam nossos apartamentos.Mas doía de tão forte que era, de tão lindo que era, de tão perfeito que aquilo era e de tão nosso que era.Eu tinha vontade de chorar de alegria quando abria os olhos de madrugada e o via dormindo, tão lindo, tão meu.As vezes chorava mesmo.As vezes ia até a cozinha, meio que pra pegar um copo de água  meio que pra ler o "do nosso amor a gente é quem sabe pequena" que ele escreveu com caneta que se escreve em cd na minha geladeira, que era pra não sair nunca mais, segundo ele.E ai eu tomava água e voltava pra cama e pulava nele, pedindo pra ele ficar comigo pra sempre, e pra não esquecer que eu o amava demais.E ele mesmo sonolento e mal humorado, me beijava do jeito mais doce possível e dizia que ficaria comigo até quando eu quisesse,mas que naquele momento ele precisava descansar pra poder me amar no outro dia de manha do jeito que eu gostava.E eu ficava lá, olhando um pouco pras tatuagens até pegar no sono.Tatuagens essas que eu olho agora, meio de canto de olho fingindo ler.E olho para aquela perto do pulso, que eu tenho igual no mesmo lugar e tenho vontade de largar meu livro e beija lo até o outro dia de manhã.O livro já não faz sentido, mas eu estava acostumada.Quando ele estava por perto, nada fazia sentido.
- Vamos dormir pequena?
- Eu te amo.
- Vamos dormir daqui a pouco então.
Ele me beijou daquele jeito gostoso na nuca, e eu senti aquele cheiro gostoso de shampoo no cabelo recém lavado.Depois de tanto tempo, o toque dele ainda dava choque - parecia que tudo no meu corpo era de um pólo inverso ao do corpo dele, que assim que se encontram, não largam tão cedo.E mais uma vez, (talvez a 248° do dia) eu agradeci a Deus, ao Cosmo, ao Universo, a Zeus e a todas as entidades cósmicas que existem por terem me dado esse presente tão grande, que é poder te lo pra mim e ser dele.E de como eu queria que fosse pra sempre.



ps : completei 19 anos de vida no sábado, dia 7.Obrigada por você estarem fazendo os meus 17 anos de vida durarem tanto tempo ♥♥♥