30.12.12
It's over.
Para ouvir: O rei - Megh Stock
Eu queria sentir raiva de você e dessas suas atitudes medíocres pra sempre, pra nunca mais sentir aquele enjoo incomodo quando eu ver você.Eu fico aqui, pensando e pensando e repassando todas as vezes que você foi um completo idiota comigo (e olha que não foram poucas) tentando pegar raiva de você e conseguir tirar você da minha vida e da minha agenda de celular. Eu queria ver você como um cara bonito, e não ficar com uma forte taquicardia cada vez que você ri pra mim.Eu preciso ficar longe de você.Longe de você tudo faz sentido, fica claro que você não me faz bem e que o melhor é eu ficar em casa sempre que você estiver incluso em qualquer programa.Mas ai, a possibilidade de ficar perto de você entra em ação, e nada mais faz sentido... não faz sentido eu ficar em casa quando poderia estar rindo das suas piadas sem graça.A possibilidade de você me olhar e ver que eu sou legal sempre é mais atrativa que a possibilidade de eu ficar em casa e você ver isso em outra garota.Mas, porque eu quero que você me veja como uma garota legal quando na verdade você não é um cara legal?Porque eu vou ficar sendo legal, engraçada e compreensiva para alguém como você?Não faz sentido, e minha cabeça grita isso pra mim a todo momento.E quando eu acho que você não é tão arrogante assim, quando eu acho que você tem um pingo de consideração com alguma pessoa, vem uma bomba de ego e egoismo.Assim,do nada... um tapa na cara.E ai, parece que tudo ao redor grita um 'bem feito' em um tom cínico, e eu prometo pra mim mesma que nunca mais eu saio da minha casa pra ficar perto de você, quando eu sei muito bem que na semana seguinte, lá estou eu procurando uma roupa decente e olhando o celular de 5 em 5 segundos.
Você é um fraco que curte descontar suas frustrações em pessoas que só querem o seu bem.E eu sou uma idiota que fico tentando querer entender o porque disso.Chega.Dessa vez acabou.Não quero mais essa merda.
4.12.12
todo amor que houver nessa vida.
Para ouvir: Janta - Marcelo Camelo
Acordou e sorriu. Que sensação boa era aquela que não sentia
a tanto tempo? Sentiu vontade de sorrir só por ver os gatos em cima da cama. Tateou
o lado da cama, mas ele já não estava mais ali. Estranho.
Levantou calmamente, prendeu o cabelo em um coque alto e
acendeu um cigarro. Do alto do 6° andar, a cidade começava a acordar. O céu
ainda era um azul meio roxo, evidenciando o dia que começava a nascer. Um vento
frio soprou e ela se arrepiou.
Apagou o cigarro e vestiu uma blusa. Começava a chover. O
gato se enroscou nas pernas dela, e ela sorrindo, foi para a cozinha. Encontrou
um maço novo de seu cigarro e suco fresco com o bilhete 'tive que ir trabalhar
pequena.te ligo durante o dia".A ausência estava justificada.
Sentou-se à mesa lendo o livro da semana. Às vezes, a
atenção saia das páginas e ela se pegava pensando nele.No sorriso, no jeito de
falar."Você é tão perfeito que dá nojo" se lembrou de ter dito.E
realmente era.Ela não sentia isso a tanto tempo: o riso a toa, a falta de
apetite, as horas não passando e o aperto no peito da saudade que vai ser morta
no fim do dia.Tinha esquecido como aquilo era bom.Tomou o suco (o melhor do
mundo), fumou mais um cigarro e foi arrumar a casa.O celular tocou e ela
sorriu. "Oi" "tudo bem e você?" "ah, só arrumando a
casa" risos "é, eu sei" "eu também você acredita?"
sorriso tímido "perto aqui de casa?" "ok" "não, você
escolhe" " oito e quarenta, tá"
"não me atraso,prometo" "beijos" "até".
Arrumou a casa, tomou um banho e remédio para alergia. Deitou
na cama com os gatos para continuar lendo, mas o cheiro dele ali era forte
demais.Acabou pegando no sono e quando acordou, já estava meio atrasada.Arrumou
o cabelo, colocou aquele vestido com a sapatilha, deu um jeito nas olheiras e
saiu,sentindo que poderia ir flutuando.Deu 'boa noite' ao porteiro, esperou a
senhora entrar para fechar o portão.Sorriu para as crianças.
Chegou atrasada. Ele estava lá, encostado perto de um
vaso de planta, com o xadrez lindo.Sorriu quando a viu.Ela sorriu junto.Sentiu
vontade de ir correndo para os braços dele, mas se conteve.Se abraçaram por um
bom tempo. "A sessão começa em 4 minutos”. "Desculpe" ela corou
"tomei o remédio para alergia.Me deu sono, acabei dormindo". Ele a
abraçou "tudo bem" beijou seu cabelo "vamos, antes que comece o
filme”. Andaram abraçados até a porta do cinema.
19.11.12
17 vocês.
Para ouvir: Cara estranho - Los Hermanos
"Parte de mim quer te ver feliz.Parte de mim te expulsa e morre."
É uma saudade tão sem sentido e tão grande de tudo em você;
de tudo que não foi e nem nunca vai ser meu, e do pouco que eu tinha de você
pra mim.Eu queria conseguir ficar com raiva da pessoa medíocre que você é pra
sempre, pra nunca mais sofrer da sua falta.Mas não dá.
Sonhei com você hoje, e você estava tão bonito.E tão
educado.Tão bonito e tão educado que talvez no sonho nem fosse você de verdade,
mas o sonho grudou na minha cabeça com você e tudo bem, no fim das contas, uma
vez na tua vida você pode ser educado, nem que seja nos meus sonhos.Não foi
nada demais, você só ia se despedir e me abraçava, e eu ficava pensando ‘meu
deus, eu não quero mais soltar ele.Mas eu vou ter que soltar, ou ele vai perceber
que eu sou louca por ele’.Ai, quando eu ia te soltar, você me abraçava mais, e
colocava a mão no meu cabelo e ai eu parava de pensar e ficava só abraçada com
você , por não sei quanto tempo.E você me abraçou mais forte e disse ‘porque a
vida é tão chata?’ e eu dei risada.E acordei.
O quanto é ridículo eu ficar com saudade de você porque eu
sonhei que você me abraçava?O quanto é
ridículo eu ficar com saudade de alguém que nunca me abraçou?O quanto é ridículo
eu ficar com saudade de você?É tudo ridículo entre nós.Principalmente porque
nunca houve nós.Houve o você, e há o eu, aqui.Mas esse eu tá tão cansado dessa
história patética.Deu né?Chega.Nunca houve o nós e não vai haver.Espero que você
seja feliz, e só por hoje eu fico sem falar com você.Só por hoje.E depois.E
assim por diante.
8.11.12
Me leva também qualquer dia desses.
Para ouvir: Para e olha pra mim - Mallu Magalhães
Sentou-se do meu lado e sorriu.E era um sorriso tão lindo e
tão dele, que eu me senti corando.EU CORAR! Posso contar nos dedos todas as
vezes que eu corei na vida.Ele não percebeu, ou fingiu que não
percebeu.Continuou entretido em uma piada chata, e eu continuei entretida no
sorriso dele.Era um sorriso tão lindo e tão perfeito que eu teria uns bons 7
anos de aparelho ortodôntico pela frente se quisesse ter dentes um pouco
parecido com os dele.A piada acabou e ele riu mais por educação do que por
achar graça, mas todos riram (eu também, embora não tivesse prestado atenção em
nada a não ser no maxilar dele) e alguém emendou um assunto qualquer para o
humorista da mesa não tentar começar outra piada.Ele se entreteu no assunto e
eu fiz o mesmo.Era algo sobre a ultima viagem deles, e eu estava conseguindo
até prestar bastante atenção, mas ai ele se espreguiçou e colocou o braço no
encosto da cadeira que eu estava sentada, cuidadosamente para não encostar um milímetro
em mim.Eu não me mexia, não pensava, nem sequer respirava.E ele conversava,
ria, tirava e colocava o braço ali como se nada tivesse acontecendo.Eu estava
perto de ter uma sincope, com aquela proximidade toda e ele completamente
normal e inatingível - na sua bolha de superioridade.Como sempre.
Lá pelas tantas decidi prevenir um avc e fui aumentar as
chances de um câncer de pulmão.No pub de sempre, o fumódromo é na parte de trás
com uma escada de pedra convidativa.As pedras estavam úmidas e molharam um
pouco a minha saia, mas a sensação ainda era melhor do que continuar naquele
apego contido.O ar era frio e o cigarro não durou, mas era melhor do que ficar
vendo seu sorriso e imaginando como deve ser incrível passar a noite colada
nele.Voltando pra mesa, percebo uma presença feminina a mais, e sentada ao lado
ele (que era meu lugar, literalmente).Sento na sua frente e ele me sorri de um
jeito 'me dei bem'.Eu finjo ficar feliz com sua nova aquisição galinácea,
sorrio e viro uma dose de tequila.Enquanto ela ri alto e coloca a mão no braço
dele, eu tenho vontade de quebrar a garrafa de José naquele cabelo loiro falso,
mas percebi que seria muito caro e sangraria muito, e eu estou com a blusa
branca que eu amo então não valeria a pena.No fundo, o cara da banda ensaia
"Your song" e tudo começa a ficar triste demais.Quando eu ia levantar
pra ir embora, você levanta de mão dada com a loira e se despede de todos com
um tchau genérico.Me dá um piscada e sai com ela.E eu fico lá, sentindo a náusea
se formando no meu estomago, um nó imenso na garganta e saudade de você.Porque
não eu? Viro mais uma dose e vejo seu carro saindo com ela,minha auto
estima e meu amor próprio.Durante a semana eles voltam, mas só pra esperar você
pra irem embora outra vez.E eu só espero você, esperando um dia ir embora do
bar junto com vocês.
24.10.12
sdds
Para ouvir: Ainda bem - Vanessa da Mata
Eu não sei porque nos afastamos tanto... eu prefiro pensar que você fez de proposito, porque acha que é melhor pra você ficar longe de mim (o que eu concordo plenamente) porque nesse caso eu aceito sem nem questionar já que é o melhor pra você e isso é única coisa que eu te desejo pra sempre.O que eu realmente não quero pensar é que nos afastamos simplesmente porque nos afastamos, porque não fazia mais sentido ficarmos tão juntos, e isso acabou cansando você.Não quero acreditar que isso aconteceu e que você nem sente minha falta, porque eu falo de você pelo menos uma 37 vezes no dia.Eu sinto tanto a sua falta, de você,da sua risada, dos seus sms ao longo do sia, dos almoços, dos conselhos, do seu cheiro e de tudo relacionado a você e a sua presença que era tão constante e tão necessária na minha vida...Saudade suas e de como você fazia eu me sentir quando estávamos juntos (embora isso soe egoísta, coisa que eu sempre fui e você sabe muito bem porque me conhece mais do que qualquer pessoa na face da terra) sinto falta de como me sentia protegida ao seu lado (como se fosse tudo legal, como se não faltasse nada) saudade de você sempre fazer força para gostar das coisas que eu gostava, saudade de você vibrar com cada coisa minuscula que acontecia comigo do mesmo que jeito que eu vibrava.Saudade de tudo em você e saudade de nós.
E vendo assim, relembrando o quando você era perfeito pra mim, e percebendo mais uma vez que eu nunca consegui ser tão boa para você quanto você foi (e continua sendo, mesmo distante) pra mim, eu não te culpo de ter se afastado.Te entendo.De verdade.Se pudesse eu também me afastaria de mim.
Eu amo você, pra sempre, e sempre do mesmo jeitinho.Sdds.
14.10.12
"Quando Caetano me beijou"
Para ouvir: Black - Pearl Jam
Já era a 4° ou 5° vez que eu e Caetano saíamos, e ainda não
tinha acontecido nada.Nós sempre ficávamos bem próximos, riamos de besteiras,
ele me dava a blusa no final da noite quando esfriava,e o clima estava ali, mas
nada.Eu já estava começando a me conformar com posto de melhor amiga, que você
sai para ir no cinema quando não tem muito o que fazer no sábado a noite.Eu só
não entendia o porque das mensagens de bom dia, das músicas compartilhadas no
mural daquela rede social.Todas as outras noites eu ainda tinha esperança que
ele me olhasse e visse que eu sou sim uma menina legal, até um pouco bonita e
com potencial para namorada, mas essa noite eu já não tinha esperança alguma.Primeiro,
porque ele me chamou para ir em um bar de motoqueiros, que toca metal e mal tem
espaço para você se mexer.Não era nada romântico,nada que inspirasse um
primeiro beijo (a menos que começasse a tocar “Always” do Bon Jovi ou “Crazy”
do Aerosmith, mas não era provável que isso acontecesse) .E segundo porque
também iriam alguns amigos dele.Se ele não me beijava quando estávamos
sozinhos, no cinema, assistindo uma comédia romântica fofa e tocando uma música
propicia, porque ele iria me beijar em um bar amarrotado, tocando música pesada
e com vários amigos por perto?Era oficial: eu estava na friendzone.Mas o que
fazer? Ficar longe daquele cabelo no queixo era difícil demais, então por mais
que eu prometesse para mim mesma que nunca mais sairia com ele, era só meu
celular vibrar um convite que eu estava abrindo o guarda roupa para ver o que
eu tinha de mais legal para impressiona-lo.Alias, mulher tem dessas, acha que
uma blusa vai fazer o cara se apaixonar.
Como combinado, nos encontramos em frente a estação de
trem.Ele disse que o bar ficava perto, o que era verdade se você está acostuma
a fazer uma peregrinação pelo Chile para chegar nos lugares.Ele disse que os
amigos estariam já no bar, e fomos conversando sobre o dia pelo caminho ( daria
tempo de casarmos e termos filhos de tão ‘perto’ que era esse bar) .Chegamos,
os achamos e os cumprimentamos.Eram 3 homens e 2 mulheres, não contando eu e
Caetano, e já logo de cara percebi que uma delas ficou muito animadinha com a
chegada dele, cochichando com a amiga e mexendo no cabelo.Mulher tem 6° sentido
para essas coisas, sabemos quando alguma piranha está interessada no nosso
homem em 3 segundos (se ela for discreta).Sentamos em uma mesa do lado de fora
porque graças a tudo Caetano tinha amigos fumantes também, o que significava que
eu não precisaria deixar ele e a piriguete ruiva (eu tinha falado que ela era
ruiva? Pois bem, ela era ruiva.Mamãe sempre me ensinou a não confiar em
ruivas.Talvez por isso eu tenha pintado o cabelo de vermelho) sozinhos na mesa.O bar era legal , diferente do que eu
pensei, com alguns discos velhos na parede e cerveja bacana.Caetano sentou
do meu lado, como de costume, e a piriguete sentou do lado dele.
Pedimos cervejas e começamos a conversar.Caetano tinha uma
amigo (ainda tem, Caetano não morreu e esse amigo também não) que tinha o
apelido de Ross hoje em dia eu sei que é porque a ex dele o trocou por uma garota).A
questão era que Ross era muito legal e começamos a conversar sobre marcas de
cigarro e coisas do tipo até que ele levantou para ir ao banheiro e eu percebi o
quanto Caetano estava animado com o papo com a piriguete ruiva.E ela estava
pirigueteando como uma piriguete que se preze , com direito a perna cruzada,
risada alta de toda e qualquer coisa que ele falava e elogios sobre a textura
do cabelo e tecido da camisa.E ai eu percebi que era a noite onde eu estava
sendo friendzonezada oficialmente.Pensei que começaria a tocar “Anna
Julia”(hino da friendzone) e eu ganharia
uma faixa, uma coroa, iria no palco discursar sobre o ocorrido e desejaria a
paz mundial no final do discurso, mas nada disso aconteceu.
Acendi um cigarro e fiquei quieta fumando, enquanto ouvia os
‘HAHAHAAH’ da piriguete e achando que Ross estava demorando demais no banheiro.Ross
era legal e bonito, não tão bonito como Caetano, mas se o plano dele era me
deixar na friendzone e pegar a piriguete ruiva, ele não ligaria eu pegasse o Ross,
não é mesmo?
Ross voltou do banheiro e continuamos a conversar, até que
Caetano cutucou meu braço e pediu para eu ir com ele até o balcão (que ficava
dentro do bar) para comprar cigarros.Obedeci e fui.
- Parece que você se deu bem com o Marcelo – ele disse em um
tom meio emburrado e olhando para a frente.
- Marcelo? Quem é Marcelo?
- O Marcelo.Ah, você deve ter o conhecido como “Ross” – ele
fez aspas com os dedos no ar.
- Ah sim.Ele é legal, e engraçado – e não me deixa de canto
para conversar com nenhuma ruiva, pensei em acrescentar.Mas eu era bff não é?
Não é papel de bff falar essas coisas - e me contou que faz faculdade com você.
- É, faz sim – colocou as mãos no bolso e chutou uma tampa
de long neck para longe com o all star surrado.
- E você está se dando bem com ruiva – minha vez de dizer
como quem não quer nada.
- A Cíntia .Ela é legal sim, e engraçada – ele me olha nos
olhos – e ruiva.
- E ruiva – eu constato.Graças a tudo, era chegada a nossa
vez no balcão.Eu compro um maço do meu blue ice, ele do filtro vermelho e
seguimos para a mesa.
Antes de chegar, a pessoa que estava no som resolveu
sacanear e enfiou um “Black” do Pearl Jam no meio da nossa cara.Ouvimos alguns
“ows” femininos de algum canto da sala, e alguns casais foram para o meio do
bar dançar.Era uma cena legal, ver caras de jaqueta de couro e cabeludos se
acabando nos braços de alguma menina bem menor do que eles, ao som de uma banda
grunge que provavelmente eles detestavam.
Estávamos chegando na mesa quando Caetano passou na minha
frente e colocou o maço de cigarros dele perto da carteira que estava na
cadeira.Pegou o meu e fez a mesma coisa e pegou na minha mão.
- Vamos dançar?
Opa.Você não dança “Black” com a sua bff.E ele também não
vai dançar comigo, já que eu não sei dançar.Mas quando vejo, já estamos no meio
do bar, no meio de tantos casais e tantas jaquetas de couro.No meio de coturnos
, estava o all star azul do Caetano, e no meio de tantas tachinhas, estava
minha corrente dourada.
- Eu não sei dançar – disse rindo, estando até um pouco a
vontade, graças a intimidade que eu já tinha com meu novo melhor amigo.
- Eu te ensino, vem cá – ele trouxe meu corpo junto ao seu e
colocou uma mão no meio das minhas costas.Com a outra, colocou minha mão em seu
ombro, e depois pegou minha mão livre e a segurou com força, perto do seu rosto
– até aqui foi fácil – olhou nos meus olhos e sorriu .E eu estava meio tonta
com a proximidade – agora se concentra em mim.Eu me concentro na música.E eu te
guio.
Era realmente fácil, não sei se porque ele era muito bom ou
porque eu estava completamente confortável de estar ali, aninhada no seus
braços.Nos não falamos.Eu encostei a cabeça no seu ombro e fechei os olhos,
desejando que aquela música nunca acabasse.Por um momento, abri meus olhos e
olhei em direção a mesa, onde a piriguete ruiva olhava e cochichava com a
amiga.Certamente muito puta por ter perdido o homem dela.
A música acabou.O som voltou a passar alguma banda que eu
não gostava muito (Megadeth, pelo que estão falando).Ele me abraçou com
força.Nós rimos.
Eu me soltei dele e fui em direção a mesa, e por algum
milagre divino, Caetano pegou minha mão enquanto eu virava.
- Vamos dançar mais essa – ele disse olhando para o chão.
- Mas não é uma música lenta – me arrependi da frase logo
depois que eu terminei de pronuncia la.
- Tudo bem... só fica mais um pouco aqui.
Eu sorri.Ele me colocou na posição de dança, com muitos
olhares espantados e alguns “ows” femininos de algum canto.
E ai, na metade do refrão, ele me beijou.E eu rasguei a faixa de BBF mentalmente.
6.10.12
tpm mesmo.
Para ouvir: The Scientist - Glee Cast
Começou com “Blackbird” no ônibus.Chegando em casa, a culpa
foi daquele episódio de uma das minhas séries favoritas, aquele em que todos os
casais terminam.E ai o casal principal foi o que mais me afetou, já eu me sinto
tão Rachel em relação a você depois que ela cantou ‘Without you” , que o
termino desse casal em especial me deixou sem ar.Porque eu entendi cada palavra
que ela disse, toda a história de ‘com você eu vou sempre ser agora garotinha
com brilho nos olhos que te assustou no primeiro ensaio’ e toda essa coisa dele
ser o primeiro amor mas ser um completo idiota.E ai o episódio acabou com “The
Scientist” e eu chorei tanto, um choro tão justificado pela letra da música.Mas
ai o episódio acabou e eu continuei chorando, tão pelo fim daquele casal, tanto
pelo nosso fim, tanto por todos os fins que eu ainda vou ter e por tudo que
existe.E eu chorei tanto, um choro tão merecido e precisado, aquele choro que
tira todas as suas forças e te deixa sem ar, mas dá um alívio tão grande
depois.E mesmo tento chorado até dormir e ter acordado com os olhos imensos e
vermelhos, eu me sinto agora, nesse momento, com tanta vontade de chorar mais.Só
que acabou o tempo, eu tenho que me maquiar e ir enfrentar a vida lá fora,
mesmo sendo sábado.Nenhuma maquiagem é capaz de esconder o estado de espírito,
mas eu precisava tanto disso, que quando perguntarem porque meu olho está desse
jeito eu estou pensando em simplesmente responder ‘porque eu precisava’, e
encerrar o assunto.Mas não dá, vou acabar respondeu ‘não sei’ quando na verdade
eu sei, eles sabem, a almofada que eu dormi (que agora tem o seu perfume, de
novo) sabe e até você, se me olhasse na rua com os olhos inchados desse jeito,
saberia que o motivo é você.Quando na verdade, eu sei também que não é só você,
e sim tudo que está e tudo que não está acontecendo agora, com a segunda opção
ganhando da primeira e isso me mata.Chorei pelo sentimento de solidão e
abandono que não me larga desde que você saiu pela minha porta.Chorei por
saudade suas e por saudade do carinha do trabalho, e por saudade do cara da
faculdade e por saudade de sentir saudade de alguém como eu sentia de você.Chorei
pela saudade de receber um sms de bom dia, saudade de ter alguém pra me abraçar
bem forte e falar que tudo ia ficar bem e que ele estava lá, pra qualquer
coisa.Porque eu percebi que a Rachel tem o Brody, o Kurt vai ter algum cara fofo, o Blaine não me interessa já que ele foi um idiota, a Britanny nem sabe direito o que está acontecendo e a Emma vai acabar indo com o Schuster para qualquer lugar.E eu tenho quem?
Eu chorei tanto, por tantas coisas.... que vou acabar colocando a culpa
toda na tpm, e não em todas as coisas do mundo.
27.9.12
Vai.
- Você vem?
-Pra te dar tchau?
- Sim.Ou pra me fazer ficar.
- Você ficaria se realmente quisesse.
-Me faça querer ficar.
-Estou tentado.Há muito tempo
-Tente de novo.
-Você quer que eu implore?
-Você sabe que não é isso.
-Eu já tentei de tudo príncipe.
-Não tudo pequena.
- Tudo.Absolutamente tudo que estava ao meu alcance.
-Tô chegando no aeroporto, e ainda tenho esperança de te encontrar aqui.
-Tô em casa.
-Ainda dá tempo de chegar pequena.
-Ainda dá tempo de não ir príncipe.
-Vem me dar um abraço de despedida.
-Não dá.
-Porque?
-Não consigo.Quantas vezes eu já tentei me despedir de você?
- 14.
- E como acabava?
- Não acabava.
-Exato.Agora não vou te impedir.Não quero mais ser um problema na tua vida.
-Não seja dramática.Você nunca foi um problema.
-Você já tá no aeroporto?
- Já.E você não tá aqui.
-Eu disse que não estaria.
-Vem.Me dá um abraço.O ultimo por favor.
-Não consigo.
-Por favor.
- O que isso vai mudar?Você vai ficar, vamos ficar juntos?Felizes?Sem suas drogas , suas bebidas e seu ego no meio?Porque se você falar que sim meu amor, que eu vou te encontrar, te abraçar e te trazer pra minha vida pra sempre, só com teus cigarros e com suas mil camisas xadrez , eu vou e vou agora.Vou sem maquiagem e nem paro pra comprar cigarros.
- Você sabe que não é tão simples.
-Seria se você gostasse mesmo de mim.
-Eu te amo.
- Não me faça citar Closer.
- Vem cá.
-Vem você.
-Meu voo sai em 3 minutos.
-Desista de ir.
-Me faça desistir.
- EU TENTEI! TENTEI DESESPERADAMENTE DURANTE 3 ANOS, SEMPRE SENDO A SUA IDIOTA E ATURANDO SUAS OUTRAS PAIXÕES!EU TENTEI SEGURANDO A ONDA DAS TUAS CRISES EXISTENCIAIS E OUVINDO TUAS MÚSICAS RUINS E INDO VER TUAS PEÇAS, EU TENTEI !!!!
- Não grita.Você não tá aqui mesmo?
- Não.
- Vou desligar então.
- Ok.
-Me deseja boa sorte?
- Toda sorte do mundo.
- Adeus.
-Tchau.Quem sabe um dia a gente se encontre por ai.
- Tô te vendo.É você na lanchonete, chorando? Não chora pequena.
- Vem me dar uma abraço.Me beija e vai embora.Você tá acostumado a fazer isso.
Se abraçaram.
-Me espera.Eu volto pra você.Você não vai me perder.
- Não posso perder o que eu nunca tive.Boa viagem.Seja feliz.
-Não sem você.
- Você é muito bom nisso.
9.9.12
Ok, vamos tentar.
Para ouvir: Break in - Halestorm
- Diferente como?
- Sei lá... diferente.Parece mais fria.Como se seus movimentos fossem calculados, sem dar tempo para pensar no meio deles.Você não era assim - ele se sentou ali mesmo - era mais sonhadora, mais calma.Tinha olhos mais brilhantes e sorria mais fácil.Você tá diferente.
- Dois anos mudam muita coisa - eu sorri forçado.
Dois anos tinham se passado desde que ele tinha saído por aquela mesma porta.Fue a comprar cigarros y nunca volvio.E eu tinha mudado mesmo.Cada movimento era calculado pra não sobrar tempo para pensar na falta que ele fazia, porque sabia que se esse pensamento começasse, qualquer ação que estaria em curso terminaria.
- O que você fez nesses dois anos que eu estive fora? - ele se levantou, foi até a janela e acendeu um cigarro.
- Senti sua falta - eu disse sentando na bancada da cozinha - pensava por que você tinha ido.O que eu tinha feito de errado.Se você voltaria.
- Você sabia que eu voltaria.
- Não sabia.Eu esperava que voltasse.Mas não sabia se voltaria.
- Ninguém passou por aqui nesse tempo?
- Ah, sim.Minha mãe passava as vezes para saber como eu estava, reclamar da bagunça e perguntar de você, mas isso só no começo.Depois ela vinha pra me trazer comida e falar que eu estava emagrecendo demais.As meninas vem sempre pra me animar, e também as vezes vem o moço da tv a cabo.
- Não estou perguntando isso - ele me pareceu um pouco irritado.
- Ah, homens? Sim, muitos passaram.Um até ficou por um tempo.Mas ai ele se cansou de me ver olhar para porta cada vez que o vento batia e ela fazia barulho.E foi embora.Outros passaram depois dele, e as vezes vem o moço da tv a cabo.
Ele abaixou a cabeça.
- Mas e você - me virei para ele.Ele ainda estava de costas, e sem camisa na janela.As costas dele eram ainda mais lindas do que eu podia lembrar - o que fez nesse tempo em que ficou longe?
- Fiquei tentando ficar longe para sempre - ele terminou seu cigarro e se virou para mim - mas cada dia que passava eu sabia que não conseguiria e acabaria voltando.Quando eu decidi que voltaria, apareceu o medo de já ter outro aqui.E isso me atrasou mais um pouco.
Ele se sentou do meu lado e me abraçou.Por um momento, a certeza de que tudo acabaria do mesmo jeito passou.
- Não vai dar certo de novo não é? - ele disse com um tom de voz que quase me fez chorar.
- Provavelmente não - eu disse colocando a cabeça em seu ombro.Que saudade eu tive daquele cheiro - mas a gente percebeu que a vida um sem o outro é difícil demais.Acho que só nos resta tentar.
Nos sabíamos disso.E como sabíamos.Ok, vamos tentar.O que são dois anos longe para quem tá tentando ficar perto a muito mais que isso?
6.9.12
O amor é outra coisa.
Para ouvir : Sem garantia em com defeito - Tópaz
- Você não entende - eu disse rindo forçado - eu desisti de ter uma vida normal no momento em que coloquei meus olhos em você.
Ele sorriu.
- Tá vendo? Esse sorriso que me fez esquecer essa história de normalidade.Eu sei que você não é normal.Então não me venha com clichês.
- Tudo isso só porque eu disse que te amo? - ele me fitou com o olhar confuso, tragando o cigarro forte de filtro vermelho.
- Você não me ama - eu disse sentando do lado dele - amor não é isso.A gente se dá bem, tem gostos parecidos, o sexo é bom, rimos o tempo todo.Você está apaixonado por mim.Amor é outra coisa.Não use essa palavra a toa, ela é poderosa.Você só conhece o amor quando conhece o mal que ele faz.Até agora a gente só se faz bem, tá tudo legal, sem nenhum erro, tudo novo.É paixão.Amor é quando tá tudo igual por meses e você ainda quer a pessoa pra você.
- Você fala como se soubesse tudo sobre isso.
- Isso o que?
- Amor - ele disse jogando o resto do cigarro no cinzeiro ao lado do colchão.
- Eu conheci os dois lados.Eu sei o que é amar uma pessoa mesmo depois que ela te magoa, sei o que é amar mesmo depois da briga mais feia do mundo.Sei como é amar alguém mesmo de longe e querer que esse alguém seja feliz, do fundo do coração, mesmo sabendo que ele está vivendo outras paixões por ai.O amor é isso.
O amor é você abrir mão da felicidade pra ver a felicidade de outra pessoa.
- Com o tempo então?
- Oi?
- Eu vou aprender o que é o amor com o tempo, é isso?
- Com o tempo e com as coisas ruins.Mas não se preocupe - eu o abracei - você tem a plena certeza quando a paixão vira amor.
- Você não vai acreditar se eu disser que já te amo, desde alguns dias atrás não é?
- Não.De jeito nenhum.
- Tá.Tudo bem - ele disse, me deitando na cama com as mãos no meu rosto - teremos tempo o suficiente para que isso vire amor.Ou tempo o suficiente para você acreditar que já é.
31.8.12
Remember me.
Para ouvir: Demais - Maysa
Talvez você não saiba ( e provavelmente não ficara sabendo) mas eu trabalho em uma escola com horários semi-flexíveis e programáveis, o que significa que os alunos marcam aula no horário que for melhor para eles (claro, dentro da grade da escola).O que significa que eu agora uso horas militares e trabalho com datas.E desde o final de agosto, não houve um dia, uma marcação de aula pra hoje que não me desse um nó na garganta.01/09/12.Por vezes,até coloquei 08 no final, só pra me sentir um pouco feliz.Hoje as lágrimas tem autorização para cair (porém, não caem)e nossas músicas estão tocando no mp3.Hoje me permito sofrer um pouco, depois de tanto tempo deixando tudo isso de lado na minha vida.
Seriam 4 anos e eu não consigo parar de pensar nisso e em você e em nós.E na falta que tudo isso faz, diariamente.Porque mesmo sendo difícil - e meu Deus, como era difícil – os momentos bons eram tão bons.E por algum motivos só eles ficaram.
01/09/08 me fez passar semanas sem dormir.Fez aquela frase de Nicholas Sparks ficar na minha cabeça a madrugada toda.(“Naquela noite, Noah não conseguiu dormir pensando na dor que sentiria se a perdesse novamente” )
Eu ficava lembrando das nossas risadas e do nosso beijo e de como me sentia especial quando estava nos seus braços.Eu ficava pensando em como isso tinha acontecido depois de tantos anos querendo aquele menino estranho de boné pra mim.
Desse dia em diante eu vivi os melhores e os piores dias da minha vida.Hoje só me lembro dos melhores.Porque o amor que eu senti por você foi tão grande que não deixou espaço nenhum para qualquer outro tipo de sentimento que não fosse a saudade.Lembro das viagens, das risadas, dos planos, do amor que a gente tinha (ele foi real, não foi? Ele REALMENTE existiu, não é?).Essas coisas boas.Sinto saudade de você príncipe.Do fundo da minha alma, eu sinto a sua falta.01/09/08.
Tanta coisa aconteceu nesses 4 anos.Eu me transformei em alguém que eu não gosto.Eu aprendi a viver sem você.Você não me fazia bem, mas e daí? O cigarro também não faz e eu tenho um maço sempre por perto (estou no filtro branco agora.Tentando parar a umas semanas, mas hoje também me permito um trago ou dois, só pra sobreviver).
Lembre-se de mim hoje, pelo menos um pouco.Lembre-se de como era bom estar comigo.Lembre-se do que fizemos um pelo outro e da certeza que tínhamos que isso duraria para sempre.Lembre-se da vontade que tínhamos que isso durasse.Lembre da primeira aliança, da primeira vez, da primeira viagem, da primeira noite na minha casa.Lembre-se de como era bom.Me ame um pouco, eu preciso disso.Pode ser indo para o trabalho ou dormindo, mas eu preciso sentir que você lembra o significado de 01/09/08.Eu vou lembrar pra sempre príncipe, mas to vivendo por ai.Qualquer dia a gente se encontra (eu espero).Seja feliz e obrigada por tudo.Você sempre vai ser o único.
20.8.12
Se for pra tudo dar errado...
Para ouvir:Se for pra tudo dar errado - Topáz
Porque deu tudo errado hoje e o bar perto do trabalho nunca foi tão convidativo quanto você está essa noite.Você riu quando me chamou pra ir beber (para mim ou de mim? Foda-se) e de repente fiquei com sede.Você tem esse poder mesmo, embora eu nunca vá admitir.
O lado bom de estar com você em um bar é saber que teremos um noite inteira juntos.Você faz algum comentário mesquinho sobre a bunda da garçonete, e eu finjo que acho alguma graça e dou uma gargalhada forçada com a mão esquerda no seu braço, fingindo achar graça quando na verdade é só pra disfarçar a vontade que eu tenho de estar com as mãos em você (de todos os jeitos imagináveis).A música é boa, como sempre é nesse bar e as pessoas na mesa riem de alguma piada que eu não prestei atenção, já que estava fingindo ignorar sua presença do outro lado da mesa e isso já dá trabalho o suficiente.
E antes que eu esteja preparada pra ficar sem você, a divisão de caronas está feita e por algum motivo sempre me empurram para o seu carro.Não que eu não goste, só é uma coisa que está ficando meio obvia e constrangedora, essa coisa de todo mundo achar que daríamos certo (embora eu saiba que daríamos mesmo) e querer nos colocar como casal.
Minha casa sempre é perto demais e você sempre se despede rápido demais.Porém por algum motivo, hoje você puxou papo sobre o CD novo daquela banda indie que eu pouco conheço e gosto menos ainda, e eu com pouquíssimo conhecimento da causa tento conduzir o assunto de um jeito interessante e as vezes um pouco engraçado para que você não durma ou morra de tédio.Dá certo e começamos a conversar sobre assuntos que eu sei mais, como ao campanha do meu time no campeonato ou sobre aquele musical antigo.E talvez tivéssemos ficado conversando muito mais se não fosse o carro de trás querendo sair.Obrigada moço, agora vem aqui e fala pra ele que eu sou uma garota legal, divertida e boa de papo, já que você não deixou eu mesmo fazer isso.
Mas você não vai embora, só coloca o carro em outra vaga e liga o rádio.
E ai você ri e diz que esse meu jeito durona é só tipo, e que percebeu isso no momento que eu me derreti olhando aquele cachorro de rua que passou quando nos falamos na porta do meu prédio pela primeira vez.E eu digo que você não tem como provar isso, já que até os corações de pedra amam animais, Hittler até tinha uma cachorro (quer dizer, ele tinha não é?Se não tinha deveria ter um, ao menos).Você teima dizendo que eu na verdade sou tão boba e romântica como todos de quem eu tiro o sarro no bar sagrado de terça a noite, e eu não discuto já que você é teimoso e fica completamente lindo quando acha que tem razão de alguma coisa.Ai o rádio ajuda e começa tocar a música que eu ouço quando penso em você no meio do dia (eu me permito fazer isso as vezes sabe, pra dar uma corzinha pra esse dia cinza que apesar de gostar, me enjoa um pouco as vezes) e você comenta que meu olho criou um brilho estranho.E eu só me pergunto quando você vai tirar as mãos do volante e me beijar com elas na minha nuca.
Essa hora nunca chega e se depender de mim nunca vai chegar.Você diz que já está tarde e amanhã vai trabalhar cedo, e eu pergunto se você não quer subir pra tomar alguma coisa, pedindo desculpas por não ter feito o convite antes, e mentindo dizendo que a idéia só foi me ocorrer agora (Quando na verdade eu estava pensando nisso o tempo todo, mas fiquei com medo de você encarar o convite como um toque de recolher) e para minha surpresa você aceita, dizendo que precisa ir no banheiro e que aceitaria um copo de água ou algo do tipo.
Acabamos nos acomodando no sofá e falando sobre tudo, parando um pouco pra prestar atenção no filme que está passando.
E ai de novo você me diz que ta tarde e precisa ir embora e eu te levo até a porta, querendo que por algum motivo o mundo tivesse acabado e você tivesse que ficar aqui comigo pra sempre.
Você me dá um beijo de despedida e me abraça, e enquanto isso eu penso que não sou sua prima pra você me dar um beijo quase na orelha e ir embora assim.Você fecha a porta e vai embora.
No caminho de volta para o sofá me sentindo a pessoa mais desinteressante do universo inteiro (até mais do que a senhora do 17c, já que ela está de namorado novo outra vez), eu ouço a campainha tocando e percebo que você esqueceu a chave do carro em cima da pia.Eu abro a porta com a chave nas mãos e você finalmente coloca as suas na minha nunca e me beija, de surpresa.Finalmente. Sussurra um ‘até amanhã’ no meu ouvido e vai embora com a chave do carro dessa vez.E leva tudo que deu errado no dia junto.Finalmente.
6.8.12
Amores plâtonicos.De longe, meus preferidos ♥
"- Sarah...Me diga exatamente há quanto tempo trabalha aqui.
- Dois anos, sete meses...três dias, e suponho quanto, duas horas?
- E há quanto tempo está apaixonada pelo Karl, nosso enigmático designer chefe?
- Hm... Dois anos, sete meses, três dias, e suponho, uma hora e meia.."
{Love Actually}
4.8.12
Sobre eu, você e Marcelo Camelo.
Para ouvir ao som de Marcelo Camelo.Qualquer música de qualquer cd.
- Não chora vai, não posso ver homem chorando.
Ele sorriu no meio das lágrimas.
-É que é foda sabe?
-Te entendo. Mas não chora.Toma, eu tenho lenço de papel na bolsa. Enxuga as lágrimas e olho na estrada.
Chovia. E chovia demais, o céu estava cinza e ninguém estava na estrada. O rádio tocava alguma música que eu não conseguia prestar atenção. Aliás, não estava prestando atenção em muita coisa, embora estivesse bem ciente dele ali, com aquele perfume que gruda no nariz, na roupa e em todo lugar.
- Eu vou ligar pra ela – ele disse pegando o celular.
- Não vai ligar pra ninguém – eu peguei o celular da mão dele e sentei em cima – olho na estrada. Quero chegar viva.
Ele ficou quieto e voltou a dirigir. E ficou em silêncio. Às vezes, limpava uma lágrima. Comecei prestar atenção na música e percebi que ela fazia todo sentido.(Meu amor é teu, mas dou-te mais uma vez).
Os pingos da chuva batiam no vidro com força. A chuva estava começando a ficar assustadora e barulhenta. E ele não falava nada. Pela sua cara, por dentro ele chovia mais do que lá fora.
O silencio já durava quase meia hora.Eu não tinha nada de bom pra falar.Ele também não.Marcelo Camelo falava por nós dois naquele carro (As vezes eu só quero descansar.... desacreditar no espelho,ver o sol se pôr vermelho).
- Sem sol –eu disse, meio sem esperanças dele continuar o assunto.
- A única coisa vermelha no raio de 14 km é você - ele finalmente falou.A voz parecia melhor.
- Pensa que é o sol se pondo.Pensa que eu sou seu sol.
(Acho graça que isso sempre foi assim.Mas você me chama pro mundo, e me faz sair do fundo de onde eu tô de novo.)
- Você chama pro mundo e me faz sair do fundo de onde eu tô de novo.Camelo fez essa música pra você? – ele sorriu, provocando.Sempre fazia isso.
- Pra nós – eu sorri e olhei pra ele.
Ele não tirou os olhos da estrada e não sorriu.Camelo continuou falando por nós. (Tudo que eu fizer vai ser pra ver aos olhos dela...vai sobrar carinho se faltar estrada ou carnaval...)
- Vai sobrar carinho se faltar estrada ou carnaval – eu cantarolei junto.
Ele sorriu.
- Estrada não vai faltar.Ainda vamos demorar pra chegar.
Sempre odiei andar de carro, mas naquele momento, eu estava bem.Em paz, sentindo o perfume dele e ouvindo música boa.Não precisava de mais nada.Poderiamos ficar naquele carro pra sempre.
- Não tem problema.
A chuva parou e inesperadamente o sol apareceu meio tímido e rosado no horizonte.
( Eu vim mas trouxe o sol)
- O sol.
- Eu vim mas trouxe o sol – eu sorri – tenho sorte com essas coisas.
Coloquei o celular dele no porta luvas.
- Esquece isso aqui.Por um tempo.Hoje você vai ter paz.
O silencio continuou até entrarmos em uma ruazinha esburacada e pararmos em frente uma casa antiga.
- Chegamos – ele disse parando o carro e me olhando - Rancho de família.
Havia uma placa no portão onde se lia ‘Rancho Minas Gerais”.Eu sorri e peguei na mão dele.Como se quisesse falar "força, a vida continua" mas na verdade pensando "você tem que ficar bem menino, pra/por mim".
Camelo conclui no rádio. (Se encontrar algum destino para solidão tamanha.Se faltar a paz,
Se faltar a paz, Minas Gerais.)
- Se tiver carinho, ninho – ele cantarolou quando entramos em casa e colocou a mala dele em cima da cama de um dos quartos.
Eu entrei no quarto do lado e fiz a mesma coisa.
- Se tiver vontade, chama – eu sorri.
Ele veio e me abraçou.Um abraço tão forte e tão apertado.
- Você vai ficar bem.Se faltar a paz, Minas Gerais – eu sorri e dei um beijo no rosto dele.
Você vai ficar bem.E eu te amo.
(Cada qual para o seu canto,cada um pro seu lugar nenhum (...)Não há razão pra sermos dois (...)Mas vai, razão, me diz porquê,por quê razão? Por quê nenhum...Pois não, razão, me diz que não.Mas há razão pra sermos dois em um).
31.7.12
Velha amiga Saudade.
Para ouvir: Por onde anda você - Vinícius de Moraes
Oi Saudade! Tudo bem?Quanto tempo você não aparece aqui... Quem é vivo sempre aparece né? Mas ei, volta aqui, eu não te convidei para entrar.Mas já que entrou mesmo ,você não vai demorar muito né?É só uma visita pra uma velha conhecida, para saber como andam as coisas,não é mesmo?
Não fique toda magoada, nós fomos sim melhores amigas durante o que, um ano? Mas deu, Saudade.A tua amizade nunca me fez muito bem.Você sabe, quando estávamos juntas, eu vivia chorando e sem vontade pra nada.Fiquei verdadeiramente feliz quando você foi comprar cigarros y no volvio.E foi um tempo legal, embora meio conturbado e estranho.Eu não estava sentindo sua falta, evitava tocar no teu nome com medo que você ouvisse e decidisse voltar para dormir e acordar comigo de novo.Pois é, como você pode ver , minha hospitalidade com você acabou.Mas já que você tá aqui, fica mais um pouquinho... porque você é a única certeza de que tudo foi verdade um dia.Não ria da minha cara sua mau educada... depois de todo esse tempo sem toca-lo, falar ou sequer vê-lo, minha mente tá começando a acreditar que tudo isso foi um delírio meu.Mas não foi não é saudade?Aconteceu mesmo não é?Nós existimos mesmo, não é verdade?
Se eu tenho visto o Medo? Ah sim, esse está aqui sempre.Ele vive saindo comigo, principalmente quando eu saio com alguém interessante.O Medo é um amigo presente.A Solidão? Tá bem, firme e forte.Nos falamos todos os dias, ela continua com aquele jeito sarcástico sabe?Rindo da nossa cara.Agora deu pra ficar amiguinha do medo também e eu tô começando a achar que nunca mais vou achar ninguém que faça eu ficar verdadeiramente feliz com uma ligação de bom dia.Nunca mais tipo, morrer sem isso.E ai só vai me restar você Saudade.
Mas enfim, como você pode ver, estou bem sem você.Termine seu café e vá embora.Não fique magoada, é melhor pra nós duas essa distancia... porque quando você tá perto, eu só penso em um jeito de te matar.Alias, aproveita que você já tá indo embora, e leva a Solidão junto.Com o Medo eu me entendo.Tchau Saudade.Uma visita rápida não faz mal, pode vir me visitar as vezes, desde que vá embora tão rápido quanto está indo agora.
21.7.12
O que acontece na praia fica na praia - (fim.)
Para ouvir : King of pain - Alanis Morissette
Acordei um tempo depois, com ele ao meu lado, dormindo. Tão lindo, e calmo.Tudo estava meio surreal e eu não conseguia distinguir a realidade.E ai eu ouvi barulho na casa.
- Chegou gente – ele disse sem abrir os olhos.
-Vish.
Ele se levantou, se vestiu e como se nada tivesse acontecido, ligou a televisão e deitou do meu lado. Eu coloquei a roupa e fui ao banheiro lavar o rosto.
Enquanto tentava desembaraçar os nós do cabelo, ouvi a voz do Guto no quarto.
- Pequena... Ah, oi Caetano. A Ana tá melhor?
- Tá sim cara – ele disse com a maior calma e naturalidade do mundo – eu coloquei ela no banho quando cheguei e a febre baixou. Ela dormiu e eu acabei pegando no sono também, por isso nem voltei lá pra praia.
- Ah... tá beleza... A gente tá começando a arrumar as coisas... Se puder vem dar uma força.
-Beleza cara, to indo já.
Ouvi a porta fechando. Sai do banheiro e ele olhou pra mim e sorriu.
- Tá tudo certo. Você tá melhor né? Vou lá ajudar eles a arrumarem a bagunça.
Eu ia dizer “ok” e não sair da porta do banheiro. Eu ia falar “tá, ai lá” e fingir que o que tinha acontecido não foi nada, eu ia sair do quarto com cara de doente e falar que eu acabei de acordar.Eu ia mesmo.Mas alguma força maligna me fez dar dois passos até ele e o beijar.Assim, do nada, como se fosse a coisa mais normal do mundo.
- Vai lá – eu o abracei.
- Ãhn... Ana? Posso te pedir uma coisa?
- Pode sim - o soltei e dei um passo para trás.
- É... Não comenta o que aconteceu não tá?Pra não ficar um clima estranho com ninguém, não ficar estranho com o Guto, não atrapalhar no serviço... É como dizem, “o que acontece na praia fica na praia”.
Ele me deu um beijo sem gosto na boca e saiu do quarto. E ai eu não posso explicar o que senti na hora, se mais ódio dele, ou mais ódio de mim, ou mais nojo dele ou nojo de mim por deixar isso acontecer quando eu até sabia que ele não vale nada.Quer dizer, ele enfiou isso na minha cara o final de semana inteiro, que não presta, que não é legal, e ai ele chega um dia e só porque se mostra um pouco preocupado eu vou pra cama com ele.Eu sou uma idiota.
Assim que ele saiu eu senti que começaria chorar, mas me segurei. Não hoje, não dessa vez, não nesse quarto e nem por esse cara.Não valia a pena.Peguei o celular que estava dentro da gaveta o final de semana todo, coloquei uma música pra tocar e acendi o cigarro.Não agora Ana.Em casa Ana.
Comecei a arrumar as malas tentando ignorar que alguns momentos antes, o Caetano, aquele, do trabalho, lindo e com as camisas xadrez mais lindas do mundo estava naquele quarto comigo. E tentar esquecer que ele era um idiota completo.
Ai o Guto entrou no quarto.
- Você tá melhor Ana?
Hum, Ana.
- Tô sim Guto... Obrigada por se preocupar.
- Tá- ele olhou ao redor – já estamos quase acabando de arrumar as coisas. Você tá com seu carro né? Então não vou te oferecer carona.
- Não precisa, eu vim sozinha no carro, mas se quiser eu deixo alguém em casa.
- Não, não preciso – ele disse sentando na cama – eu levo. Ana, posso te fazer uma pergunta?Que alias, nem é uma pergunta, posso constatar uma coisa?
- Claro que pode Guto – traguei devagar, esperando ele perguntar o que eu já sabia o que ele perguntaria. Ele me conhece.Sabe quando eu to segurando choro ou algo do tipo.
- Você e o Caetano... – ele procurava palavras pra perguntar mexendo em um fio solto do edredom – quer dizer, rolou né? Ele me disse que você dormiu e ele também acabou pegando no sono, mas eu sei o que vem antes dessa parte... Então, pode falar pra mim, juro que fica entre nós. Rolou alguma coisa né?
- Aham – eu disse sentindo um soco no estomago. Queria chorar.Queria deitar no colo dele e chorar e fazer drama (porque é isso que eu sei fazer de melhor) e sentir o mundo acabar e o que ele me disse doer de novo.Mas não podia.Eu fiz, não fiz?Foi bom, não foi?Aguente as consequências agora Ana. Sozinha – mas não foi nada de mais...Sabe, carência de um lado, ego ferido do outro... Ai rolou.
- Mas você tá bem?
- Sim – eu menti – porque não estaria?
- Sei lá... Esse cara é meio escroto... Ele chegou na Julia antes de vir pra cá, ela deu um fora e ele saiu todo nervosinho.Por isso ninguém veio atrás, porque ele tava puto.Mas enfim, se você tá bem, tudo bem.Vou colocar as malas no carro.
Ele saiu do quarto com a cara mais decepcionada do mundo e isso acabou comigo de vez. Sem choro.Terminei de arrumar as malas, a cama, e sai do quarto.
Todos já estavam prontos, a casa arrumada e as malas no carro. Eu disse que estava melhor umas 25 vezes, agradeci todo mundo pela viajem, sussurrei no ouvido da Julia que depois queria falar com ela, dei um abraço apertado no Guto e menti, falando que tinha que chegar em casa mais cedo para levar minha mãe para um lugar que eu não lembrava onde era.O Caetano veio me cumprimentar por ultimo, me deu um abraço, disse com o tom risonho ‘marcaremos mais coisas juntos’ e mordeu a minha orelha, disfarçadamente (se é que isso é possível).
Eu entrei no carro e sai o mais rápido que pude. Dirigi sem chorar por quase 20 minutos, mas ai, quando o rádio começou a tocar “Dig a pony”,música que sempre embalou minhas piores fossas, o choro veio.
Não era bem tristeza, era ódio e nojo.Não chovia, o céu estava azul e com poucas nuvens.O sol também não esquentava, mas u pouco me importava com o clima.E eu subi a serra chorando, copiosamente.Um motoqueiro do meu lado perguntou se eu estava bem .Um senhor me perguntou se eu precisava de ajuda.Não preciso moço.Só preciso pegar meu amor próprio, que ficou lá na praia.Como toda a merda que aconteceu esse final de semana.
Acordei um tempo depois, com ele ao meu lado, dormindo. Tão lindo, e calmo.Tudo estava meio surreal e eu não conseguia distinguir a realidade.E ai eu ouvi barulho na casa.
- Chegou gente – ele disse sem abrir os olhos.
-Vish.
Ele se levantou, se vestiu e como se nada tivesse acontecido, ligou a televisão e deitou do meu lado. Eu coloquei a roupa e fui ao banheiro lavar o rosto.
Enquanto tentava desembaraçar os nós do cabelo, ouvi a voz do Guto no quarto.
- Pequena... Ah, oi Caetano. A Ana tá melhor?
- Tá sim cara – ele disse com a maior calma e naturalidade do mundo – eu coloquei ela no banho quando cheguei e a febre baixou. Ela dormiu e eu acabei pegando no sono também, por isso nem voltei lá pra praia.
- Ah... tá beleza... A gente tá começando a arrumar as coisas... Se puder vem dar uma força.
-Beleza cara, to indo já.
Ouvi a porta fechando. Sai do banheiro e ele olhou pra mim e sorriu.
- Tá tudo certo. Você tá melhor né? Vou lá ajudar eles a arrumarem a bagunça.
Eu ia dizer “ok” e não sair da porta do banheiro. Eu ia falar “tá, ai lá” e fingir que o que tinha acontecido não foi nada, eu ia sair do quarto com cara de doente e falar que eu acabei de acordar.Eu ia mesmo.Mas alguma força maligna me fez dar dois passos até ele e o beijar.Assim, do nada, como se fosse a coisa mais normal do mundo.
- Vai lá – eu o abracei.
- Ãhn... Ana? Posso te pedir uma coisa?
- Pode sim - o soltei e dei um passo para trás.
- É... Não comenta o que aconteceu não tá?Pra não ficar um clima estranho com ninguém, não ficar estranho com o Guto, não atrapalhar no serviço... É como dizem, “o que acontece na praia fica na praia”.
Ele me deu um beijo sem gosto na boca e saiu do quarto. E ai eu não posso explicar o que senti na hora, se mais ódio dele, ou mais ódio de mim, ou mais nojo dele ou nojo de mim por deixar isso acontecer quando eu até sabia que ele não vale nada.Quer dizer, ele enfiou isso na minha cara o final de semana inteiro, que não presta, que não é legal, e ai ele chega um dia e só porque se mostra um pouco preocupado eu vou pra cama com ele.Eu sou uma idiota.
Assim que ele saiu eu senti que começaria chorar, mas me segurei. Não hoje, não dessa vez, não nesse quarto e nem por esse cara.Não valia a pena.Peguei o celular que estava dentro da gaveta o final de semana todo, coloquei uma música pra tocar e acendi o cigarro.Não agora Ana.Em casa Ana.
Comecei a arrumar as malas tentando ignorar que alguns momentos antes, o Caetano, aquele, do trabalho, lindo e com as camisas xadrez mais lindas do mundo estava naquele quarto comigo. E tentar esquecer que ele era um idiota completo.
Ai o Guto entrou no quarto.
- Você tá melhor Ana?
Hum, Ana.
- Tô sim Guto... Obrigada por se preocupar.
- Tá- ele olhou ao redor – já estamos quase acabando de arrumar as coisas. Você tá com seu carro né? Então não vou te oferecer carona.
- Não precisa, eu vim sozinha no carro, mas se quiser eu deixo alguém em casa.
- Não, não preciso – ele disse sentando na cama – eu levo. Ana, posso te fazer uma pergunta?Que alias, nem é uma pergunta, posso constatar uma coisa?
- Claro que pode Guto – traguei devagar, esperando ele perguntar o que eu já sabia o que ele perguntaria. Ele me conhece.Sabe quando eu to segurando choro ou algo do tipo.
- Você e o Caetano... – ele procurava palavras pra perguntar mexendo em um fio solto do edredom – quer dizer, rolou né? Ele me disse que você dormiu e ele também acabou pegando no sono, mas eu sei o que vem antes dessa parte... Então, pode falar pra mim, juro que fica entre nós. Rolou alguma coisa né?
- Aham – eu disse sentindo um soco no estomago. Queria chorar.Queria deitar no colo dele e chorar e fazer drama (porque é isso que eu sei fazer de melhor) e sentir o mundo acabar e o que ele me disse doer de novo.Mas não podia.Eu fiz, não fiz?Foi bom, não foi?Aguente as consequências agora Ana. Sozinha – mas não foi nada de mais...Sabe, carência de um lado, ego ferido do outro... Ai rolou.
- Mas você tá bem?
- Sim – eu menti – porque não estaria?
- Sei lá... Esse cara é meio escroto... Ele chegou na Julia antes de vir pra cá, ela deu um fora e ele saiu todo nervosinho.Por isso ninguém veio atrás, porque ele tava puto.Mas enfim, se você tá bem, tudo bem.Vou colocar as malas no carro.
Ele saiu do quarto com a cara mais decepcionada do mundo e isso acabou comigo de vez. Sem choro.Terminei de arrumar as malas, a cama, e sai do quarto.
Todos já estavam prontos, a casa arrumada e as malas no carro. Eu disse que estava melhor umas 25 vezes, agradeci todo mundo pela viajem, sussurrei no ouvido da Julia que depois queria falar com ela, dei um abraço apertado no Guto e menti, falando que tinha que chegar em casa mais cedo para levar minha mãe para um lugar que eu não lembrava onde era.O Caetano veio me cumprimentar por ultimo, me deu um abraço, disse com o tom risonho ‘marcaremos mais coisas juntos’ e mordeu a minha orelha, disfarçadamente (se é que isso é possível).
Eu entrei no carro e sai o mais rápido que pude. Dirigi sem chorar por quase 20 minutos, mas ai, quando o rádio começou a tocar “Dig a pony”,música que sempre embalou minhas piores fossas, o choro veio.
Não era bem tristeza, era ódio e nojo.Não chovia, o céu estava azul e com poucas nuvens.O sol também não esquentava, mas u pouco me importava com o clima.E eu subi a serra chorando, copiosamente.Um motoqueiro do meu lado perguntou se eu estava bem .Um senhor me perguntou se eu precisava de ajuda.Não preciso moço.Só preciso pegar meu amor próprio, que ficou lá na praia.Como toda a merda que aconteceu esse final de semana.
20.7.12
O que acontece na praia fica na praia - part VII
Para ouvir: Me and Mrs,Jones - Amy Winehouse
Consegui relaxar depois de um tempo e percebi que o frio tinha diminuído um pouco.Sai da banheira, e me troquei.Quando abri a porta do banheiro ele estava lá, em pé.Me pegou no colo e me levou até a cama.
- Não pisa no chão gelado depois de sair do banho, você já não ta bem.
Ele me deitou ,me cobriu e deitou do meu lado.Assistia algum programa ruim de domingo na televisão, que pouco me importava.Eu percebi que ele também tinha tomado banho nesse tempo, estava sem areia no corpo e com cheiro de shampoo.Com uma camisa xadrez e uma bermuda leve, tão lindo que quase passava minha febre só de olhar pra ele.
- Você ta melhor?
- Um pouco.
- Eu vou ficar aqui com você – ele disse se aproximando um pouco – tenta dormir, você vai acordar melhor.Tá com sede? Eu sempre tenho sede quando to com febre.
- Não, eu to legal – disse virando pra ele – pode voltar pra praia se quiser.
- Eu já disse que vou ficar aqui.Passou a briza de praia agora também- ele colocou a mão na minha testa - parece que sua febre ta baixando.Tenta dormir.
Não consegui nem debater; logo peguei no sono.Acordei com a sensação que tinha dormido por séculos, e ele ainda estava do meu lado, lendo um dos meus livros.O frio tinha passado, e eu estava com sede.
- Que bom que você acordou – ele disse soltando o livro – ta melhor?
- Com sede – eu admiti com vergonha.
- Eu sabia – ele sorriu e me deu um copo de água que estava do lado da cama – seu desejo é uma ordem.
Tomei tudo em um gole só.
- Você quer mais?Eu vou buscar.
- Não precisa.Obrigada.
Silêncio.Ele deitou e ficou de frente pra mim.
- Ta, estamos aqui.Vamos conversar.Me conte sobre o coração.Como ele está.
Sempre me testando.
- Agora? Ta acelerado.
ISSO ANA, PARABÉNS,PORQUE NÃO FALA QUE A CULPA É DELE TAMBÉM?
- Porque?
- Sei lá.
- O meu também ta.
Ai caralho.
- Porque?
- Sei lá.
Eu sorri e percebi um clima estranho e logo percebi: estávamos sozinhos em casa.Na cama.Mas não ia rolar nada né?Somos amigos, não somos?
- Você é bonita.Nunca tinha reparado nisso.
Levo isso como um elogio?
- Obrigada.Você também, é bem bonito até.
- “Bem bonito até” – ele riu e virou o rosto para o teto – engraçado, ninguém veio ver porque eu to demorando tanto.
- Nem o Guto.
- Eu estava me referindo a ele mesmo.
- Loira de biquíni – eu disse rindo.
- Não sei... – ele virou pra mim de novo – ele parecia preocupado mesmo com você.
- Não estava.Eu conheço o Guto, é só carência, ou necessidade de cuidar.Logo passa.
- Mas não rolaria nada entre vocês mesmo?
- Se me perguntasse isso a uns 10 anos atrás ...– eu ri – mas hoje não.Hoje ele é um irmão mais velho.Só isso.
Silencio.
- Eu acho que o cara é louco por você.Na boa.
- Ninguém é louco o suficiente a ponto de ser louco por mim Caetano – eu disse sentando na cama.
- Eu duvido- ele constatou, em voz baixa, como se fosse pra si mesmo - Você ta com frio? – se sentou também – quer mais algum cobertor?
- Não, to melhor – senti um clima tenso.De repente, era obvio que aconteceria alguma coisa ali.Sabe quando dá um ‘click’ e seu coração acelera?Pois é.Ele ficou olhando pra mim por um tempo e eu sorri sem jeito.E ai ele me beijou.
E era o beijo mais perfeito do mundo, com gosto de pasta de dente e cheiro de banho recém tomado.Meu cérebro não funcionava mais, meu estomago não existia, minhas pernas formigavam e minhas mãos, nem sei onde estavam.Eu estava beijando ele.Ele, por algum motivo na face da terra, me beijou.Talvez tenha fetiche por mulher doente, ou tenha tomado um fora da Júlia, ou algo do tipo.Estava lá me beijando.E eu não queria que aquele beijo acabasse nunca, por medo dele perceber o que estava fazendo e fosse pra praia de novo.Mas ele não parava.E eu também não.
Foi quando eu percebi que estávamos deitados em uma cama e sozinhos em casa.E ai, de ‘alegria instantânea de ficar com o cara que eu sou completamente afim’ passei para ‘ eu paro isso tudo ou deixo continuar?”
Mas percebi que não existia a opção de ‘parar isso tudo”, era tarde demais.O toque dele dava choque, cada lugar que a mão dele tocava formigava.Eu estava sem ar simplesmente como beijo dele, e por mais que fosse ‘errado’ eu não queria sair daquela cama tão cedo.Mas, eu não estava fazendo nada errado não era? Eu não namoro, ele não namora,estamos sozinhos em casa e já somos bem grandinhos e sabemos o que estamos fazendo.Ou o que vamos fazer.
Foi inevitável, com toda a química que tivemos.Podia não ser obvio enquanto conversávamos, mas ela ficou evidente no toque.Ele fazia exatamente o que eu pensava sem eu nem precisar falar.Parecia que o mundo fazia sentido enquanto eu estava naquela cama.A cabeça não parava um segundo, e eu não pensava mas em parar.Deixa continuar.O que acontece na praia fica na praia, não é mesmo? Eu só não sei se quero que isso fique só por aqui.
19.7.12
O que acontece na praia fica na praia - part VI
Para ouvir: Time After Time - Cyndi Lauper
Para alegria de todos, o dia amanheceu com sol. Não AQUELE sol, mas você sabe como paulista é quando está na praia : qualquer solzinho amarelo serve. Ainda mais sendo domingo, ultimo dia que ficaríamos na casa.
Acordei com o quarto com luz amarela e fiquei animada, mas assim que coloquei o pé no chão percebi que não estava bem. Parecia que um piano tinha caído em cima da minha cabeça, e eu senti tanto frio que minha boca começou a tremer.
Coloquei uma das mil blusas que tinha levado e sai do quarto com um cobertor nas costas.
-Bom dia bela adormecida! – gritou o Guto assim que sai do quarto – já estava indo te acordar. Vamos, coloca seu biquíni e vamos pra praia.
- Não tô no clima Guto – eu disse sentando em uma das cadeiras na cozinha – podem ir, vou comprar um remédio e tomar, se melhorar eu encontro vocês tá?
- O que você tem Ana? – perguntou Marcela saindo do banheiro só com a parte de cima do biquíni e um shorts mais parecido com um cinto. Senti frio só de olhar pra ela.
- Acho que tô com febre...
- Ela sempre tem isso quando vem pra praia – Guto disse levantando do sofá e colocando um sapato – vou na farmácia comprar teu remédio. Continua o mesmo de sempre?
- Sim. Pega dinheiro na minha carteira.
- Relaxa pequena – ele se aproximou e me deu um beijo na testa – já volto.
Ele saiu pela porta e eu não consegui contar até 2 para ouvir o coro de ‘1mmmmmmmmmmmmmm’ de todos os presentes. Eu senti o sangue no rosto e fui procurar leite na geladeira.
- Parece que seu ‘caso antigo’ é bem preocupado com você.
Caetano. Ai Caetano. Você tem problemas.
- Papel de amigo de infância.
-Então você nem vai pra praia hoje com a gente?- ele disse fingindo procurar algo na gaveta da pia.
- Não dá – eu disse indo para pia colocar achocolatado no meu leite- se eu melhorar vou mais tarde.
-Que pena – ele disse ficando na minha frente, mas ainda com um dos braços na pia – seria legal te ver de biquíni.
Se virou e foi embora. Pra que ser tão louco? E pra que ser tão lindo?
Alguns minutos depois o Guto voltou com o meu remédio. Todos já estavam prontos para ir pra praia, só eu deitada no sofá com dois cobertores assistindo desenho.
- Podem ir, eu vou ficar aqui com a Ana – disse o Guto sentando no sofá.
- Mas nem por decreto – eu disse me sentando rápido demais, o que acabou me deixando meio tonta- ai. Vai pra praia Guto. Vá ver garotas. Isso é uma ordem.
- Eu não vou pequena - ele se ajeitou no sofá – vou ficar com você.
Senti o risonho olhar do Caetano para mim.
- Vai Guto, sério. Eu vou ficar vendo desenho, depois vou dormir um pouco. Se acordar melhor eu vou encontrar vocês.Agora vai.Se diverte por mim. Alias, vão logo vocês, aproveitem que são jovens e cheios de saúde, essa minha época já passou. Qualquer coisa eu apareço por lá mais tarde.
Por fim todos concordaram. Me comprimentaram com beijos abraços e ‘melhoras’, e eu brinquei falando que estaria viva quando eles voltassem, não precisavam se despedir. Caetano me deu um abraço e sussurrou no meu ouvido ‘apareça de biquíni, por favor.” E foi embora.
Fiquei assistindo desenho e cai no sono no sofá mesmo. Um tempo depois acordei com mais frio ainda, e um pouco de enjôo. Peguei outro cobertor no quarto e tomei o remédio de novo. Acabei pegando no sono outra vez e acordei com a porta da frente batendo.
- Você tá melhor? – eu ouvi de um cômodo da casa.
A dor de cabeça estava tão grande que eu não consegui abrir os olhos pra ver quem era.Só gemi um ‘uhum’ e coloquei a cabeça no travesseiro de novo.
- Você tá melhor? – a voz estava mais perto. Senti uma mão gelada na minha testa- caramba Ana, você tá queimando de febre. Tomou seu remédio?
Gemi outro ‘uhum’ ainda não distinguindo a voz. Era um homem, mas não era o Guto (a mão dele nunca era gelada, e ele voltou com essa de me chamar de ‘pequena’), então sobrava o Beto ou o Caetano. Então por eliminação ficamos com Beto, porque por que diabos Caetano estaria aqui?.
- Beto, eu tô bem, pode voltar pra praia– eu tentei falar, mas a garganta dava sinais que estava falhando também.
- Vish, já tá delirando.Sou eu, o Caetano.
O que diabos esse homem tá fazendo aqui?
- O que você tá fazendo aqui? –pergunto sem tirar cabeça do travesseiro e forçando a garganta.
- Eu vim pegar a carteira que tinha esquecido.Mas agora não dá pra te sozinha aqui, você ta ardendo em febre, pode convulsionar.Vai tomar um banho gelado agora.
- Caetano volta pra tua praia e me deixa eu paz – eu disse.Já não basta você não me querer, agora quer ficar aqui bancando meu pai? Pfvr né menino.
- Não Ana, eu to preocupado de verdade.É sério, você já tomou remédio e a febre não baixou, você não é mais criança, não agüenta febre alta.Vai pro banho.E depois vai pra cama, eu vou arrumar lá pra você.Vem, eu te ajudo.
Ele me pegou no colo, assim, como se não fosse nada.Eu senti o cheiro de água do mar, cheiro que eu sempre odiei, mas que ficava tão bom na pele dele.Ele estava sem camisa, senti a pele quente.Clichê, mas é verdade.
- Você ta muito quente mesmo Ana.Seu quarto tem banheiro né?Tem banheira lá?
Segurei as piadinhas sobre a observação de ‘ser muito quente’ e balancei a cabeça afirmando a pergunta da banheira.Senti ele me colocando na cama.
- Fica ai rapidinho, vou encher a banheira.
Estava muito frio, e eu estava sentindo que desmaiaria a qualquer momento.Ouvia meu coração latejando na cabeça, um pouco pelo frio, um pouco pela dor, um pouco pela proximidade do Caetano, um pouco pela raiva de tudo isso.Eu tremia de frio e só queria um cobertor ou ele me esquentando.
- Agora vai pro banheiro Ana.
- Deixa eu dormir – eu disse gemendo (e fazendo um pouco de manha.Mulher adora fazer manha).
- Sério, vai.Eu te jogaria na banheira, mas não sei se você trouxe outras blusas.Levanta vai.Não me faça tirar sua roupa.
Não seria má idéia.
Levantei e fui para o banheiro, sentindo mais frio do que eu achei que fosse possível.Ele foi atrás e fechou a porta.Tirei a roupa batendo os dentes e entrei na banheira.A água não estava de todo gelada, parece que ele tinha ficado com dó de mim e deixado ela um pouco morna.A sensação não era boa, mas eu sabia que era pro meu bem.Ouvi o barulho da cama e o som da tv ligada.Tentei relaxar na água, mas o frio não deixava, e meu pensamento estava na cama, junto com ele.Porque ele está fazendo isso? Podia ter voltado pra praia, com as meninas de biquíni, a Júlia e tudo mais.Por que está aqui, cuidando de mim?Nem somos tão amigos assim, não é?
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