Páginas

18.4.11

Talvez.

Para ouvir : Cura - Doyoulike?


Talvez um dia alguém consiga explicar o que se passa entre nós.E o porquê eu ouço sininhos e nos vejo juntos a vida toda sempre que fecho os olhos pra te beijar.O tempo talvez explique o porquê de eu não conseguir expressar meus sentimentos por você.E o porquê de não achar um despedida melhor do que um “até sábado” ou “s2”.
Talvez um dia conseguiremos entender o porquê tudo aconteceu tão rápido e por que nós temos tanta coisa em comum.E talvez eu entenda o porquê eu abri uma exceção pra você mas não consiga me ver em nenhum relacionamento,nem com você.E olha que é você hein.
Talvez , mas só talvez , eu entenda o porquê eu fico toda boba quando vejo você fumar um cigarro e soltar a fumaça antes de sorrir.E talvez entenda por que eu sinto tanta inveja dos botões daquela sua camisa xadrez que eu tanto gosto.E por que eu ache a sua barba por fazer tão linda , quando nunca achei bonita pra homem nenhum.
Talvez eu entenda o porquê o perfume que eu sempre odiei, agora em você tem o cheiro mais gostoso do mundo.Segundo aquele escritor gaúcho que eu tanto gosto , isso é amor.Segundo minha cabeça ,é só uma atração imensa devido a você ser a personificação de tudo que eu gosto.Meu coração preferiu o direito de ficar calado e não entrou no debate.Embora dê alguns pulinhos quando você chega e me beija a testa, meio querendo mudar de idéia , mas tímido devido a tudo que já sofreu. “Não  - ele diz emburrado pra si mesmo – de novo não.”.Talvez um dia ele me explique alguma coisa também.
Talvez um dia tudo isso faça sentido.Talvez não.E talvez eu entenda o porquê eu desista de descobrir tudo isso quando olho seus olhos.Mas só talvez.Enquanto isso , até sábado.s2.

13.4.11

Pequenos e grandes gestos.


Para ouvir :Amor meu grande amor - Barão Vermelho

Acordei com uma rosa vermelha do lado do travesseiro. Fechei o olho com força pra tentar lembrar tudo o que tinha acontecido.A cabeça latejava um pouco, e do lado da cama havia uma garrafa de vinho pela metade.
As coisas começaram a fazer um pouco de sentido quando olhei ao redor. Droga , eu estava nesse maldito quarto azul DE NOVO.
Levantei com pressa e visualizei minha blusa do outro lado do quarto. Corri até ela e a vesti junto com a calça como se fossem uma peça só.
Saindo do quarto, ouvi o rádio tocando na cozinha. A casa tinha um cheiro de perfume recém passado e cigarro recém fumado.E um bilhete na geladeira escrito em caligrafia torta ‘ não quis te acordar.por favor , não vá embora.volto rápido’.
“Aham, vou esperar sim” pensei comigo enquanto colocava o tênis e ia em direção à porta. Antes de colocar a mão na maçaneta ela se abriu e ele apareceu com aquele xadrez surrado, um cigarro já no fim e uma sacola na mão.
- Eu sabia que você iria embora – entrou e trancou a porta – por isso vim o mais rápido que pude. E a chave fica comigo até segunda ordem.
-Me deixa ir embora Rodrigo...
- Não deixo –me pegou pela mão e me guiou até uma das cadeiras com o estofado vermelho já gasto pelo tempo- fui comprar nosso café. E trouxe seu cigarro.
- Deixa eu te ajudar então...
- Senta guria. Você é visita aqui.
- Como se fosse né – sorri e percebi que ali perdera a batalha.
- Pelo menos na hora do café é – ele riu e aumentou o volume do rádio.
Enquanto algum cantor um pouco bêbado cantarolava em um a melodia de Blues envolvente, ele fez café e colocou a mesa.
- Eu sei que você gosta do meu café.
- Muito - sussurrei pra mim mesmo – vou fumar.
Saindo pela cozinha e parando na varanda, apertei os olhos por culpa da claridade. Pendi o cabelo com o nada e senti o sol queimando minha nuca. Abri o maço recém comprado e quando ia voltar para pedir um isqueiro , um fósforo ou duas pedras , ele me abraçou.
- Esqueceu seu isqueiro, para variar um pouco.
- Obrigada.
Ele se sentou na cadeira de balanço e me deu uma caneca.
- Seu café guria.
E olhando aqueles olhos pequenos, senti os meus brilhando. Sentei no colo dele e deixei seu perfume tomar conta do meu cérebro.
- Sabe, eu poderia passar o resto da vida sentindo esse seu perfume enjoativo – eu disse finalmente, Era demais tentar lutar contra ele.
- Então fique. Sabe – ele disse colocando o polegar em cima da minha boca , com um ‘fique quieta que agora quem vai falar sou eu’ carinhoso – eu cansei de tentar entender seus motivos pra gente não ficar junto.Sua faculdade acabou.Essa casa é minha de papel passado e você que escolheu praticamente tudo aqui.Você é a guria mais incrível do mundo , e olhando esse cabelo vermelho eu vejo que sem ele , tudo é preto e branco pra mim.Não existe nem música sem você.Meu rádio fica empoeirado e quieto , resmungando com os discos.Meu violão fica tristonho sem a sua gargalhada pra acompanhar a melodia de alguma música brega que eu toco pra te encher o saco.Meu café não tem gosto e o sol não brilha aqui dentro – e me olhando com os olhos brilhantes excitados como se tivesse tido a idéia mais brilhante do mundo – traz suas coisas e vem morar comigo.Alias  - me abraçou e sussurrou no meu ouvido – porque não nos casamos ?

7.4.11

Tarde Demais *

* Como presente do meu aniversário de 18 anos de vida , me dou a repostagem do meu conto favorito  (:

Para ouvir:11 y 6 - Fito Paez

“Todos passageiros do vôo 159 com destino a Lisboa, embarque no portão cinco”
Eu não sei se é a coisa certa a fazer. Fugir dos problemas , ir para um país que eu não conheço , que eu não conheço ninguém.
Mas seria uma vida nova. Deixar pra trás brigas com a família, e faculdade que eu tanto odiava, e o serviço que me dava gastrite. Sim, minha vida era um inferno.
Deixar pra trás a pessoa que eu tanto amava. A pessoa que me fez sofrer tanto nesses últimos anos com promessas e juras (falsas) de um amor profundo e tosco.
Me arrependo de ter o conhecido. Estava em um bar com amigos , matamos aula na sexta feira.A melhor coisa da faculdade é isso: Sempre achar um motivo para não ir pra aula na sexta.
Ele entrou no bar com a cabeça baixa e um cigarro na mão. O braço era cheio de tatuagens, e o cabelo bagunçado. Se sentou em uma mesa no canto , olhando para o nada , tragando com calma. Parecia perturbado. O celular dele tocou duas vezes em cinco minutos. Com o barulho que estava não conseguia entender o que ele dizia , mas conseguia ler seus lábios :‘ não precisa , estou bem aqui’.
Eu não conseguia parar de olhar pra ele, e por algum motivo, era recíproco.
 - Ana, vamos embora?
Eu não queria ir embora. E ele não parava de olhar.
-Podem ir pessoal. Eu vou dar um tempo aqui.
- Ok. Divirta-se.
Eu não sabia muito bem porque tinha ficado. A cerveja gelada talvez. Ou a música tocando. Eu não sabia. O fato é que eu queria ficar ali olhando aquele homem parado olhando para mim.
Um tempo depois, percebi que ele não viria até mim. Talvez estivesse esperando alguém , ou queria fumar em paz.Resolvi pagar a conta e ir fumar lá fora.
- Olá.
Uma voz linda, com um sotaque perfeito. Me virei e dei de cara com o ser que estava me olhando a tanto tempo.
- Olá pessoa - não sabia o que dizer. Estranho.
- Tem outro desse ai? – disse balançando cabeça para meu cigarro – os meus acabaram.
- Claro – peguei um do maço e entreguei – Mas você não deveria fumar. Faz mal a saúde – ri forçado.
- Foda –se - um sorriso torto.
Pronto. A noite toda com cigarros , cerveja , conversa e música. Acabamos no seu apartamento, achando a vida toda muito doida.
Se pudesse voltar no tempo... Teria ido embora com meus amigos. Não seria difícil , seria ? Eu apenas iria pra casa, Teria dormido, e seria muito mais fácil.
Não ia precisar tomar essa decisão agora.
Minha bolsa de mão treme. Ai meu Deus , meu celular não.A Beatriz deve ter contado pra ele que eu ia embora. Ela faria tudo pra eu ficar no Brasil.
Mensagem: Não vá embora. Fique, vamos conversar, vamos viver juntos.Só nós dois dessa vez.É sério.
Por que eu acreditaria? Já ouvi essa história milhões de vezes.
 “Todos passageiros do vôo 159 com destino a Lisboa, embarque imediato no portão cinco.Ultima chamada”
Eu vou. Levantei com as pernas bambas , peguei minha mala e subi na escada rolante. Entreguei a passagem para a moça, e antes de dar o passo para minha vida nova, uma olhada para me despedir de tudo.Afinal , não era definitivo.Eu poderia voltar quando me sentisse melhor, não é mesmo ? Quando tivesse esquecido o cheiro dele , ou talvez , quando ele tivesse morrido.Uma morte lenta e dolorosa.
Chocada, o vi olhando para mim de lá de baixo. Com a blusa verde de moletom que eu adorava, com o cabelo bagunçado que eu tanto amava. Tinha uma lágrima escorrendo no rosto que tinha abarba por fazer.
Acenei um adeus tímido, e me segurei para não descer correndo para os braços dele. Ele me olhou e sussurrou ‘ não vai’ e sabia que eu entenderia, pois sabe que me aperfeiçoei bastante na arte de ler lábios.
‘ Não vai Ana. Eu te amo’ uma lágrima rolou e outras nasciam naqueles olhos castanhos pequenos. 
‘Tarde demais tigrão. Adeus’ . Me virei e fui embora, para minha nova vida. Pensando que, pela primeira vez em quase três anos, senti verdade nessas três palavras que eu ouvira tão pouco.

5.4.11

Ânsia.


Para ouvir: Me and Mr.Jones - Amy Winehouse

Boca seca.Coração palpitante.É isso que você me causa.
Causa a vontade de morar sozinha só pra te enfiar no meu quarto e te jogar na cama sem me preocupar com mais nada.E sermos só nós dois, minha unha preta , suas costas brancas, meus jeans,suas tatuagens,meu cheiro de perfume e seu hálito de cigarro.
De ficar na cama com você em dias e noites intermináveis com ritmo de blues e marcas de arranhões.
Vontade de colocarmos um filme pra assistir e não assistirmos nem o primeiro minuto, voltarmos só nos últimos segundos, sem entender nada , mas sempre comentar como piada interna que foi o melhor filme que já vimos na vida.
Vontade de deitar com você tomando vinho e ouvindo  Amy Winehouse até percebemos lá pela 15° repetição do CD que já era hora de dormir.
Vontade de ir a um parque e ficar no seu colo lendo algum livro enquanto você ouve suas músicas passando os dedos pelo meu cabelo.E passar horas assim , sem se preocupar se vai chover, ou com o calor, ou com as formigas nas nossas pernas.
Vontade de acordar todos os dias vendo seu cabelo bagunçado e o seu sorriso torto de ‘bom dia’, e de te acompanhar com o olhar enquanto você vai fumar na varanda.
De deitar na rede enquanto você toca violão pra mim e eu canto pra você , com minha voz desafinada que você insiste que é a voz mais linda do mundo.
Vontade de ter você só pra mim , no frio e na chuva , e no calor grudento e chato.De ter você pra mim e só.