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14.7.10

Vida.

A chuva estava forte, pesada. Os pingos que molhavam o vidro da minha janela não me atingiam, e também nem poderiam. Com o meu torpor, nem um tanque faria isso. Eu ainda estava com o envelope do laboratório na mão, lutando contra a vontade de colocar ele na bolsa e sair correndo dali. Mas pra onde iria? Não posso contar com ninguém.E já estava no meu ‘porto seguro’.
Fechei os olhos pra respirar fundo e abrir o envelope. As palavras que estivessem ali , mudariam minha vida inteira, completamente. Abri os olhos , peguei o envelope amarelo e o abri.Com um choque , vi escrito em letras maiúsculas ‘POSITIVO’ em vermelho.Pronto , não existe mais nada a se fazer.
Deitei na cama já com os olhos cheios de lágrimas. Não podia acreditar que isso aconteceria comigo. E tudo naquele verão. Lembro como se fosse ontem, eu e ele, embaixo daquela arvore, de mãos dadas, conversando sobre o clima quente. Ele sempre me fez tão bem , me compreendia.Todos os verões eram a mesma coisa.Meu peito doía eserando as férias para vê –lo.Não posso esquecer do dia em que nos beijamos pela primeira vez.Mas aquele dia era diferente ,as sensações eram diferentes.Sabe quando você sabe que alguma coisa vai acontecer ? Quando seu coração acelera do nada?E aconteceu.
Não posso reclamar da gentileza, do amor. Foi lindo, com a pessoa certa e na hora certa.Depois , nos abraçamos e ficamos a tarde inteira embaixo daquela árvore , conversando. Não me arrependi, nem um segundo sequer da minha decisão.
Acordei no dia seguinte feliz, sorrindo e sonhando encontrá-lo. Fui para debaixo da nossa árvore , mas ele não estava lá. Estranho, ele nunca se atrasava. Depois de um tempo meu celular tocou ,e o visor indicava um numero bem conhecido.Já estava pronta pra brigar pelo atraso , quando ouço a voz do outro lado da linha.Não é dele , e não estava feliz.Parecia que estava se segurando pra não ter um ataque de choro , ou algo assim.
A dor que senti com as palavras que eu ouvi foi excruciante. ‘Vivian , o Felipe sofreu um acidente. Ele morreu.’
Senti algo caindo no meu colo.Depois, só me lembro que já acordei na casa da minha tia , onde passava o verão.Não tinha forças pra nada , respirar doía.Eu sentia meu coração pesado , tentando bombear o sangue pro meu corpo , tentando me manter viva.Mas a minha vida estava naquela moto que caiu.Eu não conseguia pensar no que faria dali em diante.Tinha perdido o amor da minha vida.
E ai veio toda a rotina,que só serve para torturar mais as pessoas que amam aquele que se foi.Mas ela acabou , como qualquer outra coisa.O verão se foi e agora estou em casa.Com esse envelope na mão.Sabendo , que apesar de tudo que eu vou encarar , de todas as pessoas e as dificuldades contra mim , eu estou feliz. Tenho um pedaço dele dentro de mim,meu filho , nosso filho , que é o meu maior amor , em dobro.

2 comentários:

dê-ene-pê disse...

Suave, alegre e depressivo ao mesmo tempo. Amei.
(ps: você não tá gravida não né?) hahahaha

Unknown disse...

Ai Lêeh Adorei, mto Lindo, sincero, emocionante e se encaixa perfeitamente com alguns fatos ...
Beijoos ^^