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20.8.12

Se for pra tudo dar errado...


 Para ouvir:Se for pra tudo dar errado - Topáz

Porque deu tudo errado hoje e o bar perto do trabalho nunca foi tão convidativo quanto você está essa noite.Você riu quando me chamou pra ir beber (para mim ou de mim? Foda-se) e de repente fiquei com sede.Você tem esse poder mesmo, embora eu nunca vá admitir.
O lado bom de estar com você em um bar é saber que teremos um noite inteira juntos.Você faz algum comentário mesquinho sobre a bunda da garçonete, e eu finjo que acho alguma graça e dou uma gargalhada forçada com a mão esquerda no seu braço, fingindo achar graça quando na verdade é só pra disfarçar a vontade que eu tenho de estar com as mãos em você (de todos os jeitos imagináveis).A música é boa, como sempre é nesse bar e as pessoas na mesa riem de alguma piada que eu não prestei atenção, já que estava fingindo ignorar sua presença do outro lado da mesa e isso já dá trabalho o suficiente.
E antes que eu esteja preparada pra ficar sem você, a divisão de caronas está feita e por algum motivo sempre me empurram para o seu carro.Não que eu não goste, só é uma coisa que está ficando meio obvia e constrangedora, essa coisa de todo mundo achar que daríamos certo (embora eu saiba que daríamos mesmo) e querer nos colocar como casal.
Minha casa sempre é perto demais e você sempre se despede rápido demais.Porém por algum motivo, hoje você puxou papo sobre o CD novo daquela banda indie que eu pouco conheço e gosto menos ainda, e eu com pouquíssimo conhecimento da causa tento conduzir o assunto de um jeito interessante e as vezes um pouco engraçado para que você não durma ou morra de tédio.Dá certo e começamos a conversar sobre assuntos que eu sei mais, como ao campanha do meu time no campeonato ou sobre aquele musical antigo.E talvez tivéssemos ficado conversando muito mais se não fosse o carro de trás querendo sair.Obrigada moço, agora vem aqui e fala pra ele que eu sou uma garota legal, divertida e boa de papo, já que você não deixou eu mesmo fazer isso.
Mas você não vai embora, só coloca o carro em outra vaga e liga o rádio.
E ai você ri e diz que esse meu jeito durona é só tipo, e que percebeu isso no momento que eu me derreti olhando aquele cachorro de rua que passou quando nos falamos na porta do meu prédio pela primeira vez.E eu digo que você não tem como provar isso, já que até os corações de pedra amam animais, Hittler  até tinha uma cachorro (quer dizer, ele tinha não é?Se não tinha deveria ter um, ao menos).Você teima dizendo que eu na verdade sou tão boba e romântica como todos de quem eu tiro o sarro no bar sagrado de terça a noite, e eu não discuto já que você é teimoso e fica completamente lindo quando acha que tem razão de alguma coisa.Ai o rádio ajuda e começa tocar a música que eu ouço quando penso em você no meio do dia (eu me permito fazer isso as vezes sabe, pra dar uma corzinha pra esse dia cinza que apesar de gostar, me enjoa um pouco as vezes) e você comenta que meu olho criou um brilho estranho.E eu só me pergunto quando você vai tirar as mãos do volante e me beijar com elas na minha nuca.
Essa hora nunca chega e se depender de mim nunca vai chegar.Você diz que já está tarde e amanhã vai trabalhar cedo, e eu pergunto se você não quer subir pra tomar alguma coisa, pedindo desculpas por não ter feito o convite antes, e mentindo dizendo que a idéia só foi me ocorrer agora (Quando na verdade eu estava pensando nisso o tempo todo, mas fiquei com medo de você encarar o convite como um toque de recolher) e para minha surpresa você aceita, dizendo que precisa ir no banheiro e que aceitaria um copo de água ou algo do tipo.
Acabamos nos acomodando no sofá e falando sobre tudo, parando um pouco pra prestar atenção no filme que está passando.
E ai de novo você me diz que ta tarde e precisa ir embora e eu te levo até a porta, querendo que por algum motivo o mundo tivesse acabado e você tivesse que ficar aqui comigo pra sempre.
Você me dá um beijo de despedida e me abraça, e enquanto isso eu penso que não sou sua prima pra você me dar um beijo quase na orelha e ir embora assim.Você fecha a porta e vai embora.
No caminho de volta para o sofá me sentindo a pessoa mais desinteressante do universo inteiro (até mais do que a senhora do 17c, já que ela está de namorado novo outra vez), eu ouço a campainha tocando e percebo que você esqueceu a chave do carro em cima da pia.Eu abro a porta com a chave nas mãos e você finalmente coloca as suas na minha nunca e me beija, de surpresa.Finalmente. Sussurra um ‘até amanhã’ no meu ouvido e vai embora com a chave do carro dessa vez.E leva tudo que deu errado no dia junto.Finalmente.

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