Para ouvir: Nossa canção - Onze:20
-Já vai sair de novo?
Ele disse enquanto ela passava em direção ao banheiro com a mala de maquiagem.
- Vou - ele a ouviu dizer com o eco que o banheiro do apartamento fazia - não aguento mais brigar com você.
Ele se levantou do sofá e encostou na porta do banheiro, observando ela se maquiar.
- Então fica e vamos tentar resolver isso.
- Estamos tentando resolver isso a seis meses.Não aguento mais brigar.
Ele ficou atrás dela.Ela fingia não ve-lo.Estava tão exausta das mesmas brigas, dos mesmos ataques de ciume, as mesmas coisas.Passou o rímel meticulosamente, espiando e vê que ele observa o movimento quieto.O que será que ele está pensando? Ela queria tanto acabar com essa fase horrível, tirar essa maquiagem e deitar na cama como ele, feliz, como era no começo.Mas não era mais assim.Não era mais fácil.Não era mais feliz.
- Você vai pra onde? - ele pergunta olhando fixamente a imagem dela no espelho.
- Não sei.Espairecer... esquecer, viver.Qualquer coisa que termine com er e me tire desse inferno de casa.
- Você deveria ficar em casa.Hoje é sábado, você tem que ficar em casa com seu namorado.É sua obrigação.
Ela pensou em responder, mas não achava nada digno para responder essa afirmação idiota.Pegou o potinho de sombra em pó e derruba mais da metade no lavatório.
-Ai merda!
- É bom você limpar isso.
- Se você tivesse parado de falar um minuto eu não teria que limpar nada.
- Se você não tivesse inventado de sair você não teria que limpar nada.
- Se você tivesse parado de falar um minuto eu não precisaria sair.
Ele ficou quieto.Ela ficou quieta.Apenas terminava a maquiagem.
- Essa sombra é horrível.
-Não me importa o que você acha ou deixa de achar.
- Eu vou falar pela ultima vez.Olha pra mim - ela relutou - Olha pra mim porra!
Ela levantou o olhar e olhou para ele pelo espelho.
- Eu amo você.Mas se você sair por aquela porta hoje, você não precisa voltar mais.
As palavras doeram.Ela passou o curvex.Passou batom.Calada.Virou-se e ficou a alguns centímetros do rosto dele.Ela o amava.Mas não dava mais.A situação tinha ficado impossível.Se desviou dele e foi até o quarto.Dentro daquela caixa de cupcake, no fundo do guarda roupa, estava a chave do seu antigo apartamento.Sua amiga não ligaria se ela aparecesse lá de surpresa.O quarto dela não havia sido alugado ainda, de qualquer maneira.
Pegou a bolsa, colocou a chave dentro.Antes de sair, uma ultima olhada no espelho.Sabia que era a ultima vez que via aquele quarto.Sabia que sofreria.Mas sabia que aquilo era necessário.Passou por ele no sofá.Respirou fundo.
- Você tem certeza que é isso que você quer? - ele disse sem tirar o olho da partida de video game.
Ela não tinha.Nunca teria.
- Tchau Eduardo.
- Se você for, será um adeus.
- Adeus, então.
Fechou a porta atrás dela.Sentiu as lágrimas prontas para rolarem : não as deixou cair.Não iria estragar a maquiagem significou tanta coisa.Pegou o táxi.E deu adeus a fachada do prédio, sabendo que isso era o mais certo a se fazer.
17.3.13
10.3.13
Minha paz.
"Eu tento te esquecer mais tudo que eu escrevo é sobre você."
Para ouvir: Minha paz - Glória
Tenho andado tão ocupada que não me sobra tempo para nada.Estou vivendo no automático:acordo e vou para rua, chego e durmo.Acordo e vou para a rua, chego da rua e durmo.Assim, todos os dias, sem tempo para sentir nada que não seja cansaço ou dor no pé.O pequeno intervalo de tempo que eu tenho para sentir (o trem,de um lugar para o outro), sinto a música.Ela sempre me dá força para continuar vivendo essa loucura toda.O lado ruim disso é que eu não tenho tempo nenhum pra mim, não cuido mais do cabelo e minha unha nunca foi tão mal feita.O lado bom disso é que é uma ótima desculpa a se dar quando alguém pergunta de namorado."Não tenho tempo nem pra mim" eu respondo, quando na verdade esse namorado não existe porque eu não tenho paciência com ninguém que não seja você.Porém, no meio dessa loucura toda, no meio dessa falta de sentimentos e excesso de vida real, sempre tem tempo para pensar em você e sentir sua falta.É o único sentimento que consegue me acompanhar no dia a dia conturbado que eu vou ter pelos próximos 4 anos.A saudade que eu sinto de você é meu calcanhar de Aquiles: é o ponto que eu pensei enquanto mergulhava no rio Estige.Ele me trás sempre de volta a realidade e é meu ponto fraco, mas agora eu sou invencível.Quase.Você é e sempre foi meu calcanhar de Aquiles.Você é minha kriptonita.
Nunca vou saber lidar direito com a sua ausência.Nunca vou deitar na cama e não sentir tua falta, nunca vou pegar o ônibus sem imaginar se você não está dentro.
E ao mesmo tempo que a saudade de você em agonia, é nela que eu me encontro.É com ela que eu posso contar depois de um dia difícil, é ela que me faz lembrar que eu estou viva e ainda capaz de sentir alguma coisa.
A saudade conforta e conforta porque me trás você, de um jeito ou de outro.Porque, de um jeito ou de outro, você é a minha paz.
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