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13.4.11

Pequenos e grandes gestos.


Para ouvir :Amor meu grande amor - Barão Vermelho

Acordei com uma rosa vermelha do lado do travesseiro. Fechei o olho com força pra tentar lembrar tudo o que tinha acontecido.A cabeça latejava um pouco, e do lado da cama havia uma garrafa de vinho pela metade.
As coisas começaram a fazer um pouco de sentido quando olhei ao redor. Droga , eu estava nesse maldito quarto azul DE NOVO.
Levantei com pressa e visualizei minha blusa do outro lado do quarto. Corri até ela e a vesti junto com a calça como se fossem uma peça só.
Saindo do quarto, ouvi o rádio tocando na cozinha. A casa tinha um cheiro de perfume recém passado e cigarro recém fumado.E um bilhete na geladeira escrito em caligrafia torta ‘ não quis te acordar.por favor , não vá embora.volto rápido’.
“Aham, vou esperar sim” pensei comigo enquanto colocava o tênis e ia em direção à porta. Antes de colocar a mão na maçaneta ela se abriu e ele apareceu com aquele xadrez surrado, um cigarro já no fim e uma sacola na mão.
- Eu sabia que você iria embora – entrou e trancou a porta – por isso vim o mais rápido que pude. E a chave fica comigo até segunda ordem.
-Me deixa ir embora Rodrigo...
- Não deixo –me pegou pela mão e me guiou até uma das cadeiras com o estofado vermelho já gasto pelo tempo- fui comprar nosso café. E trouxe seu cigarro.
- Deixa eu te ajudar então...
- Senta guria. Você é visita aqui.
- Como se fosse né – sorri e percebi que ali perdera a batalha.
- Pelo menos na hora do café é – ele riu e aumentou o volume do rádio.
Enquanto algum cantor um pouco bêbado cantarolava em um a melodia de Blues envolvente, ele fez café e colocou a mesa.
- Eu sei que você gosta do meu café.
- Muito - sussurrei pra mim mesmo – vou fumar.
Saindo pela cozinha e parando na varanda, apertei os olhos por culpa da claridade. Pendi o cabelo com o nada e senti o sol queimando minha nuca. Abri o maço recém comprado e quando ia voltar para pedir um isqueiro , um fósforo ou duas pedras , ele me abraçou.
- Esqueceu seu isqueiro, para variar um pouco.
- Obrigada.
Ele se sentou na cadeira de balanço e me deu uma caneca.
- Seu café guria.
E olhando aqueles olhos pequenos, senti os meus brilhando. Sentei no colo dele e deixei seu perfume tomar conta do meu cérebro.
- Sabe, eu poderia passar o resto da vida sentindo esse seu perfume enjoativo – eu disse finalmente, Era demais tentar lutar contra ele.
- Então fique. Sabe – ele disse colocando o polegar em cima da minha boca , com um ‘fique quieta que agora quem vai falar sou eu’ carinhoso – eu cansei de tentar entender seus motivos pra gente não ficar junto.Sua faculdade acabou.Essa casa é minha de papel passado e você que escolheu praticamente tudo aqui.Você é a guria mais incrível do mundo , e olhando esse cabelo vermelho eu vejo que sem ele , tudo é preto e branco pra mim.Não existe nem música sem você.Meu rádio fica empoeirado e quieto , resmungando com os discos.Meu violão fica tristonho sem a sua gargalhada pra acompanhar a melodia de alguma música brega que eu toco pra te encher o saco.Meu café não tem gosto e o sol não brilha aqui dentro – e me olhando com os olhos brilhantes excitados como se tivesse tido a idéia mais brilhante do mundo – traz suas coisas e vem morar comigo.Alias  - me abraçou e sussurrou no meu ouvido – porque não nos casamos ?

2 comentários:

Clauber Nascimento disse...

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LINDO DEMAIS
Teus contos tão cada vez mais fodas ♥

Larissa Lins disse...

Que coisa mais linda, mais auspiciosa, fazendo a gente acreditar em um futuro quente e bom. Me fez bem encontrar seu conto e seu blog hoje. Estou te seguindo.