Páginas

29.7.10

Adeus .

Escrevo pra dizer adeus.Sim , eu fui embora , e por favor , não me ligue mais.A única coisa que você vai ter de mim a partir de agora são lembranças. E essa carta , claro.
Eu ainda te amo.Mas isso não muda nada.Não muda as brigas , a minha solidão sempre me fazendo companhia , a falta de romantismo e cuidado, a falta de atenção.
Não muda a vez que você me traiu , e eu perdoei , porque era(sou) louca por você.Não muda o dia que você me deixou de lado. Não muda os abraços não dados.
Deixar você com certeza foi a coisa mais difícil que eu já fiz na vida. E essa primeira semana , esta sendo muito dolorosa.Saber que não vou te ver , saber que você não sente minha falta.Por que não sente , não adianta teimar.
Mas , o que aconteceu ? Em que momento você deixou de ser a pessoa que se encaixava tão perfeitamente na minha vida e nos meus sonhos, que ficar sem você seria como ficar sem respirar? Em que momento a separação de tornou a melhor escolha ?
Pode falar mal de mim, pode dizer que eu fui ruim, que terminei com você por que sou louca. Não vou ligar, porque só eu sei a loucura que ficava por não ter o amor que eu precisava. Os seus amigos vão ficar do teu lado, tudo bem. Não preciso da opinião deles , alias , diga para eles guardarem ela pra si. Não quero que venham me perguntar o que houve, por que eles já vão saber a sua versão da história, e pra mim, isso basta.
As minhas coisas que estão na sua casa, faça o que quiser. Rasgue toque fogo, doe para alguém, guarde pra si. Não me interessa. O tempo que passamos juntos , acabou. A vida que pensamos em compartilhar, não existe mais.
A entrada para aquele show, esse eu quero de volta. Me mande uma pelo correio. Faça o que quiser com a outra. Se me vir lá, venha me cumprimentar como se nunca tivéssemos se quer nos beijado. Como se eu fosse uma conhecida distante. Me comprimente, e siga seu caminho.
E não me venha responder essa carta com a sua famosa frase que “ninguém é perfeito”. Eu sei disso. E tenho a plena certeza que nunca vou encontrar alguém perfeito pra mim. Mas tenho o direito de procurar alguém que queira tentar ser. Alguém que não tenha vergonha de me beijar na frente de todo mundo , e que tenha orgulho de dizer que está namorando.Que prefira ficar comigo em um sábado a noite , debaixo da coberta assistindo um filme “idiota e patético” como você diz.
Eu te amei do jeito mais profundo que alguém pode amar alguém. Ainda te amo, mas isso não muda nada. Se cuida, adeus.

27.7.10

tarde demais.


“Todos passageiros do vôo 159 com destino a Lisboa, embarque no portão cinco”
Eu não sei se é a coisa certa a fazer. Fugir dos problemas , ir para um país que eu não conheço , que eu não conheço ninguém.
Mas seria uma vida nova. Deixar pra trás brigas com a família, e faculdade que eu tanto odiava, e o serviço que me dava gastrite. Sim, minha vida era um inferno.
Deixar pra trás a pessoa que eu tanto amava. A pessoa que me fez sofrer tanto nesses últimos anos com promessas e juras (falsas) de um amor profundo e tosco.
Me arrependo de ter o conhecido. Estava em um bar com amigos , matamos aula na sexta feira.A melhor coisa da faculdade é isso: Sempre achar um motivo para não ir pra aula na sexta.
Ele entrou no bar com a cabeça baixa e um cigarro na mão. O braço era cheio de tatuagens, e o cabelo bagunçado. Se sentou em uma mesa no canto , olhando para o nada , tragando com calma. Parecia perturbado. O celular dele tocou duas vezes em cinco minutos. Com o barulho que estava não conseguia entender o que ele dizia , mas conseguia ler seus lábios :‘ não precisa , estou bem aqui’.
Eu não conseguia parar de olhar pra ele, e por algum motivo, era recíproco.
 - Ana, vamos embora?
Eu não queria ir embora. E ele não parava de olhar.
-Podem ir pessoal. Eu vou dar um tempo aqui.
- Ok. Divirta-se.
Eu não sabia muito bem porque tinha ficado. A cerveja gelada talvez. Ou a música tocando. Eu não sabia. O fato é que eu queria ficar ali olhando aquele homem parado olhando para mim.
Um tempo depois, percebi que ele não viria até mim. Talvez estivesse esperando alguém , ou queria fumar em paz.Resolvi pagar a conta e ir fumar lá fora.
- Olá.
Uma voz linda, com um sotaque perfeito. Me virei e dei de cara com o ser que estava me olhando a tanto tempo.
- Olá pessoa - não sabia o que dizer. Estranho.
- Tem outro desse ai? – disse balançando cabeça para meu cigarro – os meus acabaram.
- Claro – peguei um do maço e entreguei – Mas você não deveria fumar. Faz mal a saúde – ri forçado.
- Foda –se - um sorriso torto.
Pronto. A noite toda com cigarros , cerveja , conversa e música. Acabamos no seu apartamento, achando a vida toda muito doida.
Se pudesse voltar no tempo... Teria ido embora com meus amigos. Não seria difícil , seria ? Eu apenas iria pra casa, Teria dormido, e seria muito mais fácil.
Não ia precisar tomar essa decisão agora.
Minha bolsa de mão treme. Ai meu Deus , meu celular não.A Beatriz deve ter contado pra ele que eu ia embora. Ela faria tudo pra eu ficar no Brasil.
Mensagem: Não vá embora. Fique, vamos conversar, vamos viver juntos.Só nós dois dessa vez.É sério.
Por que eu acreditaria? Já ouvi essa história milhões de vezes.
 “Todos passageiros do vôo 159 com destino a Lisboa, embarque imediato no portão cinco.Ultima chamada”
Eu vou. Levantei com as pernas bambas , peguei minha mala e subi na escada rolante. Entreguei a passagem para a moça, e antes de dar o passo para minha vida nova, uma olhada para me despedir de tudo.Afinal , não era definitivo.Eu poderia voltar quando me sentisse melhor, não é mesmo ? Quando tivesse esquecido o cheiro dele , ou talvez , quando ele tivesse morrido.Uma morte lenta e dolorosa.
Chocada, o vi olhando para mim de lá de baixo. Com a blusa verde de moletom que eu adorava, com o cabelo bagunçado que eu tanto amava. Tinha uma lágrima escorrendo no rosto que tinha abarba por fazer.
Acenei um adeus tímido, e me segurei para não descer correndo para os braços dele. Ele me olhou e sussurrou ‘ não vai’ e sabia que eu entenderia, pois sabe que me aperfeiçoei bastante na arte de ler lábios.
‘ Não vai Ana. Eu te amo’ uma lágrima rolou e outras nasciam naqueles olhos castanhos pequenos. 
‘Tarde demais tigrão. Adeus’ . Me virei e fui embora, para minha nova vida. Pensando que, pela primeira vez em quase três anos, senti verdade nessas três palavras que eu ouvira tão pouco.

26.7.10

Rodrigo .


- É ele – sussurrei enquanto abaixava a cabeça e sorria.
E assim passou com toda sua perfeição. E era bonito demais pra ser um simples aluno novo.
Olhando ao redor da sala, vi que ninguém estava olhando.Era como se não existisse. Aquilo me intrigou muito... Como ficavam imunes aquela beleza? Eu não conseguia. Seus olhos azuis deixavam claro que tinha alguma coisa escondida ali.
Quando o sinal do intervalo tocou, foi o primeiro a sair. No intervalo não o vi em lugar algum. Voltando para sala, foi o ultimo a entrar.
Eu nunca me senti intimidada com nenhum garoto, muito pelo contrário, me dava muito bem com eles. Eram criaturas normais...  Mas ele era TUDO, menos normal.
O sinal de ir embora soou e eu me levantei. Dei um beijo na Jack, e fui andando. Mas sabe aquela sensação de estar sendo seguido?
Virei para olhar para trás e não vi nada, Quando me virei , levei um susto:
-AH! – foi um grito histérico de verdade. Me envergonhei– Desculpe, você me assustou.
- Eu peço desculpas – disse ele em um tom calmo, um perfeito cavalheiro– não fomos apresentados. Meu nome é Rodrigo.
- Prazer, Alice – disse confusa.
- Alice... - ele pegou minha mão e a beijou – muito prazer. Parece que moramos no mesmo caminho. Posso te acompanhar?
- Sim...  – eu estava realmente confusa. Ele apareceu do nada, na minha frente.  Mas era tão lindo... não consegui recusar sua companhia.E ele estava ali , na minha frente. Eu que sempre fui tão estranha , parecia sempre estar no mundo errado.
Nos 20 minutos que se passaram, fomos conversando sobre tudo. Ele era culto, tinha uma pronuncia impecável. Disse-me que veio da Inglaterra, mas parou por ai.
Quando vi o portão da minha casa, percebi que o sonho iria acabar.
- Chegamos...
- Que pena. Foi uma caminho muito agradável. Você é uma mulher encantadora.
Dita essa palavras, me perdi, e só me dei conta quando o beijo acabou.
- Este é o meu telefone –me entregou um papel com uma caligrafia muito fina – me ligue amanhã. Quero que vá jantar comigo.
E desapareceu antes que eu pudesse dar a resposta.
No outro dia, ele não estava na escola. Ninguém tinha o visto em lugar nenhum. Alias, me responderam que nem sabiam quem era.
Caminhei sozinha pra casa , e quando cheguei , resolvi ligar. Uma voz atendeu.
- Alô... Por favor, o Rodrigo?
- Quem gostaria? – a voz do outro lado parecia realmente espantada.
- Alice. Ele está?
- Olha Alice – a voz falava de um jeito como se fosse me dar uma péssima noticia- deve estar havendo um terrível engano. Rodrigo é meu avô, que morreu há muito tempo atrás, assim que veio da Inglaterra. Ele deixou uma empregada de lá grávida, e nem sabia. Morreu com mais ou menos 19 anos. Era muito bonito por sinal, tinha olhos lindos. Você o conhece?
O choque percorreu meu corpo. O telefone caiu da minha mão, e lágrimas dos meus olhos. Senti uma mão fria na minha cintura , e quando me virei, ele estava lá olhando ,assustado.
- Aconteceu algo, Alice minha querida?

25.7.10

Sobre aquele que um dia , talvez , seja meu.

Procuro qualquer vestígio de você .Qualquer informação a mais , qualquer música , qualquer e-mail. Mas pra quê o e-mail ?Nunca falaria , nunca adicionaria , nunca escreveria pra ti.
Vejo seu perfil naquele site famoso de relacionamentos mil vezes ao dia.Tento formas de vê -lo , nem que no pensamento.Você nem sabe que eu existo.
Queria te encontrar uma vez um dia , antes dessa loucura toda , antes de você ser aquele que todas querem. Eu passaria por você de cabeça baixa (o que eu sempre faço quando passo perto de alguém que,de alguma forma, me interresa) , e sorriria pra mim mesma. Olharia tímida pra trás , pra ver se você estaria olhando. E adivinha ? Não estaria.
Eu comentária de você pras minhas amigas , e cada vez que saísse na rua , procuraria por você.Você não seria ninguém , e nem mais um.
E eu sei disso.
Mas talvez fosse corajosa.Se você estivesse parado ,talvez parasse pra perguntar se você tinha um isqueiro , ou até um cigarro. Você responderia friamente... e eu iria embora , fumando , tremendo.
- Daianna , desliga esse rádio.Não aguento mais ouvir essa música.
Eu aguento . Eu não canso de ti . E ninguém acredita.

14.7.10

Vida.

A chuva estava forte, pesada. Os pingos que molhavam o vidro da minha janela não me atingiam, e também nem poderiam. Com o meu torpor, nem um tanque faria isso. Eu ainda estava com o envelope do laboratório na mão, lutando contra a vontade de colocar ele na bolsa e sair correndo dali. Mas pra onde iria? Não posso contar com ninguém.E já estava no meu ‘porto seguro’.
Fechei os olhos pra respirar fundo e abrir o envelope. As palavras que estivessem ali , mudariam minha vida inteira, completamente. Abri os olhos , peguei o envelope amarelo e o abri.Com um choque , vi escrito em letras maiúsculas ‘POSITIVO’ em vermelho.Pronto , não existe mais nada a se fazer.
Deitei na cama já com os olhos cheios de lágrimas. Não podia acreditar que isso aconteceria comigo. E tudo naquele verão. Lembro como se fosse ontem, eu e ele, embaixo daquela arvore, de mãos dadas, conversando sobre o clima quente. Ele sempre me fez tão bem , me compreendia.Todos os verões eram a mesma coisa.Meu peito doía eserando as férias para vê –lo.Não posso esquecer do dia em que nos beijamos pela primeira vez.Mas aquele dia era diferente ,as sensações eram diferentes.Sabe quando você sabe que alguma coisa vai acontecer ? Quando seu coração acelera do nada?E aconteceu.
Não posso reclamar da gentileza, do amor. Foi lindo, com a pessoa certa e na hora certa.Depois , nos abraçamos e ficamos a tarde inteira embaixo daquela árvore , conversando. Não me arrependi, nem um segundo sequer da minha decisão.
Acordei no dia seguinte feliz, sorrindo e sonhando encontrá-lo. Fui para debaixo da nossa árvore , mas ele não estava lá. Estranho, ele nunca se atrasava. Depois de um tempo meu celular tocou ,e o visor indicava um numero bem conhecido.Já estava pronta pra brigar pelo atraso , quando ouço a voz do outro lado da linha.Não é dele , e não estava feliz.Parecia que estava se segurando pra não ter um ataque de choro , ou algo assim.
A dor que senti com as palavras que eu ouvi foi excruciante. ‘Vivian , o Felipe sofreu um acidente. Ele morreu.’
Senti algo caindo no meu colo.Depois, só me lembro que já acordei na casa da minha tia , onde passava o verão.Não tinha forças pra nada , respirar doía.Eu sentia meu coração pesado , tentando bombear o sangue pro meu corpo , tentando me manter viva.Mas a minha vida estava naquela moto que caiu.Eu não conseguia pensar no que faria dali em diante.Tinha perdido o amor da minha vida.
E ai veio toda a rotina,que só serve para torturar mais as pessoas que amam aquele que se foi.Mas ela acabou , como qualquer outra coisa.O verão se foi e agora estou em casa.Com esse envelope na mão.Sabendo , que apesar de tudo que eu vou encarar , de todas as pessoas e as dificuldades contra mim , eu estou feliz. Tenho um pedaço dele dentro de mim,meu filho , nosso filho , que é o meu maior amor , em dobro.

Amor.





- Não sei por que ainda estou com você . Não me procure nunca mais.
Eu observei aquela pessoa estranha se afastando de mim , o fim de mais uma das brigas que temos todos os dias.
Como toda vez , sentia um buraco se abrindo no meu peito. E era uma dor tão forte , que tirava meu ar.
“Calma Luiza , isso sempre acontece. Só mais uma briga , amanhã tudo volta ao normal.E você sabe disso. Respire.’
Era assim toda a vez. E eu sei como acabaria. Como todas as outras vezes.Mais uma briga tosca , por um motivo estúpido. Mais palavras que ferem , mais cicatrizes abertas.Quando isso vai parar ?  Meu vício é mais forte que a dor agora. A abstinência é mais dolorosa do que os efeitos colaterais da droga.
Eu tenho mesmo que sair daqui ? Meu quarto parece tão seguro.
O dia passa , se arrasta. Casa , banho , música . Celular toca.
- Precisamos conversar. Posso ir ai ?
È claro que pode.Mesmo você sendo um cretino egoísta , eu te amo com cada célula do meu corpo.
- Me desculpa , não sei o que aconteceu. Não vivo sem você.  Isso nunca mais vai acontecer , prometo.
Me beijou. Senti o vício me tragando , começando a me entregar ao efeito que ele provoca no meu corpo , no cérebro ,  nesse músculo ainda pulsante e muito machucado que eu chamo de coração. Tarde demais . Rumo a mais uma overdose.