Para ouvir: Amor para recomeçar- Frejat
Música.Bebidas.Sorrisos forçados.A aniversariante linda de morrer.Eu em um canto,e ele no outro.Com a nova namorada.Eu juro que não vou saber responder o que eu estava sentindo
aquela hora.Mágoa, por ele já estar com outra em tão pouco tempo.Dor, porque eu o amava.Dor , porque eu achava que ele me pertencia, e que OLHA MINHA FILHA TIRA ESSA LÍNGUA DA GARGANTA DELE.Vontade de ir embora , deitar na minha cama e chorar tudo que eu não tinha chorado esses meses.
- Você é mais bonita - disse a aniversáriante me abraçando com força - e eu te amo você sabe né.Ele só tá aqui porque é amigo do Vitor.Me deu um beijo no rosto e foi fazer sala (um aniversáriante nunca se diverte de verdade nas festas).
Ele me olhou e por um segundo eu achei que queria estar do meu lado.Achei até que você fosse levantar e vir falar comigo.Mas logo virou a cara e continuou a conversar com sua nova namorada.
As músicas ainda estão amenas.Rogério Flausino ainda não entrou em cena, e o que predomina agora é Dinho Ouro Preto e todo seu equilíbrio.
- Quer uma bebida?
- Quero sim , obrigada- respondo no automático.Desculpe, nem lembrei que você estava ai.É , você é o típico amigo estou-aqui-mais-sempre-esperando-que-você-abra-a-porta-da-sua-casa-me-recepcionando-só-com-uma-camisa-velha-de-banda.Você é bonito.Tem várias no seu pé, mas insistiu em me acompanhar num sábado a noite a uma festa de aniversário de alguém que você nem conhece, só porque eu disse que meu ex estaria aqui.Está com aquele xadrez impecavelmente passado (obra da sua mãe,provavelmente) e recolocou o piercing na boca.Está com aquele cheiro de cigarro misturado com perfume, e está gentil comigo.Acho que sabe que estou segurando uma boa crise de choro com todas as forças.
- Sabe - você diz sentando do meu lado- ela é até bonita.Eu a pegaria se não tivesse nada pra fazer as 3 da manhã de um sábado.
- Isso é um elogio? - eu pergunto sem muito humor e olhando para o chão.
- Não - ele diz me entregando o copo de bebida - seria um elogio se eu dissesse "eu andaria de mão dada com ela em um dia de festival na cidade".
Eu dou risada.Mais por educação do que por achar alguma graça de fato.Você entende, puxa assunto com alguém do seu lado para se distrair.Não consigo prestar muita atenção, mas parece que o assunto gira em torno de músicas ou séries de tv.
Tento disfarçar a cara de 'me matem por favor' na hora dos parabéns.Afinal, eu de fato amo a aniversáriante.Só não gosto muito desse ser imbecil que ela chama de namorado, mas até ai, infelizmente eu não posso fazer nada.Gosto menos dele ainda agora que é o culpado de me fazer olhar para o meu ex e sua nova namorada que está com um belíssimo sapato rosa, enquanto eu me encontro com um vestido preto e um sapato vermelho estratégicamente feito para deixar meu pé pedindo socorro.Enquanto ela está com um cabelo impecavelmente preso em uma trança , os meus estão como sempre.Minha maquiagem está como uso todos dias e parece que ela se arrumou para entrega do Oscar.Mas acaba sendo não é?O Oscar é você.Sem trocadilhos, é claro, afinal, o seu nome nem de longe lembra o da estatueta dourada.Mas você é o prémio dela.E ela sabe disso, pois está com aquele sorriso falso com aquele ar de superioridade caracteristico.Eu sou mulher, sei dessas coisas.Acredite.
O parabéns acaba, toda a melação do primeiro pedaço de bolo(AH QUE SURPRESA, PRO IMBECIL DO MEU NAMORADO).Pelo menos parecia que tudo estava acabando.E ai, a linda da aniversáriante coloca nossa música pra tocar.Não sei se de propósito, ou porque estava se pegando com o namorado no sofá e a música romântica 'esquentária' o clima.
- Tá - eu disse levantando do lugar onde estava - é demais pra mim.Vou lá fora fumar.
Você percebe que eu levantei mais continua conversando com alguma aleatória-que-não-faz-diferença-nenhuma-aqui.Já , ele , ou não vê, ou finge que não viu.Abraça a namorada com mais força quando eu passo do lado deles procurando a primeira porta pra sair e poder fumar em paz(ou janela pra me jogar).
Enquanto Quinn Fabray e Sam Evans faziam sua parte melhorando uma música já muito boa, a nicotina fez efeito no meu cérebro.Meu coração enfim parou de pular do meu peito.Um cigarro depois, minha mão já quase não suava mais.
Porém assim que ouvi a introdução caracteristica daquela música do Fito, não me segurei.Parece que toda a mágoa, o ódio e a dor vieram parar nos meus olhos e tudo explodiu.Não conseguia segurar a tempestade que emoções que explodiram dentro de mim.
Senti alguém me abraçando e nem sequer olhei pra ver quem era.Só , segundos depois reconheci que era você pelo cheiro de cigarro recem fumado e o abraço macio que sempre me dava quando via o nome de outro nos meus olhos.E eu chorei.Muito, sem lembrar que estava maquiada, que eu seria o principal comentário lá dentro.Chorei e só sentia suas mão nas minhas costas, me apertando com força, um pouco para não deixar que eu caísse (novamente) no precipício em que eu estava a poucas semanas atrás, um pouco para abafar o barulho de meus soluços.
- Sabe o que dói - eu disse levantando a cabeça e olhando nos seus olhos - ele nunca me amou de verdade Miguel.E todo mundo me falava isso mas eu nunca acreditei - dei um trago no meio dos soluços- como eu fui imbecil.
Você me abraçou com mais força do que nunca.E , um segundo depois , estava me beijando.Não sei porque , quando ou por quanto tempo,mas correspondi seu beijo.Eu não precisava disso aquela hora.Precisava de um abraço e um 'vai passar pequena' , mas o beijo me fez bem.Não sei porque , mas fez.
- Desculpe - você disse ainda segurando meu rosto entre as mãos- mas seu dignissimo ex e sua namorada barbie tinham aparecido.Eu não queria que eles te vissem assim.
- Obrigada - eu disse olhando no seus olhos- mas não acho que essa maquiagem borrada tenho sido disfarçada com o beijo.
- É , acho que isso não deu para disfarçar - não soltou meu rosto.Ficou olhando nos meus olhos por muito tempo, até que me beijou de novo.E apesar de não ter sido nenhuma surpressa dessa vez, continuou me fazendo bem.Soltei o cigarro e coloquei a mão na sua nuca.Segurei o riso quando você se encolheu quando passei as unhas dentre o seu cabelo.Achei ridiculamente doce isso.Não esperava essa atitude de você.
- Sabe - você disse passando o dedo em uma lágrima recém rolada do meu olho, que provocou um caminho preto de rímel no meu rosto - mesmo você chorando por outro, e com a cara toda borrada de maquiagem, eu ainda passearia de mão dada com você em dia de festival na cidade.Eu iria com você para o desfile de 7 de setembro.E não te trocaria nunca por uma barbie como aquela.Vai passar pequena.Eu tô aqui.
22.9.11
18.9.11
Passando.
Para ouvir:Sober - Kelly Clarkson
Tô escrevendo pra dizer que está passando.Claro,ainda não estou 100% bem e aquela nossa música ainda não passa desapercebida.Mas as noites não estão mais tão frias e eu consegui jogar nossas fotos fora.Pois é, fique feliz por mim.E eu também te escrevo pra agradecer, porque você que fez isso.Porque eu só olhei pra cima e vi a luz no começo do poço quando descobri que você já chama outra de sua (bem ,não de sua, já que você a chama do mesmo jeito que me chamava).A cena de você na cama com outra, beijando ela e dizendo todas as coisas que falava pra mim, exatamente no mesmo tom de voz e com aquele sorriso torto que eu tanto amava passou pela minha cabeça milhões de vezes.De propósito.Porque cada vez que ela passava na minha cabeça,me dava mais força pra escalar o poço que eu estava a tanto tempo.E foi assim.Eu subi rápido, e assim que sai dele acendi um cigarro.Por que o cigarro ultimamente é a cola mais eficaz pro meu coração, e meu amigo mais presente também.Fui,tomei banho arrumei o cabelo e fui me encontrar nos braços de outro.E quer saber? Pela primeira vez eu não pensei em você a noite toda.Não comparei os beijos (e nem poderia pois o seu ficaria bem abaixo) e não quis que fosse você a pessoa com os braços no meu ombro.Pois é, vitória finalmente.Então, só quero que saiba que tá passando.Parece que Caio f tem razão, afinal.
Tô escrevendo pra dizer que está passando.Claro,ainda não estou 100% bem e aquela nossa música ainda não passa desapercebida.Mas as noites não estão mais tão frias e eu consegui jogar nossas fotos fora.Pois é, fique feliz por mim.E eu também te escrevo pra agradecer, porque você que fez isso.Porque eu só olhei pra cima e vi a luz no começo do poço quando descobri que você já chama outra de sua (bem ,não de sua, já que você a chama do mesmo jeito que me chamava).A cena de você na cama com outra, beijando ela e dizendo todas as coisas que falava pra mim, exatamente no mesmo tom de voz e com aquele sorriso torto que eu tanto amava passou pela minha cabeça milhões de vezes.De propósito.Porque cada vez que ela passava na minha cabeça,me dava mais força pra escalar o poço que eu estava a tanto tempo.E foi assim.Eu subi rápido, e assim que sai dele acendi um cigarro.Por que o cigarro ultimamente é a cola mais eficaz pro meu coração, e meu amigo mais presente também.Fui,tomei banho arrumei o cabelo e fui me encontrar nos braços de outro.E quer saber? Pela primeira vez eu não pensei em você a noite toda.Não comparei os beijos (e nem poderia pois o seu ficaria bem abaixo) e não quis que fosse você a pessoa com os braços no meu ombro.Pois é, vitória finalmente.Então, só quero que saiba que tá passando.Parece que Caio f tem razão, afinal.
7.9.11
Três e quarenta e sete da manhã.
Para ouvir:Lisos Abraços - Megh Stock
"Estranho, meu celular tocando essa hora.Deixa , deve ser algum amigo bebâdo me ligando.Mais, de novo? é melhor eu atender..."
O sono não me deixou sair da cama de primeira.Pensei melhor uma, duas , três vezes e ai o celular parou de tocar.Pensei em voltar pra cama mas antes mesmo do meu corpo conseguir pensar na possibilidade de se mexer de novo, ele começou de novo.
- Alô.
- Oi.
Eu conhecia aquela voz.E puta que pariu, como conhecia aquela porra de voz.Meu coração acordou num salto, e senti um arrepio da minha cintura até a nuca.Passei de zumbi há medalhista olimpida depois de um triatlon em menos de 2 segundos e só por causa de 2 letras.
- Oi, tá me ouvindo?
- Tô sim - talvez fosse o sono, ou o choque,mas eu não estava muito animada em responde-lo.
- Tá.Eu preciso falar com você.Preciso mesmo sem brincadeira.Você tá em casa?
- Tô sim... quer dizer, eu acho que tô.Aconteceu alguma coisa?
- Não, não aconteceu não.Alias, aconteceu sim mas... tô indo ai tá bom?
Desligou.Demorou um segundo pra eu poder ligar os fatos: ele estava vindo pra cá.Tive que pensar mais mil vezes, parando em cada palavra e imaginando uma cena pra ver se o cérebro entendia.E L E - V I N D O - P R A - C Á.Pulei da cama.Meu maço de cigarro estava na gaveta ao lado , já preparado para emergências.Levantei da cama e me olhei no espelho.Rímel até a bochecha e cabelo bagunçado (alias, estava em um estado de calamidade total).Mas, passei 5 anos com ele.Ele já me viu assim várias vezes.
Lavei o rosto pra tirar o excesso do rímel e prendi o cabelo com um grampo.Coloquei os óculos e uma blusa de moletom antiga que eu tanto amava que cobria a parte de baixo do meu pijama.
Fui para varanda e estava no ultimo trago quando vi o carro preto estacionando na porta do prédio.Como de costume ele não buzinou.Por um momento tudo parecia ser como era antes.
Desci e o vi dentro do carro.É engraçado, mas nunca consigo lembrar o rosto dele.Não é culpa dos meses que estamos separados nem de todo o choro que pode ter borrado as imagens na memória, mas quando estávamos juntos também era assim.Não é aquela coisa de ver na rua e não saber quem era, mas os detalhes do rosto dele sempre me fugiram.Talvez por isso meu coração gritasse sempre que eu o via.Era algo como 'tenta gravar essa imagem ai mulher, porque ela me faz uma falta que tu não tem noção."
Entrei no carro e o som tocava Ira!.Ele estava com a jaqueta de couro que eu havia dado pra ele no nosso 3° aniversário, e eu percebi que algo estava errado.
- Você tá com a jaqueta da sorte - disse fechando a porta com cuidado.
-É - ele disse olhando no meu olho - te acordei? Perdão.Mas eu precisava falar com você boneca.
Pegou no meu ponto fraco.Ele abaixou o som e respirou fundo.
-Aconteceu que eu preciso de você.Que eu te amo e nada nem ninguém vai mudar isso.Você é a única pessoa que me conhece de verdade, me conheceu na pior época da minha vida e me apoiou.Ficou do meu lado.Eu te amo pequena.E cada dia longe de você só me provou isso , que nenhuma outra é tão perfeita quanto você, nenhuma outra tem seu cheiro de shampoo e nenhuma fuma teu cigarro de cereja.Nenhuma outra deixa a casa toda avermelhada quando vai pra varanda tomar sol.Nenhuma canta desafinado quando Chico Buarque toca no celular.Alias - ele riu e olhou pro rádio - acho que nenhuma outra tem Chico Buarque no celular.E bom , eu tive que vim falar agora porque não queria deixar a oportunidade passar.Vem , tá frio do jeitinho que você gosta.Vamos lá pra casa e eu te faço chocolate quente,aquele do jeitinho que você gosta, a gente assiste aquele seu filme favorito que tem a Natalie Portman pela 14° vez e dorme junto.Volta pra mim boneca.
- Deixa eu te perguntar Gustavo - eu disse olhando pra fora- o que aconteceu com a sua namorada? Aquela que você esfregou na minha cara 2 semanas depois da gente ter terminado.Aquela sabe? Que você levou no meu bar favorito no dia que tocaria minha banda favorita.O que aconteceu com ela?
- Não deu certo - ele disse olhando pro nada.
- Quem terminou Gustavo?
- Ela - ele disse com desespero - mas deixa eu te explicar - pegou a minha mão - ela terminou comigo porque percebeu que eu só to com ela pra esquecer você...
- Gustavo - eu disse chegando perto do rosto dele e colocando o dedo na sua boca- não precisa falar mais nada.Boa noite.E não me procure mais, por favor.
Sai e bati a porta do carro, com a sensação que deixei todo o peso de 50 toneladas que eu carregava nas costas desde que ele terminou comigo dentro daquele sedan preto.
"Estranho, meu celular tocando essa hora.Deixa , deve ser algum amigo bebâdo me ligando.Mais, de novo? é melhor eu atender..."
O sono não me deixou sair da cama de primeira.Pensei melhor uma, duas , três vezes e ai o celular parou de tocar.Pensei em voltar pra cama mas antes mesmo do meu corpo conseguir pensar na possibilidade de se mexer de novo, ele começou de novo.
- Alô.
- Oi.
Eu conhecia aquela voz.E puta que pariu, como conhecia aquela porra de voz.Meu coração acordou num salto, e senti um arrepio da minha cintura até a nuca.Passei de zumbi há medalhista olimpida depois de um triatlon em menos de 2 segundos e só por causa de 2 letras.
- Oi, tá me ouvindo?
- Tô sim - talvez fosse o sono, ou o choque,mas eu não estava muito animada em responde-lo.
- Tá.Eu preciso falar com você.Preciso mesmo sem brincadeira.Você tá em casa?
- Tô sim... quer dizer, eu acho que tô.Aconteceu alguma coisa?
- Não, não aconteceu não.Alias, aconteceu sim mas... tô indo ai tá bom?
Desligou.Demorou um segundo pra eu poder ligar os fatos: ele estava vindo pra cá.Tive que pensar mais mil vezes, parando em cada palavra e imaginando uma cena pra ver se o cérebro entendia.E L E - V I N D O - P R A - C Á.Pulei da cama.Meu maço de cigarro estava na gaveta ao lado , já preparado para emergências.Levantei da cama e me olhei no espelho.Rímel até a bochecha e cabelo bagunçado (alias, estava em um estado de calamidade total).Mas, passei 5 anos com ele.Ele já me viu assim várias vezes.
Lavei o rosto pra tirar o excesso do rímel e prendi o cabelo com um grampo.Coloquei os óculos e uma blusa de moletom antiga que eu tanto amava que cobria a parte de baixo do meu pijama.
Fui para varanda e estava no ultimo trago quando vi o carro preto estacionando na porta do prédio.Como de costume ele não buzinou.Por um momento tudo parecia ser como era antes.
Desci e o vi dentro do carro.É engraçado, mas nunca consigo lembrar o rosto dele.Não é culpa dos meses que estamos separados nem de todo o choro que pode ter borrado as imagens na memória, mas quando estávamos juntos também era assim.Não é aquela coisa de ver na rua e não saber quem era, mas os detalhes do rosto dele sempre me fugiram.Talvez por isso meu coração gritasse sempre que eu o via.Era algo como 'tenta gravar essa imagem ai mulher, porque ela me faz uma falta que tu não tem noção."
Entrei no carro e o som tocava Ira!.Ele estava com a jaqueta de couro que eu havia dado pra ele no nosso 3° aniversário, e eu percebi que algo estava errado.
- Você tá com a jaqueta da sorte - disse fechando a porta com cuidado.
-É - ele disse olhando no meu olho - te acordei? Perdão.Mas eu precisava falar com você boneca.
Pegou no meu ponto fraco.Ele abaixou o som e respirou fundo.
-Aconteceu que eu preciso de você.Que eu te amo e nada nem ninguém vai mudar isso.Você é a única pessoa que me conhece de verdade, me conheceu na pior época da minha vida e me apoiou.Ficou do meu lado.Eu te amo pequena.E cada dia longe de você só me provou isso , que nenhuma outra é tão perfeita quanto você, nenhuma outra tem seu cheiro de shampoo e nenhuma fuma teu cigarro de cereja.Nenhuma outra deixa a casa toda avermelhada quando vai pra varanda tomar sol.Nenhuma canta desafinado quando Chico Buarque toca no celular.Alias - ele riu e olhou pro rádio - acho que nenhuma outra tem Chico Buarque no celular.E bom , eu tive que vim falar agora porque não queria deixar a oportunidade passar.Vem , tá frio do jeitinho que você gosta.Vamos lá pra casa e eu te faço chocolate quente,aquele do jeitinho que você gosta, a gente assiste aquele seu filme favorito que tem a Natalie Portman pela 14° vez e dorme junto.Volta pra mim boneca.
- Deixa eu te perguntar Gustavo - eu disse olhando pra fora- o que aconteceu com a sua namorada? Aquela que você esfregou na minha cara 2 semanas depois da gente ter terminado.Aquela sabe? Que você levou no meu bar favorito no dia que tocaria minha banda favorita.O que aconteceu com ela?
- Não deu certo - ele disse olhando pro nada.
- Quem terminou Gustavo?
- Ela - ele disse com desespero - mas deixa eu te explicar - pegou a minha mão - ela terminou comigo porque percebeu que eu só to com ela pra esquecer você...
- Gustavo - eu disse chegando perto do rosto dele e colocando o dedo na sua boca- não precisa falar mais nada.Boa noite.E não me procure mais, por favor.
Sai e bati a porta do carro, com a sensação que deixei todo o peso de 50 toneladas que eu carregava nas costas desde que ele terminou comigo dentro daquele sedan preto.
1.9.11
Padaria.
Para ouvir:Dave Matthews Band - You & Me
Ele era lindo.Muito mais do que lindo.Tinha um sorriso só dele e um olhar tímido que derretia qualquer uma.Entrava sempre no mesmo horário naquela padaria com a parede de azulejo que era minha parada obrigartória toda manhã.Ele era simpático ,até mesmo quando estava chovendo e o jeans dele estava completamente molhado.Sempre sorria pra senhora que chegava depois dele, sempre cedia o lugar dele na fila pra ela.As compras variavam ,mas eram basicamente um maço de cigarro light, um cappucino quente e um chiclete (de menta era seu preferido, mas quando não tinha ele pegava de morango).Sentava sempre na mesma mesa, escorado no vidro, colocava os pés sobre o banco e lia um jornal.As vezes um livro.Semanas atrás ele estava lendo uma antologia de Vinícius de Moraes.Lindo e com bom gosto.Ele tomava o café e tragava devagar.Quando não lia nada, estava com fone de ouvido e ficava batendo os dedos sobre a mesa de madeira escura.Eu sempre fiquei atenta pra tentar saber que música era, mas nunca descobri.O unico defeito era carregar um orifício prata na mão direita.
Essa semana ele entrou e não sorria.Seu all star vermeho nem estava molhado, mas ele não sorria.A manhã de outono estava bonita,um sol amarelo, mas ele não sorria.Ele estava sem a roda nos dedos, em seu lugar só havia um pedaço de pele mais claro, como se a aliança fizesse parte dele.Pediu um maço de cigarro com filtro vermelho.Algo não estava bem.O ultimo maço de cigaro vermelho repousava em cima da minha mesa.Ele não comprou cigarro naquela manhã.No lugar do capuccino, um café expresso sem açucar.No lugar do chiclete, bala de hortelã.Não leu jornal.Não ouviu música.Tirou um cigarro do bolso (que deve ter sobrado do outro dia) e tragou o mais devagar possível.Eu podia jurar que seus olhos estavam mais molhados que o normal.Cruzamos o olhar e eu sorri (um sorriso caridoso).Ele sorriu surpreso e desviou o olhar, olhando para o lado de fora.Havia um casal abraçado.Ele olhou e abaixou o olhar.
Eu peguei minhas coisas e quando passei do seu lado, deixei o maço de cigarro de filtro vermelho na sua mesa.Sorri e disse 'você está precisando mais do que eu."
Atravessei a rua e peguei meu onibus.
No outro dia , sentei no mesmo lugar.O estoque de cigarros de filtro vermelho já havia sido reposto.Comprei o meu e pedi meu croassaint de chocolate com chocolate quente como de costume.Ele entrou e de novo não sorriu.Pegou dois maços de cigarros de filtro vermelho , um cappucino e chiclete de menta.Sentou-se no mesmo banco, sem música, sem jornal.Tirou a aliança do bolso do seu jeans surrado e ficou fumando e olhando para ela, rodando em cima da mesa.Uma lágrima rolou.Ele olhou no relógio, levantou-se e veio em minha direção.
- Você salvou minha vida com isso guria - me devolveu o cigarro - obrigada.
Ia saindo quando eu tomei coragem e soltei:
- Na verdade - eu coloquei o maço na minha bolsa- eu te deixei mais perto da morte por cancêr.
Ele parou, como se precisassem de um tempo para assimilar que eu estava falando com ele.Virou-se sorrindo pra mim.
-Mas eu estava pensando em uma morte mais rápida - disse vindo em minha direção - um caminhão ou um onibus talvez.
- Perto daqui tem uma linha de trem - sorri - acho que pode ser mais rápido.E mais garantido também.
Ele estendeu a mão :
-Prazer menina do cigarro do filtro vermelho chocolate quente e tatuagem de coração no dedo.
Estendi sorrindo:
- Prazer moço do cigarro light e da antologia de vinicius de moraes.
-Sabe - ele sorriu e sentou ao meu lado - existe coisa mais patética que um homem chorando? - ele riu um sorrisso triste.
- Na verdade , sim - eu disse me inclinando para falar mais baixo - o cara que trabalha na padaria que olha pra bunda de todas as mulheres que entram - apontei discretamente.
Ele sorriu.E ai ficou aquele silêncio, onde você poderia cortar a tensão com uma faca.
- É verdade o que dizem ? - ele disse olhando pro casal caracteristico do outro lado da rua - que tu só tem um amor na tua vida toda? Só uma metade da laranja? - olhou nos meus olhos.
- Eu acho que é sim... mas eu também acredito que se for mesmo o amor da sua vida, não acaba.É aquela história que "o que é verdadeiro não volta,o que é verdadeiro fica."
-Querido John - ele riu.
-É - eu ri - enfim.Mas sabe no que eu acredito? A dor um dia passa - eu me levantei - pode demorar,mais passa.
- Você acha mesmo?
- Acho - eu me inclinei e dei um beijo no rosto dele.O cheiro de perfume e cigarro continuam sendo a melhor combinação de cheiros que existe no mundo - passou pra mim.Então vai passar pra você também.
Fui indo até porta quando ouvi:
- Salvou minha vida de novo guria.Até amanha.
Ele era lindo.Muito mais do que lindo.Tinha um sorriso só dele e um olhar tímido que derretia qualquer uma.Entrava sempre no mesmo horário naquela padaria com a parede de azulejo que era minha parada obrigartória toda manhã.Ele era simpático ,até mesmo quando estava chovendo e o jeans dele estava completamente molhado.Sempre sorria pra senhora que chegava depois dele, sempre cedia o lugar dele na fila pra ela.As compras variavam ,mas eram basicamente um maço de cigarro light, um cappucino quente e um chiclete (de menta era seu preferido, mas quando não tinha ele pegava de morango).Sentava sempre na mesma mesa, escorado no vidro, colocava os pés sobre o banco e lia um jornal.As vezes um livro.Semanas atrás ele estava lendo uma antologia de Vinícius de Moraes.Lindo e com bom gosto.Ele tomava o café e tragava devagar.Quando não lia nada, estava com fone de ouvido e ficava batendo os dedos sobre a mesa de madeira escura.Eu sempre fiquei atenta pra tentar saber que música era, mas nunca descobri.O unico defeito era carregar um orifício prata na mão direita.
Essa semana ele entrou e não sorria.Seu all star vermeho nem estava molhado, mas ele não sorria.A manhã de outono estava bonita,um sol amarelo, mas ele não sorria.Ele estava sem a roda nos dedos, em seu lugar só havia um pedaço de pele mais claro, como se a aliança fizesse parte dele.Pediu um maço de cigarro com filtro vermelho.Algo não estava bem.O ultimo maço de cigaro vermelho repousava em cima da minha mesa.Ele não comprou cigarro naquela manhã.No lugar do capuccino, um café expresso sem açucar.No lugar do chiclete, bala de hortelã.Não leu jornal.Não ouviu música.Tirou um cigarro do bolso (que deve ter sobrado do outro dia) e tragou o mais devagar possível.Eu podia jurar que seus olhos estavam mais molhados que o normal.Cruzamos o olhar e eu sorri (um sorriso caridoso).Ele sorriu surpreso e desviou o olhar, olhando para o lado de fora.Havia um casal abraçado.Ele olhou e abaixou o olhar.
Eu peguei minhas coisas e quando passei do seu lado, deixei o maço de cigarro de filtro vermelho na sua mesa.Sorri e disse 'você está precisando mais do que eu."
Atravessei a rua e peguei meu onibus.
No outro dia , sentei no mesmo lugar.O estoque de cigarros de filtro vermelho já havia sido reposto.Comprei o meu e pedi meu croassaint de chocolate com chocolate quente como de costume.Ele entrou e de novo não sorriu.Pegou dois maços de cigarros de filtro vermelho , um cappucino e chiclete de menta.Sentou-se no mesmo banco, sem música, sem jornal.Tirou a aliança do bolso do seu jeans surrado e ficou fumando e olhando para ela, rodando em cima da mesa.Uma lágrima rolou.Ele olhou no relógio, levantou-se e veio em minha direção.
- Você salvou minha vida com isso guria - me devolveu o cigarro - obrigada.
Ia saindo quando eu tomei coragem e soltei:
- Na verdade - eu coloquei o maço na minha bolsa- eu te deixei mais perto da morte por cancêr.
Ele parou, como se precisassem de um tempo para assimilar que eu estava falando com ele.Virou-se sorrindo pra mim.
-Mas eu estava pensando em uma morte mais rápida - disse vindo em minha direção - um caminhão ou um onibus talvez.
- Perto daqui tem uma linha de trem - sorri - acho que pode ser mais rápido.E mais garantido também.
Ele estendeu a mão :
-Prazer menina do cigarro do filtro vermelho chocolate quente e tatuagem de coração no dedo.
Estendi sorrindo:
- Prazer moço do cigarro light e da antologia de vinicius de moraes.
-Sabe - ele sorriu e sentou ao meu lado - existe coisa mais patética que um homem chorando? - ele riu um sorrisso triste.
- Na verdade , sim - eu disse me inclinando para falar mais baixo - o cara que trabalha na padaria que olha pra bunda de todas as mulheres que entram - apontei discretamente.
Ele sorriu.E ai ficou aquele silêncio, onde você poderia cortar a tensão com uma faca.
- É verdade o que dizem ? - ele disse olhando pro casal caracteristico do outro lado da rua - que tu só tem um amor na tua vida toda? Só uma metade da laranja? - olhou nos meus olhos.
- Eu acho que é sim... mas eu também acredito que se for mesmo o amor da sua vida, não acaba.É aquela história que "o que é verdadeiro não volta,o que é verdadeiro fica."
-Querido John - ele riu.
-É - eu ri - enfim.Mas sabe no que eu acredito? A dor um dia passa - eu me levantei - pode demorar,mais passa.
- Você acha mesmo?
- Acho - eu me inclinei e dei um beijo no rosto dele.O cheiro de perfume e cigarro continuam sendo a melhor combinação de cheiros que existe no mundo - passou pra mim.Então vai passar pra você também.
Fui indo até porta quando ouvi:
- Salvou minha vida de novo guria.Até amanha.
Vai passar.
Para ouvir: Ainda não passou - Nando Reis
Olhe, não fique assim não, vai passar. Eu sei que dói. É horrível. Eu sei que parece que você não vai agüentar, mas agüenta. Sei que parece que vai explodir, mas não explode. Sei que dá vontade de abrir um zíper nas costas e sair do corpo porque dentro da gente, nesse momento, não é um bom lugar para se estar. Dor é assim mesmo, arde, depois passa. Que bom. Aliás, a vida é assim: arde, depois passa. Que pena. A gente acha que não vai agüentar, mas agüenta: as dores da vida. Pense assim: agora tá insuportável, agora você queria abrir o zíper, sair do corpo, encarnar numa samambaia, virar um paralelepípedo ou qualquer coisa inanimada, anestesiada, silenciosa. Mas agora já passou. Agora já é dez segundos depois da frase passada. Sua dor já é dez segundos menor do que duas linhas atrás. Você acha que não porque esperar a dor passar é como olhar um transatlântico no horizonte estando na praia. Ele parece parado, mas aí você desvia o olho, toma um picolé, lê uma revista, dá um pulo no mar e quando vai ver o barco já tá lá longe. A sua dor agora, essa fogueira na sua barriga, essa sensação de que pegaram sua traquéia e seu estômago e torceram como uma toalha molhada, isso tudo – é difícil de acreditar, eu sei – vai virar só uma memória, um pequeno ponto negro diluído num imenso mar de memórias. Levante-se daí, vá tomar um picolé, ler uma revista, dar um pulo no mar. Quando você for ver, passou. Agora não dá mesmo pra ser feliz. É impossível. Mas quem disse que a gente deve ser feliz sempre? Isso é bobagem. “É melhor viver do que ser feliz”. Porque pra viver de verdade a gente tem que quebrar a cara. Tem que tentar e não conseguir. Achar que vai dar e ver que não deu. Querer muito e não alcançar. Ter e perder. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e dizer uma coisa terrível, mas que tem que ser dita. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e ouvir uma coisa terrível, que tem que ser ouvida. A vida é incontornável. A gente perde, leva porrada, é passado pra trás, cai. Dói, ai, doi demaais. Mas passa. Está vendo essa dor que agora samba no seu peito de salto agulha? Você ainda vai olhá-la no fundo dos olhos e rir da cara dela. Juro que estou falando a verdade. Eu não minto. Vai passar. (Caio Fernando Abreu)
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