Para ouvir: Michelle - The Beatles
Entrou em casa , mas não sem antes dar um grande suspiro.O barulho da chave na porta parecia que doía como lamina.Ela não o encontraria lá.Não mais.
Quando colocou o pé pra dentro do apartamento, percebeu que tudo seria bem pior do que havia pensado: ninguém estava deitado no sofá, ou na cozinha fazendo algum experimento que raramente saia comestível, ou na varanda fumando.Só o cheiro.O cheiro estava lá, firme e forte.Tão forte que ela podia jurar que ele a empurraria qualquer dia da janela do 16° andar.
As roupas não estavam mais no guarda roupa.Agora no lugar delas, havia o gato (sua única companhia de agora em diante) olhando perplexo para sua cara, meio que se perguntando o porque do vazio da casa, meio que se perguntando o porque das lágrimas dela.
Foi até a cozinha, trocou a ração do Fito - o gato - abriu a geladeira e encheu um copo com água.Tomou devagar na varanda, tragando com calma e olhando o nada.O primeiro dia sempre é o pior - ela pensou tentando se acalmar- depois melhora.
Deixou o copo na pia.Resolveu entrar no banho.E estava indo muito bem até que, ao sair do banho, percebeu que a toalha dele ainda estava ali.Saiu do chuveiro e encheu a banheira.
Ficou ali pelo que lhe pareceram horas.Chorando, pensando em ligar,pensando em se matar, pensando em sair da água, se maquiar e sair com uma de suas amigas, pensando em se matar, pensando em colocar o apartamento a venda,pensando em largar o emprego (já que nunca gostara dele de fato) pensando em se matar, pensando que seu maço de cigarros estava acabando, tomando coragem pra sair da banheira, pensando em se matar,pensando em começar um curso, pensando em se matar, pensando em ligar.
Quando percebeu que a luz que vinha da janela do banheiro já era proveniente das luzes dos postes da rua, juntou toda a sua força e saiu da banheira.Se enxugou devagar, sentada na cama, se sentindo o Atlas (com todo peso dos céus nos ombros).Penteou o cabelo, fumou o ultimo cigarro do maço (o 2° só hoje), deitou no sofá e ligou a televisão mesmo sem prestar atenção em nada.A única coisa que a fazia ter certeza de que estava viva era o ronronado do Fito no seu colo.Ele estava feliz só de estar com ela,o que era uma tremenda ironia comparado ao estado que ela estava.
Por mais de uma vez pegou o telefone pra ligar.Por mais de uma vez, foi até a janela cogitando se realmente morreria se caísse de lá de cima.Por mais de uma vez, passou por todos os canais.
O que restava naquela noite era a saudade, disso ela tinha certeza.A saudade, a dúvida se tinha tomado a decisão correta, a vontade de ligar.Mas era o primeiro dia, e o primeiro dia é sempre o pior.Mesmo em seus relacionamentos de adolescência, ela sempre ficou na merda nos primeiros dias.Agora, depois de alguns anos juntos, tendo dividido um apartamento e tendo um casamento marcado pra dali a alguns meses,porque ela ficaria melhor?
Uma hora ia passar,ela sabia disso.Talvez demorasse mais do que os outros,mas passaria.Se não passasse também, ela se acostumaria.Foi para cama e pegou o celular.Rascunhou um 'volta pra mim" , um "eu te amo", um "volta agora pelo amor de Deus", mas desistiu de manda-las.Talvez fosse melhor assim.Fechou os olhos e caiu no sono, enquanto seu celular vibrava com uma mensagem de "volta pra mim", que vinha do outro lado da cidade, do apartamento de um amigo onde ele estava hospedado.
Quando colocou o pé pra dentro do apartamento, percebeu que tudo seria bem pior do que havia pensado: ninguém estava deitado no sofá, ou na cozinha fazendo algum experimento que raramente saia comestível, ou na varanda fumando.Só o cheiro.O cheiro estava lá, firme e forte.Tão forte que ela podia jurar que ele a empurraria qualquer dia da janela do 16° andar.
As roupas não estavam mais no guarda roupa.Agora no lugar delas, havia o gato (sua única companhia de agora em diante) olhando perplexo para sua cara, meio que se perguntando o porque do vazio da casa, meio que se perguntando o porque das lágrimas dela.
Foi até a cozinha, trocou a ração do Fito - o gato - abriu a geladeira e encheu um copo com água.Tomou devagar na varanda, tragando com calma e olhando o nada.O primeiro dia sempre é o pior - ela pensou tentando se acalmar- depois melhora.
Deixou o copo na pia.Resolveu entrar no banho.E estava indo muito bem até que, ao sair do banho, percebeu que a toalha dele ainda estava ali.Saiu do chuveiro e encheu a banheira.
Ficou ali pelo que lhe pareceram horas.Chorando, pensando em ligar,pensando em se matar, pensando em sair da água, se maquiar e sair com uma de suas amigas, pensando em se matar, pensando em colocar o apartamento a venda,pensando em largar o emprego (já que nunca gostara dele de fato) pensando em se matar, pensando que seu maço de cigarros estava acabando, tomando coragem pra sair da banheira, pensando em se matar,pensando em começar um curso, pensando em se matar, pensando em ligar.
Quando percebeu que a luz que vinha da janela do banheiro já era proveniente das luzes dos postes da rua, juntou toda a sua força e saiu da banheira.Se enxugou devagar, sentada na cama, se sentindo o Atlas (com todo peso dos céus nos ombros).Penteou o cabelo, fumou o ultimo cigarro do maço (o 2° só hoje), deitou no sofá e ligou a televisão mesmo sem prestar atenção em nada.A única coisa que a fazia ter certeza de que estava viva era o ronronado do Fito no seu colo.Ele estava feliz só de estar com ela,o que era uma tremenda ironia comparado ao estado que ela estava.
Por mais de uma vez pegou o telefone pra ligar.Por mais de uma vez, foi até a janela cogitando se realmente morreria se caísse de lá de cima.Por mais de uma vez, passou por todos os canais.
O que restava naquela noite era a saudade, disso ela tinha certeza.A saudade, a dúvida se tinha tomado a decisão correta, a vontade de ligar.Mas era o primeiro dia, e o primeiro dia é sempre o pior.Mesmo em seus relacionamentos de adolescência, ela sempre ficou na merda nos primeiros dias.Agora, depois de alguns anos juntos, tendo dividido um apartamento e tendo um casamento marcado pra dali a alguns meses,porque ela ficaria melhor?
Uma hora ia passar,ela sabia disso.Talvez demorasse mais do que os outros,mas passaria.Se não passasse também, ela se acostumaria.Foi para cama e pegou o celular.Rascunhou um 'volta pra mim" , um "eu te amo", um "volta agora pelo amor de Deus", mas desistiu de manda-las.Talvez fosse melhor assim.Fechou os olhos e caiu no sono, enquanto seu celular vibrava com uma mensagem de "volta pra mim", que vinha do outro lado da cidade, do apartamento de um amigo onde ele estava hospedado.
Um comentário:
Lindo e diferente dos seus outros textos.
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