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31.7.13

Hey!

 Para ouvir: Hey Jude - The Beatles

Oi lindezas.
Primeiro de tudo, queria pedir desculpas pela ausência aqui ultimamente.Muita coisa mudou do começo do ano pra cá, enfim comecei a faculdade, saí do emprego que me dava gastrite e ~~achei~~ uma pessoa que me faz bem todos os minutos da minha vida.Então, a vida ainda tá meio bagunçada, tô ainda me acostumando com alguns ritmos e me desacostumando com alguns outros e essa arrumação tá meio complicada de ficar pronta aqui dentro.Então, a vida tá meio bagunçada e eu também, mas não se preocupem,vai ficar tudo certo.
Por conta de tudo isso, quase não apareço mais aqui.O 17av fez 3 anos dia 14/07 e eu nem fiz nada para comemorar.Então, antes tarde do que nunca, parabéns para o meu blog querido e amado e parabéns para vocês que me fazem ter um carinho enorme por ele.
Analisando os textos desses 3 anos, eu percebo que as razões que me levaram a criar o 17 Anos De Vida não existem mais.Mas a pessoa que o criou, eu, Letícia, com 17 anos na época continua bem aqui, embora agora com 20 , bem mudada, mais fria e calculista.Mas, se eu procurar BEM aqui dentro, ainda acho um pouco dessa menina sonhadora que eu era na época.Só que a gente cresce e vê que as coisas não são tão legais quanto pareciam ser quando você estava no ensino médio.
Esse blog me deu o suporte necessário na pior época da minha vida, e foi bem ai que eu mudei tanto.Aprendi tanto, chorei tanto, cresci tanto.Afinal, a gente percebe que, como diz aquele ditado infeliz, realmente há males que vem para o nosso bem.Uma das coisas que me faz continuar vivendo e sempre procurando o melhor, é acreditar que nada é por acaso, e acreditando nisso, percebo que toda essa época foi para me preparar e fazer eu enxergar melhor as coisas.Então, apesar de tudo, eu agradeço ter passado por isso.
Embora os motivos não existam mais, eu existo e esse blog se tornou parte de mim, então eu não consigo abandoná-lo ou fechá-lo de vez.Então,todo esse mimimi foi só pra dizer que: não vou parar com o 17av simplesmente porque ele é uma parte grande demais de mim pra isso.Porém os textos não serão frequentes.Sempre que eles existirem, eu avisarei na página no facebook do 17av para vocês não terem que ficar vindo aqui procurando alguma coisa.
Enfim, se esse fosse o final desse blog, seria um final feliz.Porque finalmente eu sinto que as coisas estão se encaixando.
Obrigado por esses 3 anos de convivência, todos os comentários e e-mails e inbox de elogios, críticas , pedidos para mais textos e tudo mais.
Isso tá parecendo uma despedida e não é.É mais um "até logo" para aquele seu amigo que você vai passar a ver menos, mas sabe que terá o mesmo carinho por ele para sempre.E que uma hora ou outra, ele volta e pega de novo o lugar de amigo.
Até mais lindezas ♥

3.7.13

Mais um fim.

Para ouvir - Jar Of Hearts - Glee Cast

Pegou a primeira jaqueta que viu e foi para a rua.Sem bolsa, no bolso apenas o necessário: cigarro,dinheiro para o café, o celular e a chave do carro.O vento frio fez seu rosto arder.Seguiu dirigindo até aquele café no automático.Sabia o que aconteceria ali.Toda vez era a mesma coisa: ele diria que não dava mais e iria embora sem olhar para trás.
E isso aconteceu quantas vezes nesses 5 anos? Ela já perdera as contas.Porque ela sabe que ele sempre volta.Mas ela sabe que mesmo ele sempre voltando, a dor infinita que ela sente é sempre a mesma.Ela seguiu seu caminho, já chorando.
Ele já estava lá, sentado na mesa perto da janela, olhando melancólico as gotas da chuva deslizando no vidro.Pensava nela.Nela e no sorriso dela e do porque eles sempre chegavam nesse ponto.Ele não poderia dizer que dessa vez era diferente.Estava sendo igual todas as outras vezes, quando as brigas chegavam a um ponto inimaginável e a situação ficava insustentável.
Ela subiu a escada de madeira envernizada escura do café olhando para baixo.O viu sentado na mesa, mas passou reto e foi para o banheiro.Sabia que a maquiagem estaria borrada e queria que ele não visse isso, pelo menos dessa vez.
Ele a viu subindo e ia levantar, mas percebeu as lágrimas de maquiagem preta e ficou sem reação.Odiava vê-la chorando.E via muito.E quase sempre era a causa dessas lágrimas.Ele queria abraça-la e pedir desculpas por tudo, queria falar que estava sofrendo até mais do que ela.Mas não podia.
Enquanto arrumava a bagunça de maquiagem e lagrimas ,ela tentou arrumar a bagunça da sua mente.O fim era sempre horrível, mas com o tempo melhorava, ela sabia disso.O problema era que sempre que estava ficando suportável, que ela começava a sair e conhecer gente, que ela voltava a dormir e comer normalmente, ele voltava e bagunçava tudo de novo, com aquela barba por fazer e o moletom verde e com aquele perfume que tirava toda a razão dela.Respirou fundo e foi em direção a porta de saída.
Ele observou quieto enquanto ela sentava na mesa.Não tinha mais maquiagem borrada no rosto, mas o nariz estava vermelho e isso significava que ela tinha chorado.
- Quer alguma coisa para beber? – ele perguntou com cuidado, como quem apalpa a uma parede no escuro em busca de um interruptor.
- Não, obrigado – ela deu um meio sorriso e fungou um pouco – você queria falar comigo?
- Queria sim – ele começou a rodar a aliança dourada em cima da mesa feita da mesma madeira que a escada – na verdade, você já sabe o que eu quero falar.
- Eu sei – ela olhou para baixo – se é só isso, posso ir? Eu tenho que dar o remédio da gata, aquele, você sabe, não quero atrapalhar o tratamento todo.
- Não, senta aqui vai.Vamos conversar.
- Conversar o que? – ela sorriu amargamente – não temos o que conversar.Acabou.Posso ir?
Ele sabia que ela estava irredutível e apenas concordou com a cabela.Ela levantou e estava virando para ir embora,mas parou.Parou e voltou para a mesa.
- Me faz um favor agora? – ela disse calmamente.Uma calma que até a surpreendeu.
- Claro – ele disse levantando e ficando a centímetros do rosto dela.
- Não volta tá? Tô cansada de ser sua a hora que você quer.Dessa vez, não volta.Se você ainda gosta um pouco de mim, fica no lugar pra onde você vai agora.Enfim, é isso.Boa sorte.
E eles se beijaram.Foi instintivo, normal, mais por hábito do que por qualquer outra coisa.Começaram a se beijar, e quando ela foi se soltar para ir embora, ele não deixou e eles continuaram se beijando.E começaram a sentir, no meio do beijo, o gosto da lágrima um do outro e isso só fez eles se beijarem mais e chorarem mais.E ficaram tempo demais assim, até que um garçom teve que pedir para eles pararem.
-Bom, é isso – ela disse enxugando as lágrimas.
Ele a abraçou e nesse instante se arrependeu.Percebeu que era isso, eles se amavam e tinham que ficar juntos.Mas não conseguiam.
Ela se soltou do abraço e sorriu.
- Eu vou acabar voltando – ele disse, pegando a mão dela.
- Você pode voltar.Mas isso não significa que dessa vez eu vá te aceitar de volta.
Ela virou e saiu.Dessa vez, foi ela quem não olhou para trás.A dor começava a explodir e ela chorava muito, mas dessa vez seria a ultima.Antes de entrar no carro, olhou para cima e conseguiu vê-lo pela janela, com as mãos na cabeça.Talvez estivesse chorando, ela não sabia bem, não dava para ver.Acendendo um cigarro, sussurro um “Adeus” no meio do turbilhão de lágrimas que brotavam daqueles olhos cansados.

Ele continuou sentado no mesmo lugar, mas agora chorava.Como sempre, se perguntava o porquê tinha feito isso.Mais um fim.Ele só torcia para ela aceita-lo de volta, porque ele voltaria.Mais cedo ou mais tarde, ele teria que voltar.Da janela, conseguiu ver o carro cinza dela indo embora. “Até mais” , ele sussurrou entre uma lágrima e outra.

18.6.13

Verás que um filho teu não foge à luta!


Quando eu era mais nova, tinha um professor que sempre antes de passar a matéria, colocava uma frase.Um dia ele chegou na sala e escreveu "Muda! Que quando a gente muda o mundo muda com a gente." Eu lembro que na época, com 12 ou 13 anos, achei a frase muito confusa e não parei para tentar entender.Ontem, dia dezessete de junho de dois mil e treze, eu entendi o significado dessa frase.
Eu sempre fui a favor do protesto.Sempre achei que é assim que se consegue as coisas: se fazendo ouvir.As matérias de escola e agora de faculdade que falavam/falam sobre política e todos os movimentos dela sempre me interessaram muito e eu nunca entendi muito bem o porque.Eu não  entendia o porquê, até ontem.
Apesar de sempre ser a favor do protesto, no começo disso tudo não tinha vontade de ir para rua.Não, na verdade, não tinha coragem mesmo.Eu ficava me imaginando lá, no alto dos meus 1,57cm , perdida no meio de uma névoa de gás lacrimogêneo e apanhando.Ninguém gosta da ideia de apanhar (salvo Anastasia Stelle).Passei dias inteiros lendo sobre tudo e me informando sobre tudo dos protestos, porque apesar de não ter coragem, eu já estava com um orgulho do tamanho do continente de tudo que tava acontecendo.
Pois bem.Ontem de manhã eu ainda não pensava em ir.Porém, durante a tarde, com todas as manifestações e tudo que eu vi, e senti que PRECISAVA estar lá.Eu sabia que dia dezessete de junho de dois mil e treze iria entrar para a  história, isso estava no ar.Todos estão respirando revolução e isso é LINDO! A cada foto, cada pessoa, cada amigo, cada ídolo meu que falava que ia pra rua, minha angustia aumentava.Ficou de um tamanho insuportável no final da tarde.
Eu não fui pra rua.Graças a uma prova semestral que se eu perdesse, provavelmente me faria perder o ano e consequentemente a bolsa na faculdade.Peguei o trem com um nó na garganta e no peito.
Fui acompanhando todas as notícias com os olhos cheios de lágrimas.Viver isso, essa revolução, o povo saindo de casa para protestar os direitos que a muito estavam esquecidos, é a coisa mais linda que eu já vi na minha vida.Ao parar em uma estação um grupo de jovens entrou e o vagão todo ficou com cheiro de vinagre.Segurei o choro.Tinha vontade de ir com eles, deixar a prova de lado e ir lá, mudar o Brasil.Queria dar parabéns para eles, e dizer para me representarem, porque eu queria estar lá de alguma maneira.Desceram na estação que dava acesso ao metrô sentido Av.Paulista e o cheiro de vinagre foi com eles.
De repente, eu senti raiva.Senti raiva de todo mundo do trem que olhou feio quando eles entraram. “ELES ESTÃO LUTANDO POR VOCÊ TAMBÉM!!!!” eu queria gritar.Senti raiva de todo mundo que parecia estar alheio de tudo, dos jovens no vagão rindo uns com os outros, de todo mundo que podia estar protestando mas preferia chegar em casa para ver tv. O caminho que eu faço andando até a faculdade costuma levar 30 minutos, mas eu queria chegar logo e ver o que estava acontecendo.Fiz em 15 e fui procurar me informar.Abri o twitter (a mídia nesse caso somos nós) e eis minha surpresa “INVADIRAM O PLANALTO!”.Não me contive.A alegria não cabia em mim.E era uma alegria com raiva, raiva de só poder assistir a história sendo feito e não fazê-la também, senti raiva da faculdade que marcou uma prova e raiva de todo mundo que não quis fazer um boicote a prova e ir para Paulista.Maldita prova que ainda começaria as 9 da noite, impossibilitando complemente minha ida.Acompanhei tudo até o celular não aguentar mais.Todas as fotos, todas as notícias.Como eu, muita gente da faculdade queria estar lá também e o assunto foi esse.Fiz a prova sem muita cabeça.
Eu precisava estar lá.Eu preciso ir para um protesto.Parece que tudo que eu vivi até hoje foi para isso.É um sonho ver isso acontecendo, tanta gente se convencendo que tá tudo errado mesmo e por isso tá saindo as ruas pra gritar.Gente que tá mudando e com isso, tá mudando a história.

Apesar de não estar lá de corpo presente, eu estava em espírito.Muito mais na Av.Paulista do que na faculdade.E estou lá ainda.Não parem com esses protestos.Continuem até algo concreto mude.Nós demos um passo imenso rumo a um país melhor.Protestem amanhã e depois e depois e sempre.Eu estarei presente em todos, assim que essas malditas provas acabarem.Continuem com isso, fomos ouvidos e estamos começando a ser levados a sério.Não vamos parar.Vamos fazer história e mudar o país, que tem filhos que não fogem a luta.

12.6.13

Sobre você e o quanto você me faz bem.

Para ouvir: You are my sunshine - Johnny Cash

Esse texto é sobre você e o quanto você me faz bem, mas eu nunca vou conseguir expressar o quanto você consegue me fazer bem.Então, quero agradecer por você estar aqui hoje, mesmo não sabendo ao certo quantas datas como essa você esteve aqui.Alias, eu não sei mais quanto tempo você está aqui já que você é tão vital pra mim que eu não lembro como era antes de você.
A questão é que você sempre esteve aqui.Nos primeiros, eu estava tentando salvar um relacionamento falido e você estava lá.Nos seguintes, eu estava tentando não me matar e você continuava lá, salvando minha vida (e salvou de fato, inúmeras vezes).E você ainda está aqui.Eu já disse e vou repetir : eu não sei como você consegue aguentar tanto tempo essa pessoa mimada,birrenta, egoísta, pessimista e (o que você sempre fala) teimosa.Eu não sei, e sinceramente não quero saber, contanto que você fique.
Fique hoje, amanhã, depois e quem sabe até mês que vem.Depois a gente vê o que faz.Eu sempre vou tentar de fazer ficar mais.Porque a pessoa que eu me tornei surta com mimimi, tem pavor de relacionamento e odeia qualquer tipo de demonstração de afeto, mas por algum motivo com você é tudo diferente.Talvez porque você tenha me conhecido enquanto eu ainda não tinha me tornado outra pessoa, ou porque você é tão incrível que me faz mudar para melhor, ou porque com você eu posso ser eu mesma, ou por mais alguns zilhões de motivos que existem pra esse tipo de coisa acontecer, mesmo não sabendo ao certo qual foi nesse caso.Você faz tudo parecer fácil, natural, e não claustrofóbico e obsessivo como todos os outros são.Você faz parecer simples.E eu adoro coisas simples.E eu adoro você.E eu sempre adorei.
Eu sempre disse que você é minha alma gêmea e eu não sei você, mas tenho cada vez mais certeza disso.
Enfim.Você é incrível e eu falo isso a tempos, tempos que eu tenho certeza que são anos, só não consigo lembrar exatamente quantos.
E independente do que aconteça, se um dia você resolver não ficar mais, se aparecer alguém ou a vida nos separar por qualquer outro motivo, você sempre vai ser meu melhor amigo, sempre vai ser a melhor pessoa do mundo e eu sempre vou te amar.
Mas, por enquanto fica.Fica até que a vontade de ir embora seja insuportável.Fica até que ficar não valha mais a pena.Fica até quando quiser.Depois a gente dá um jeito.
E nunca esqueça: você sempre será  meu raio de sol, meu único raio de sol que me faz feliz quando o céu está cinza.Você nunca vai entender o quanto eu te amo e por favor, não leve meu sol pra longe.

4.6.13

Bolha




(I'm screaming "I love you so"
But my thoughts you can't decode)

Para ouvir:Decode - Paramore
A vida dela ia bem: sem tempo, sem vontade, sem nada demais, mas bem.Ela gostava assim, de não ter tempo para sentir nada que não fosse preocupação com algo relacionado ao trabalho ou ao ultimo ano de faculdade.Tudo ia bem: dentro daquela bolha de vida e solidão, ela se achou.A solidão, que ela temia tanto quando era mais nova,era seu bálsamo e fazia tudo ficar mais fácil.E ela vivia muito bem assim, sozinha, correndo,em paz com ela mesma.
Até que, depois de um dia cansativo de trabalho e chegando na faculdade já tendo a sensação que poderia cair de sono a qualquer momento, ela notou uma pessoa nova na sala.Achou estranho, afinal, que entraria no meio do primeiro semestre em uma sala de 4° ano?
Talvez fosse alguém fazendo DP ou alguém que foi só para assistir a aula.Pelas risadinhas, percebeu que não só ela tinha notado a recente soma de um rosto lindo e barbado naquela sala de mauricinhos engravatados (todos iguais, com carros do ano que papai os deu por ter passado de ano,sempre com os mesmo papos e músicas idiotas), e o assunto girava em torno dele.Tanto, que ela ficou constrangida.Foi sentar mais a frente, para não ouvir as risadinhas das meninas da sala (todas iguais, com carros do ano que papai as deu por ter passado de ano, sempre com os mesmos papos e músicas idiotas).
Ele estava sentado do lado esquerdo da sala e na segunda fileira, o que a deu uma boa visão dele.Ele de fato era lindo : cabelos bem pretos e barba por fazer, ostentava braços totalmente tatuados e estava com uma camisa dos Beatles.Ela ficou se perguntando como ele conseguia ser tão bonito.
Quando o professor da primeira aula entrou, o aluno novo foi falar com ele.Ela quase foi fingir perguntar algo ao professor, só para ouvir o que eles estavam falando, mas não foi preciso: olhando para sala, o professor anunciou que teríamos um aluno novo que ficaria conosco até o fim do curso.O aluno novo ficou vermelho, e a garganta dela ficou seca. Ela teve vontade de sair dali e ir pra casa e dormir, para não ter perigo dessa bolha que ela morava dentro a tanto tempo estourar.Mas ai ele olhou para ela e ela percebeu que era tarde demais.Ela sentiu a bolha estourando, o ar impuro do mundo de fora entrar nos seus pulmões e isso ardeu.O coração dela estava acelerado, e a quanto tempo ela não sentia isso? Ele sorriu para ela e foi instintivo: todo aquele período dela não sentido nada por ninguém ficou para trás.

21.4.13

Ligação

Para ouvir: Eu vou lá - Vanguart


- Alô?
- Oi.
- Oi! Nossa,é você mesmo.Aconteceu alguma coisa?
- Não, nada.Só tô com saudade, queria ouvir tua voz.
- Mas você odeia telefone.
- Eu odeio mesmo.Mas sei lá, tô com saudade e se telefone ajuda a mata-la, eu tô fazendo as pazes com ele por um tempo.
- Faz sentido.
- Mas e ai, o que tu fez hoje?
- Trabalhei, fui pra faculdade.Cheguei agora a pouco, jantei e tava aqui na varanda fumando, mas já tô acabando e vou descer pra dormir.E você, o que fez?
- Trabalhei, fui pra faculdade.Tô chegando em casa ainda, no ônibus.
- Isso explica o barulho.
- É, explica.
Silêncio/Barulho.
- Então você tá com saudade de mim é?
- Aham.
- Pensei que fosse morrer sem ouvir isso de você.
- Ah, eu não sou uma vadia insensível.
- Não, mas você é um enigma.Nunca transparece o que sente.Sempre que eu tô com você parece que você não vê a hora que eu vá embora.
- Se você acha que é isso...
- Tá vendo? Qualquer outra garota que liga para um cara no meio da noite só para ouvir a voz dele porque tá com saudade desmentiria minha afirmação.
- Eu sei o que eu sinto por ti.Tu também deveria saber.
- Quando o assunto é você pequena, eu nunca sei de nada.
Ela riu.
- Eu tô com saudade também.
- Essa semana tá se arrastando.
-Vamos nos ver final de semana?
- Vamos?
- Vamos.
- Agora ela vai se arrastar mais ainda.
- Amanhã é quinta.Sexta eu te busco na estação e vamos pra sua casa, pode ser?
- Eu vou trabalhar no sábado.
- Tudo bem, eu fico dormindo.Quando você chegar a gente vai dar uma volta, você me disse que queria tirar umas fotos.
- É, é uma boa idéia.Espera um pouco, to chegando em casa.
Barulho de chaves e portão abrindo.
- Pronto.
- Vai dormir pequena.Toma um banho e dorme que amanhã é quinta e logo logo a gente se vê.
- Tudo bem.Boa noite, e dorme bem.
- Boa noite.Nos falamos por sms.
-Beijos.
- Ei...
- Oi.
- Adorei que você fez as pazes com o telefone.Não briguem de novo.
- Vou tentar.Boa noite.
- Boa noite pequena.Se cuida.Até sexta.Tô com saudades.
- Eu também.Boa noite.
Silêncio.
- Tu não vai desligar?
- Desliga você.
- Ok.
TU TU TU TU.

17.3.13

Maquiagem.

Para ouvir: Nossa canção - Onze:20

-Já vai sair de novo?
Ele disse enquanto ela passava em direção ao banheiro com a mala de maquiagem.
- Vou - ele a ouviu dizer com o eco que o banheiro do apartamento fazia - não aguento mais brigar com você.
Ele se levantou do sofá e encostou na porta do banheiro, observando ela se maquiar.
- Então fica e vamos tentar resolver isso.
- Estamos tentando resolver isso a seis meses.Não aguento mais brigar.
Ele ficou atrás dela.Ela fingia não ve-lo.Estava tão exausta das mesmas brigas, dos mesmos ataques de ciume, as mesmas coisas.Passou o rímel meticulosamente, espiando e vê que ele observa o movimento quieto.O que será que ele está pensando? Ela queria tanto acabar com essa fase horrível, tirar essa maquiagem e deitar na cama como ele, feliz, como era no começo.Mas não era mais assim.Não era mais fácil.Não era mais feliz.
- Você vai pra onde? - ele pergunta olhando fixamente a imagem dela no espelho.
- Não sei.Espairecer... esquecer, viver.Qualquer coisa que termine com er e me tire desse inferno de casa.
- Você deveria ficar em casa.Hoje é sábado, você tem que ficar em casa com seu namorado.É sua obrigação.
Ela pensou em responder, mas não achava nada digno para responder essa afirmação idiota.Pegou o potinho de sombra em pó e derruba mais da metade no lavatório.
-Ai merda!
- É bom você limpar isso.
- Se você tivesse parado de falar um minuto eu não teria que limpar nada.
- Se você não tivesse inventado de sair você não teria que limpar nada.
- Se você tivesse parado de falar um minuto eu não precisaria sair.
Ele ficou quieto.Ela ficou quieta.Apenas terminava a maquiagem.
- Essa sombra é horrível.
-Não me importa o que você acha ou deixa de achar.
- Eu vou falar pela ultima vez.Olha pra mim - ela relutou - Olha pra mim porra!
Ela levantou o olhar e olhou para ele pelo espelho.
- Eu amo você.Mas se você sair por aquela porta hoje, você não precisa voltar mais.
As palavras doeram.Ela passou o curvex.Passou batom.Calada.Virou-se e ficou a alguns centímetros do rosto dele.Ela o amava.Mas não dava mais.A situação tinha ficado impossível.Se desviou dele e foi até o quarto.Dentro daquela caixa de cupcake, no fundo do guarda roupa, estava a chave do seu antigo apartamento.Sua amiga não ligaria se ela aparecesse lá de surpresa.O quarto dela não havia sido alugado ainda, de qualquer maneira.
Pegou a bolsa, colocou a chave dentro.Antes de sair, uma ultima olhada no espelho.Sabia que era a ultima vez que via aquele quarto.Sabia que sofreria.Mas sabia que aquilo era necessário.Passou por ele no sofá.Respirou fundo.
- Você tem certeza que é isso que você quer? - ele disse sem tirar o olho da partida de video game.
Ela não tinha.Nunca teria.
 - Tchau Eduardo.
- Se você for, será um adeus.
- Adeus, então.
Fechou a porta atrás dela.Sentiu as lágrimas prontas para rolarem : não as deixou cair.Não iria estragar a maquiagem significou tanta coisa.Pegou o táxi.E deu adeus a fachada do prédio, sabendo que isso era o mais certo a se fazer.


10.3.13

Minha paz.



"Eu tento te esquecer mais tudo que eu escrevo é sobre você."

Para ouvir: Minha paz - Glória
Tenho andado tão ocupada que não me sobra tempo para nada.Estou vivendo no automático:acordo e vou para rua, chego e durmo.Acordo e vou para a rua, chego da rua e durmo.Assim, todos os dias, sem tempo para sentir nada que não seja cansaço ou dor no pé.O pequeno intervalo de tempo que eu tenho para sentir (o trem,de um lugar para o outro), sinto a música.Ela sempre me dá força para continuar vivendo essa loucura toda.O lado ruim disso é que eu não tenho tempo nenhum pra mim, não cuido mais do cabelo e minha unha nunca foi tão mal feita.O lado bom disso é que é uma ótima desculpa a se dar quando alguém pergunta de namorado."Não tenho tempo nem pra mim" eu respondo, quando na verdade esse namorado não existe porque eu não tenho paciência com ninguém que não seja você.Porém, no meio dessa loucura toda, no meio dessa falta de sentimentos e excesso de vida real, sempre tem tempo para pensar em você e sentir sua falta.É o único sentimento que consegue me acompanhar no dia a dia conturbado que eu vou ter pelos próximos 4 anos.A saudade que eu sinto de você é meu calcanhar de Aquiles: é o ponto que eu pensei enquanto mergulhava no rio Estige.Ele me trás sempre de volta a realidade e é meu ponto fraco, mas agora eu sou invencível.Quase.Você é e sempre foi meu calcanhar de Aquiles.Você é minha kriptonita.
Nunca vou saber lidar direito com a sua ausência.Nunca vou deitar na cama e não sentir tua falta, nunca vou pegar o ônibus sem imaginar se você não está dentro.
E ao mesmo tempo que a saudade de você em agonia, é nela que eu me encontro.É com ela que eu posso contar depois de um dia difícil, é ela que me faz lembrar que eu estou viva e ainda capaz de sentir alguma coisa.
A saudade conforta e conforta porque me trás você, de um jeito ou de outro.Porque, de um jeito ou de outro, você é a minha paz.

28.1.13

O começo do fim.



Para ouvir: Somebody That I Used to Know - Glee Cast feat. Matt Bomer

Chovia. Ela estava lá, no bar de sempre, fumando o cigarro de sempre, lendo o livro da semana, bebendo o vinho de sempre e sentada na mesa de sempre.Era uma rotina que ela adotou a alguns meses : Sempre ir beber um pouco, assim mesmo, sozinha, no bar perto de sua casa, que ela gostava muito por poder fumar do lado de dentro dele.
Ela gostava da solidão e a solidão gostava dela. Em todo tempo que estava sozinha, não encontrou ninguém que fizesse isso mudar.Nunca encontrou ninguém que fizesse ela abandonar a solidão.E depois de tanto tempo, ela também não ligava mais.Estava bem assim, e assim ficaria.
Atribuía a culpa sempre ao seu ultimo namoro, que acabou abruptamente, Mas talvez nem fosse isso... Talvez isso sempre tivesse sido dela, mas só agora ela conseguiu aceitar o fato.
Estava terminando o 1° cigarro quando ele entrou. Ele não a viu, porém, ela sentiu uma dor tão grande no peito.E ai ele a viu: e ela sentiu que foi recíproco.Não se viam desde aquele dia ridículo, daquela briga ridícula que acabou com o relacionamento ridículo dos dois.Depois disso, anos se passaram, e eles nunca mais trocaram uma palavra.Eles nunca mais sequer tinham se visto.
Ela teve vontade de se enfiar embaixo da mesa para que ele não a visse. Porém, fechou os olhos.Tinha essa coisa de criança, achava que quando fechava os olhos, ficava invisível.Ninguém mais a veria ali.Porém antes de fechar os olhos, conseguiu ver que ele deu um passo para trás, em direção a porta, pensando em sair correndo dali.
Abriu os olhos uns momentos depois e o viu sentado duas mesas a sua frente, com a atual namorada. Sabia que ele estava namorando, então não foi o que a chocou; o que a chocou na verdade foi o fato de que mesmo depois de tantos anos, ele não tinha mudado nada.Continuava com o mesmo corte de cabelo feio e com a mesma cara de orgulho.A sua namorada estava de costas, e ele de frente para ela.Ele a olhava e ela percebeu que fizera isso de propósito.
Ela se surpreendeu sentindo falta dele, uma falta tão intensa que ela nem lembrava como era isso. De repente, ser tão sozinha era um fardo imenso que ela não agüentava carregar.Ela precisava dele para andar com ela.Reconheceu esse sentimento: era o mesmo que ela tinha desde a época que eles estavam se conhecendo: sentia que não podia agüentar mais um minuto sem a presença dele, fosse em uma mensagem, ou em uma ligação, ou pessoalmente.Ela agradeceu a Deus não ter sentido isso por mais ninguém depois dele, porque doía tanto que se pegou pensando em como conseguiu sobreviver o namoro todo com essa sensação.
Tentou comer o resto da porção que restava, mas não conseguiu. Sempre foi assim, quando ele estava por perto, ou quando ele estava indo para perto.A garganta fechava.Comer não era importante.
Tentou se concentrar no livro. Sem sucesso.Leu a mesma página 9 vezes e não entendeu nada.Olhou para ele e ele olhava para ela.Ela sorriu.Ele corou.
Terminou o vinho, pediu mais. Decidira sair dali só quando esse fosse embora também.Acendeu outro cigarro e fingiu ler o livro.
Percebeu, depois de algum tempo, que eles estavam levantando. Ela se preparou para vê-lo sair dali, e vê-lo sair da vida dela outra vez.Porém, ele deu um beijo na namorada e sentou-se novamente.A namorada foi embora olhando um pouco para trás.Ela sorriu para si mesma.Ele pediu outra cerveja e ela terminou o vinho.
Eles se olhavam e ela percebeu que talvez, mas só talvez, ele tivesse ficado por causa dela. Mas não era isso, ele sempre fora orgulhoso demais para fazer essas coisas.
Decidiu ir embora. Guardou o livro na bolsa, o cigarro e decidiu pedir a conta.
Enquanto esperava pelo garçom, o vi se levantando e indo em sua direção.

10.1.13

Eu aceito.

 "E hoje, ao pensar no que escrever eu só consigo me lembrar de uma frase: “Te amo tanto, tanto, tanto que te deixo em paz.”Tati Bernardi

Para ouvir: O que te faz voltar - Canto dos Malditos na Terra do Nunca
E são em dias assim, exatamente assim, que eu vejo a falta que você faz.Em dias que eu saio do trabalho querendo que o primeiro carro me atropele e acabe com essa agonia infernal que é viver no automático, que eu penso em como seria bom ouvir você rindo desse drama infernal que eu sempre faço.Como seria bom te ligar e ouvir sua voz, mesmo fazendo pouco caso do meu choro do outro lado da linha.
E hoje, exatamente hoje, eu queria tanto deitar do seu lado e ficar sentindo teu cheiro de sabonete e perfume com nome de carro italiano até toda essa dor passar e só sobrar aquele alegria boba de criança que ficava comigo sempre que eu estava nos seus braços.
E isso é tão natural que faz parte de mim.Você faz parte de mim.Te amar faz parte de mim.Como aquela parte que não vive sem música, igual a parte que é demente por animais de quatro patas que miam.Faz parte de mim e eu não posso fazer nada, então, eu aceito.
Eu luto contra isso a tempo demais e não está adiantando.Então hoje, eu aceito que vou te amar pra sempre.Porque você faz falta a todo segundo.Eu aceito porque toda vez que eu choro começo a chorar por algo que deu errado e termino sempre chorando pela sua ausência.
Eu aceito porque sei que mesmo que se passem 60 anos, sempre que eu ver alguém parecido com você eu vou sentir aquela dor ardida por dentro.Porque ainda sinto ciúmes de você com a sua namorada .Eu aceito porque ainda tenho o resto do teu perfume que você me deu algumas semanas depois da gente ter começado.Aceito porque ainda tenho o pedaço da toalha da mesa do bar que você escreveu que me amava uma semana depois de termos comprado as alianças.Aceito porque ainda tenho nossas fotos.Aceito tudo isso porque pra mim é tão natural quanto acordar mal humorada, ou errar o delineador : tudo isso faz parte de mim.
A única coisa que eu nunca vou aceitar, passe o tempo que passar, é o jeito que você saiu da minha vida.Vou estar sempre esperando você voltar,nem que seja pra ser só um amigo.Porque só ouvir a sua voz hoje me faria tão bem, que eu aceitaria você como amigo, e só isso.Porque você faz parte de mim.E sempre vai ser a melhor parte de mim.