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4.6.13

Bolha




(I'm screaming "I love you so"
But my thoughts you can't decode)

Para ouvir:Decode - Paramore
A vida dela ia bem: sem tempo, sem vontade, sem nada demais, mas bem.Ela gostava assim, de não ter tempo para sentir nada que não fosse preocupação com algo relacionado ao trabalho ou ao ultimo ano de faculdade.Tudo ia bem: dentro daquela bolha de vida e solidão, ela se achou.A solidão, que ela temia tanto quando era mais nova,era seu bálsamo e fazia tudo ficar mais fácil.E ela vivia muito bem assim, sozinha, correndo,em paz com ela mesma.
Até que, depois de um dia cansativo de trabalho e chegando na faculdade já tendo a sensação que poderia cair de sono a qualquer momento, ela notou uma pessoa nova na sala.Achou estranho, afinal, que entraria no meio do primeiro semestre em uma sala de 4° ano?
Talvez fosse alguém fazendo DP ou alguém que foi só para assistir a aula.Pelas risadinhas, percebeu que não só ela tinha notado a recente soma de um rosto lindo e barbado naquela sala de mauricinhos engravatados (todos iguais, com carros do ano que papai os deu por ter passado de ano,sempre com os mesmo papos e músicas idiotas), e o assunto girava em torno dele.Tanto, que ela ficou constrangida.Foi sentar mais a frente, para não ouvir as risadinhas das meninas da sala (todas iguais, com carros do ano que papai as deu por ter passado de ano, sempre com os mesmos papos e músicas idiotas).
Ele estava sentado do lado esquerdo da sala e na segunda fileira, o que a deu uma boa visão dele.Ele de fato era lindo : cabelos bem pretos e barba por fazer, ostentava braços totalmente tatuados e estava com uma camisa dos Beatles.Ela ficou se perguntando como ele conseguia ser tão bonito.
Quando o professor da primeira aula entrou, o aluno novo foi falar com ele.Ela quase foi fingir perguntar algo ao professor, só para ouvir o que eles estavam falando, mas não foi preciso: olhando para sala, o professor anunciou que teríamos um aluno novo que ficaria conosco até o fim do curso.O aluno novo ficou vermelho, e a garganta dela ficou seca. Ela teve vontade de sair dali e ir pra casa e dormir, para não ter perigo dessa bolha que ela morava dentro a tanto tempo estourar.Mas ai ele olhou para ela e ela percebeu que era tarde demais.Ela sentiu a bolha estourando, o ar impuro do mundo de fora entrar nos seus pulmões e isso ardeu.O coração dela estava acelerado, e a quanto tempo ela não sentia isso? Ele sorriu para ela e foi instintivo: todo aquele período dela não sentido nada por ninguém ficou para trás.

Um comentário:

Unknown disse...

sempre perfeitos né ? cada vez mais e mais !